segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Nota de pesar da Juventude ÀS RUAS sobre a morte do estudante Denis

Por Juventude ÀS RUAS! Campinas

Na madrugada do dia 21/09, Denis foi morto a facadas na praça central do campus da UNICAMP durante uma festa. Nós da Juventude às Ruas expressamos todo nosso pesar e sentimentos à família e amigos dele. Uma tragédia que tem profundas raízes sociais, e a Unicamp, justamente por ser um centro de ensino tão afastado da cidade de Campinas, de sua população pobre e trabalhadora, das circunstâncias cotidianas de sua vida, concentra ainda mais estas contradições sociais, e não está isenta destas situações trágicas. Acreditamos que esta fatalidade ocorrida com Denis, infelizmente resultado de todo um tecido social de opressão que no capitalismo abrange inevitavelmente os espaços de sociabilidade da juventude, não pode ser tratada como um fenômeno que se explica por si mesmo, isolada da realidade da Unicamp que, como universidade-empresa ligada a satisfação dos interesses das grandes corporações que desde o regime militar utilizam a produção de conhecimento contra a imensa maioria da população, gera uma separação profunda entre os poucos que conseguem superar seus filtros de exclusão e a imensa maioria que fica detida neles.

Para lutar contra esse Projeto de Universidade, que é a causa real da morte de Denis, queremos que toda a comunidade universitária discuta a democratização radical da universidade. Por isso, é importante que o DCE chame uma assembleia geral para que o movimento estudantil tenha uma posição política independente da reitoria e da polícia como forma definitiva de impedir que a Universidade de elite não tire mais uma vida de um jovem. Essa proposta radical vem do entendimento de que a reitoria, através de seu projeto excludente, e a polícia, a mais violenta do mundo, são os verdadeiros inimigos a serem combatidos.

Temos claro que o culpado direto pelo ocorrido é a Reitoria e este regime universitário excludente, que proíbe, persegue e reprime a realização de quaisquer atividades de socialização em seu interior. Impede que os estudantes possam organizar seus espaços artísticos e culturais, por que quer manter seu projeto de universidade elitista, vazia de ideias e vida, para que os estudantes sejam formados na lógica produtivista, de patentes e projetos, e não produtora de conhecimento. Quer manter a juventude pobre fora da Universidade. Vale-se ardilosamente dessas casualidades fatais para depositar a responsabilidade nas “pessoas alheias à comunidade universitária”, os elementos “de fora”, para fugir totalmente à raiz do problema e tratar de convencer que nada disso ocorreria se a universidade pública “realmente tivesse autonomia frente à sociedade”. Esse velho relato, imitado nas páginas da grande mídia e da cínica assessoria de imprensa da Unicamp, não tem compromisso nenhum com a luta pelo fim destas tragédias no seio da juventude. Comprometem-se com os privilégios recebidos por uma burocracia acadêmica que separa o conhecimento da sociedade.

Queremos que as pessoas de fora, ou seja, a juventude pobre, os trabalhadores, entrem na universidade. Que esteja aberta e viva dia e noite, controlada por toda a população que a financia através do ICMS, é a condição primordial para que seja um espaço de integração e avanço do conhecimento. Somos intransigentemente defensores da tomada dos espaços públicos pela população e defendemos a realização de festas e atividades culturais como um espaço de cultura e lazer, mas também como um momento específico sobre o qual essa juventude ora excluída da universidade possa se aliar os estudantes e questionar totalmente este regime violento e opressor! Nesse sentido é importante que todo o movimento estudantil se coloque contra qualquer possibilidade de repressão aos organizadores da festa, à Rádio Livre que é constantemente reprimida e tendo seus equipamentos apreendidos pela Polícia Federal, mantendo-se como um pólo de resistência através de festas e atividades que se colocam contra a política da reitoria. Defendemos a continuidade da política de festas na Unicamp, pois estas são responsáveis pela integração e pelo combate às opressões, e não a razão delas! E que os estudantes se organizem para que possamos garantir as festas, bem como organize comissões independentes da reitoria para averiguar quaisquer casos de violência.

Mais policiais e delegacias, até mesmo mais “seguranças” para a Reitoria de Tadeu, Rodas e do CRUESP, não respondem em nada a questão. Não esquecemos os milhares de jovens assassinados pela polícia, que depois de junho provou ainda mais sua cara repressiva torturando centenas de manifestantes, matando dezenas no Complexo da Maré, que desapareceu com Amarildo no RJ, assassinou Ricardo em frente à Unifesp, e centenas mais. Por isso não podemos ter qualquer ilusão que a solução dessas fatalidades que ocorrem nas festas está em mais policiais, essa instituição que é manchada pelo sangue do massacre do Carandiru, da repressão à greve dos trabalhadores, a tortura e da ditadura. De uma instituição que não tem o intuito de garantir a vida das pessoas, mas sim os interesses das elites e a propriedade privada.
Bem como os guardas universitários, que não são nem de longe patrimoniais. Qualquer um que já tenha organizado uma festa, pichadores, skatistas, sabem que os guardinhas têm como orientação reprimir o movimento estudantil e a juventude que tenta entrar na universidade. Por isso, guardinhas “treinados” são guardinhas mantidos por esta Reitoria e este regime opressores: serão treinados para manter uma estrutura de poder antidemocrática e empresarial.

A Universidade que deveria ter o objetivo de conseguir responder aos reais problemas da juventude, como saúde, cultura, educação, na verdade fecha suas portas para a juventude pobre e negra mantendo o vestibular, a falta de permanência estudantil, se cala frente a serie de casos de violência contra a mulher, como nos diversos casos de estupro nos quais a reitoria foi totalmente conivente. Que nosso grito de BASTA seja para a Reitoria racista e elitista.

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