segunda-feira, 9 de setembro de 2013

SETE DE SETEMBRO: REPRESSÃO EM TODO O BRASIL!


O dia 7 de setembro de 2013 foi um dia de luta no Brasil. Cerca de 40 cidades ao redor do país se levantaram duramente contra os governos municipais, estaduais e federal. Os enfrentamentos com a polícia lembraram os momentos mais radicalizados das jornadas de Junho e a truculência policial chegou a níveis ainda mais alarmantes. Nós, da Juventude Às Ruas, queremos compartilhar algumas das experiências que tivemos nesse dia e refletir sobre alguns pontos para que avancemos nas mobilizações e construamos novas jornadas de luta em Setembro.
Em São Paulo, o dia começou com o Grito dos Excluídos, tradicional marcha convocada por setores da Igreja, movimentos sociais e da esquerda, e terminou com dezenas de jovens e trabalhadores presos pela polícia militar. Entre diversos atos espalhados pela cidade, desde desfiles cívico-militares até manifestações que questionam a repressão estatal, o feriado paralisou a cidade paulista.
A partir da conformação de um ato organizado principalmente pelos Black Bloc’s, centenas de jovens se colocaram às ruas para lutar contra a repressão policial, contra o genocídio nas periferias, contra os privilégios dos de cima, contra a Copa da FIFA, por melhorias na saúde, educação e transporte e foram duramente reprimidos. Foi um ato que deu um novo fôlego às mobilizações e infelizmente em São Paulo setores da esquerda (Juntos/PSOL e PSTU) decidiram não construí-lo.
Das 525 detenções (até onde sabemos) ocorridas hoje, cerca de 41 aconteceram em São Paulo e foram fruto direto da truculência da polícia. Estivemos no 1º DP para nos solidarizarmos com seis dos companheiros presos por lutar, onde presenciamos a expulsão de seus advogados por parte do delegado de polícia, que ficou sozinho com eles para interrogá-los. Estes seis, dentre eles um menor de idade, podem ser indiciados por tentativa de homicídio, processo inédito em manifestações. Nem em Junho vimos tais acusações. Que ocorreram, aliás, no mesmo dia em que um Policial Militar disparou tiros de arma letal, sem que isso sim seja considerado tentativa de homicídio. Dois repórteres foram atingidos (um deles encontra-se no hospital, com um tiro de raspão no queixo, e outro com ferimentos causados por estilhaços). Dois manifestantes foram atropelados por viaturas da Polícia Militar, que cortavam o centro da cidade em uma densa demonstração de força repressiva. Os vídeos seguem na internet, enquanto as grandes mídias deixam de veicular as formas de violência mais brutais da polícia. Em Brasília, a PM chegou a soltar cachorros contra os jornalistas! As bombas de gás lacrimogêneo, as balas de borracha, os sprays de pimenta, os cassetetes, ou seja, os mecanismos de repressão, já não servem mais para frear as mobilizações de rua e cada vez mais a polícia mostra sua verdadeira face.
Episódios como esses, de brutal repressão, repetiram-se em diversas cidades e capitais brasileiras, contra mais de dois mil manifestantes em São Paulo e cerca de 20 mil em todo o país, segundo a grande mídia. Mas não nos surpreendamos! A violência que aparece agora contra todos aqueles que se levantam é a mesma que ocorre diariamente nas periferias de todo o país há décadas. A polícia de São Paulo é a que mais mata no mundo (de acordo com dados da ONU). Sistematicamente assassinando a população pobre e negra nas favelas, a mesma que historicamente é marginalizada da sociedade e que ocupa os postos de trabalho mais precários.
Essa é a mesma polícia que reprime greves de trabalhadores no país há anos. Os operários da construção civil de Belo Monte e Jirau, por exemplo, paralisaram as obras do PAC em 2011 (por melhorias nas condições de trabalho) e foram submetidos a um verdadeiro campo de concentração por parte da Força de Nacional de Segurança, de Dilma. As forças repressoras do Estado, cada vez mais questionadas, escancaram seu papel de classe, na manutenção da propriedade privada e privilégio de pouquíssimos indivíduos. Foram as UPP’s de Cabral que desapareceram com Amarildo! Isso nos leva a defender a dissolução de todas as polícias que, por dentro desse sistema, baseado na exploração de muitos para o lucro de poucos, numa sociedade dividida em classes, continuarão cumprindo o mesmo papel, reprimindo, violentando e assassinando cotidianamente os que estão à margem da sociedade.
Nesse sentido, as organizações e partidos de esquerda, os sindicatos, as entidades estudantis, a juventude e os trabalhadores do Brasil têm uma tarefa importantíssima: defender seus lutadores presos, lutar contra a repressão policial do Estado e fazer ecoar as vozes de todos os oprimidos do país e do mundo afora. Queremos nos forjar como uma juventude que pense como superar esse sistema que não nos dá nenhuma perspectiva para o futuro e que nos explora cotidianamente. Que pense em como acabar com as mazelas impostas à juventude e aos trabalhadores. Mas que não apenas pense, e sim que seja sujeito ativo do processo de superação delas. E é por isso que achamos que as mobilizações de rua, combativas e radicalizadas, são importantes chaves do processo, mas que não são suficientes para organizar a juventude e os trabalhadores na luta contra a polícia e os governos, pois não atacam diretamente os lucros dos empresários. Não basta apenas pararmos o trânsito das cidades, é necessário parar a produção e circulação de mercadorias! Pelo papel que cumprem, de produzir tudo em nossa sociedade, apenas os trabalhadores podem atacar diretamente o bolso dos grandes capitalistas, colocar a burguesia de joelhos e organizar a produção a serviço das necessidades de todos. É com essa perspectiva estratégica que a juventude que hoje toma as ruas das grandes cidades e enfrentam a repressão policial e do Estado devem se colocar: a refletir como nos ligamos e fortalecemos a organização os trabalhadores a partir de seus locais de trabalho, exigindo e denunciando a burocracia sindical para que os trabalhadores passem por cima desses verdadeiros agentes da burguesia dentro do movimento dos trabalhadores.
Devemos continuar nas ruas, tendo em vista os ganhos que nelas já obtivemos. Mas trazemos às mobilizações de setembro as experiências de junho. Se não nos organizarmos em espaços democráticos, desde nossas escolas e universidades, locais de trabalho e bairros, conformando um comitê que pense política e organizativamente nossa intervenção nos processos que prometem se reabrir, não avançaremos por maiores conquistas e facilmente nos desarticularemos.
Este é o momento histórico de transformarmos radicalmente a sociedade em que vivemos. Se não nos organizarmos conscientes de nossas tarefas, não poderemos avançar em nossos questionamentos e conquistas!



* Liberdade imediata para todos os presos por lutar e fim dos processos criminais!

* Por uma ampla campanha democrática impulsionada por entidades estudantis, sindicatos, correntes de esquerda, movimentos sociais, e todos aqueles que tem a dizer: Abaixo a repressão!

* Continuamos em luta neste setembro para conquistar tudo aquilo que não obtivemos em junho, e muito mais!


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