terça-feira, 3 de setembro de 2013

Das Jornadas de Junho ao 30 de Agosto em Marília: Greves da Unesp e FAMEMA e importantes passos na aliança entre estudantes e trabalhadores

Manifestação funcionárias/os, estudantes e residentes da
FAMEMA no dia 30 de agosto

Definitivamente, após o conjunto de manifestações ocorridas no mês de Junho deste ano, vivemos um novo período no Brasil. Os levantes da juventude deflagrados em todo país atingiram desde as capitais até movimentos nunca antes vistos no interior, com passeatas, ocupações, e greves. É o exemplo de Marília, região centro-oeste de São Paulo, onde desde Junho ocorreram as maiores manifestações da história da cidade.
As Jornadas de Junho em Marília reuniram milhares de pessoas nas ruas, e a juventude mostrou seu espírito combativo. No meio do mês, em apenas uma semana rodovias foram cortadas duas vezes: pelo movimento estudantil da Unesp e pelo conjunto de manifestantes da cidade, ocupações do terminal urbano foram realizadas, dentre outras ações diretas.
Os estudantes da Unesp conformaram importantes blocos classistas, posicionando-se em defesa da classe trabalhadora nas manifestações com peso na juventude da cidade, e lutando ao lado dos servidores municipais que lutavam contra um projeto de lei que pretendia, dentre outros problemas, retirar seus direitos de greve. 
No início de Julho, para o dia 11 era chamado nacionalmente um dia de manifestações que marcaria a entrada da classe trabalhadora como protagonista das manifestações. A partir do bloco classista da Unesp conformado nos atos, iniciamos um trabalho de agitação em torno deste dia, panfletando nas fábricas, chamando reuniões em bairros periféricos da cidade para organização do ato. Infelizmente, as centrais sindicais serviram como uma barreira à potencialidade da manifestação, chamando o ato para o horário de trabalho, sem garantir juridicamente uma paralisação sem punição aos trabalhadores, portanto, sem a mobilização das bases, o ato ocorreu, mas sem o alcance que poderia ter. 
Em meio a todo este cenário, os estudantes das unidades da Unesp de todo o estado, que estavam em uma importante greve, participaram ativamente das mobilizações, com uma pauta de defesa de um projeto de universidade a serviço da classe trabalhadora. 
Em Marília conformou-se um comitê operário-estudantil de mobilização permanente. Outras iniciativas parecidas ocorreram em outros campi da Unesp. Em Araraquara os estudantes também avançaram na aliança com a juventude e os trabalhadores, barrando o aumento da passagem de ônibus. Em Bauru os estudantes se uniram à uma ocupação da Cutrale, organizada por outros movimentos sociais, dentre outras importantes iniciativas. 

A greve da FAMEMA, o ato do dia 30 de Agosto, e um passo na aliança entre os trabalhadores e
estudantes da cidade

O “complexo FAMEMA” (Faculdade de Medicina de Marilia) é uma rede de serviços ambulatoriais e hospitalares, que cobre a demanda de 62 cidades da região de Marília, o que contabiliza mais de um milhão de pessoas. Este complexo é responsável pela assistência ao SUS e pela formação de medicxs e enfermeirxs.
Há alguns meses a situação nos hospitais e serviços da FAMEMA está caótica, faltando materiais básicos (luvas, álcool, agulhas), alimentação para pacientes e funcionários está precária, todos os postos de trabalho estão extremamente sobrecarregados de horas extras, o salário dos funcionários defasado em 30% e o adicional de insalubridade foi suspenso, dentre outras questões. Ao final de junho, os trabalhadores se auto organizaram e denunciaram esta situação e sua insatisfação em um ato pela cidade, o que não obteve resolutivas da direção e do governador, apenas as promessas de sempre, porém sem o apoio do sindicato naquele momento o movimento não conseguiu avançar e o caos permaneceu.
Mas, desde então os trabalhadores passaram a cobrar mais intensamente o apoio do sindicato e, na última segunda-feira (26) iniciou-se uma greve dos funcionários que representam o segundo maior segmento em número de trabalhadores da cidade. Esta greve expandiu-se a estudantes, residentes médicos e não médicos e professores. A luta se dá principalmente contra a precarização do trabalho. A situação crítica no Complexo FAMEMA é um resultado direto da falta de democracia na gestão desta universidade, e do descaso de anos com a saúde da população trabalhadora que depende dos serviços prestados pelos profissionais da área. 
Para o dia 30 de Agosto havia um novo chamado nacional de mobilizações. Apesar dos limites impostos pelas centrais sindicais ao ato, com toda a falta de mobilização de setores importantes de operários, não houve quem segurasse a base dos trabalhadores da saúde na cidade de Marília. Dentre as palavras de ordem mais gritadas tivemos “Da copa eu abro mão, eu quero mais dinheiro para saúde e educação”, “Que vergonha governador, tem paciente no corredor” e “Hora-extra não é salário, é precarização do meu trabalho”, expressando uma luta que tem de fundo a situação gerada por anos de governos neo-liberais, cujas políticas sociais tem como característica o sucateamento da saúde e educação, bem como a precarização do trabalho.
Os estudantes da Unesp, desta vez em conjunto aos funcionários da mesma, também participaram da manifestação, conformando uma importante aliança forjada durante a greve entre estudantes e servidores em oposição às burocracias gestoras da universidade.
 Na noite do dia 30, a partir do comitê de mobilização operário-estudantil construímos uma atividade reunindo trabalhadores da Unesp, trabalhadores e residentes da Famema, estudantes, e professores da rede. Pudemos discutir as greves destes segmentos, trocando experiências, e pensando estas mobilizações à luz da nova situação nacional. Militantes do Pão e Rosas marcaram presença durante todo o dia, anunciando os desafios do avanço da união da classe trabalhadora a partir da superação da divisão da classe dada pela opressão de gênero. Consideramos esta atividade como mais um passo na ligação entre trabalhadores de diferentes segmentos da cidade e estudantes.
Foram discutidas formas de nos prepararmos conjuntamente para novos levantes em períodos que virão adiante, forjando a união entre estudantes e trabalhadores. 
A Juventude às Ruas, que militou ativamente em todo este processo entende como central a aliança operário-estudantil!
Todo apoio aos trabalhadores, estudantes e residentes em luta da FAMEMA!
Basta de precarização do trabalho!
Por uma forte aliança entre trabalhadores e estudantes!






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