Juventude às Ruas!

Fim do massacre ao povo palestino! Fim dos ataques do Estado de Israel à Faixa de Gaza! Palestina LIVRE!!

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Assembleia “eleitoral” da Letras termina com dezenas de estudantes se mobilizando contra a violência policial na São Remo

Por Pardal


Hoje, dia 31 de outubro, ocorreu uma assembleia dos estudantes de Letras da USP, um evento que tem sido muito raro na gestão Travessia (MES-PSOL e independentes) que dirige atualmente o Centro Acadêmico do curso, o Caell. Com esta assembleia, a segunda convocada em duas semanas com a mesma pauta (calendário eleitoral do Caell), a gestão pretendia votar novamente a data das eleições, já deliberada na semana anterior, pois a decisão anterior lhe desagradou.
Contudo, os estudantes ali presentes rapidamente descartaram esta pauta já vencida e apoiaram a proposta da Juventude às Ruas de discutir o tema dos ataques à favela São Remo, localizada ao lado do campus e onde moram muitos dos trabalhadores, particularmente os terceirizados. A São Remo está há diversos meses sob a ameaça – que já está se concretizando com a recente remoção de cerca de 140 famílias – do projeto de “reurbanização” (um eufemismo bastante cínico para o despejo dos moradores). Agora, a este ataque, soma-se um verdadeiro estado de sítio permanente implementado pela polícia na comunidade.
Nas últimas semanas foram diversos assassinatos, inclusive de crianças e adolescentes, pelo simples fato de estarem na rua após o “toque de recolher” que está instaurado pela genocida polícia militar. Ontem houve um avanço no projeto, com uma operação conjunta da polícia militar e civil para entrar na São Remo a pretexto de procurar os assassinos de um soldado da ROTA. A polícia passou a violar abertamente e sem pudores todos os direitos, invadindo as casas e revistando pessoas.
Diante deste cenário, os estudantes da Letras debateram estas questões em sua assembleia e deliberaram por se incorporar à reunião aberta que está sendo convocada para segunda-feira pelo Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Associação de Moradores da São Remo. Para começar a mobilizar o curso, ao término da assembleia da noite cerca de trinta estudantes passaram nas salas de aula, discutindo com os estudantes o absurdo da situação da São Remo, e colocando como a política de repressão da reitoria de Rodas está completamente vinculada a isso. A mesma polícia que reprimiu a mobilização dos estudantes em anos anteriores hoje está batendo novos recordes de genocídio da população negra em São Paulo, e não podemos nos calar diante disso.
A passagem em sala, em que estiveram presentes a Juventude às Ruas, o DCE e dezenas de estudantes independentes, infelizmente não contou com a presença dos que haviam convocado a assembleia “eleitoral”, que se transformou em uma assembleia para discutir a solidariedade ativa dos estudantes aos moradores da São Remo. Desta forma, mais uma vez o MES e a gestão Travessia mostram que estão longe de querer construir um movimento estudantil ligado aos trabalhadores e às demandas do povo pobre e negro que é excluído das universidades pelo filtro social do vestibular. A Juventude às Ruas tem orgulho de ter estado na linha de frente com os estudantes da Letras e chama todos a se incorporarem aos próximos passos das medidas de luta contra a violência policial e o despejo dos moradores.

Todos à reunião no Sintusp, dia 5-11, às 16h, para organizar a luta!

domingo, 28 de outubro de 2012

CHILE- Do armário para às ruas de Antofagasta sem deixar de lado o "dia pela despatologização trans".

Tal como aconteceu nas cidades mais importantes do mundo, na capital regional se realizou uma manifestação onde se chamou a não tolerar as posturas discriminatórias que sem base cientifica alguma propõem alguns setores.

Com o fim de rechaçar as afirmações realizadas por setores conservadores do país que rotularam a homossexualidade como uma doença, cerca de 30 pessoas se reuniram durante este sábado nas ruas centrais da capital regional exigindo igualdade de direitos e respeito a diversidade sexual.
Trataram de comemorar o Dia Internacional pela despatologização da transsexualidade, que contou com atividades ao redor do mundo e que em Antofagasta foi convocada pela agrupação Pan y Rosas.
‘Somos combativos, revolucionários, somos gays e lésbicas que queimamos o armário’, gritavam os manifestantes em pleno centro da capital, despertando interesse entre os que passavam.
Desde a agrupação fizeram mais um chamado a participar durante esta quinta-feira (25) de um protesto contra o psicólogo local Peter Radic – quem em anúncios publicou ser capaz curar a homossexualidade, o lesbianismo, entre outros – por tentar lucrar mediante a difusão de teorias que são rechaçadas pela comunidade cientifica, que não considera a homossexualidade como uma doença.

Nota retirada de: http://www.diarioantofagasta.cl/regional/16203 (Pela redação • Segunda 22 de Outubro de 2012).

sábado, 27 de outubro de 2012

Foi realizada a primeira sessão do grupo de Estudos "Educação, escola e marxismo"

     Realizou-se, no último sábado (20/10), com a presença de cerca de 20 pessoas, entre professores da rede estadual e municipal, e jovens secundaristas e universitários, o primeiro dia do grupo de estudos “Educação, escola e marxismo”, impulsionado pela corrente Professores Pela Base junto à Juventude às Ruas. A importância de este curso ser impulsionado por essas duas correntes vem para que consigamos unir a teoria produzida pela Universidade à realidade prática dos professores e, assim, partindo das raízes teóricas da causa da precarização da educação, conseguir entender os concretos motivos para as lutas travadas pelos professores da rede pública, e impulsionar uma juventude que se alie a essas lutas, se levantando ao lado dos professores que vem questionando a estrutura e precarização da escola e educação.
                A bibliografia dessa primeira sessão foi baseada em leituras de trechos de Marx e Engels relacionados à educação, e também um capítulo do livro “Escola, classe e luta de classes”, de Georges Snyders, onde o autor se remete a escritos de Lenin e Krupskaia.
                Partindo de colocar que não há nenhum texto específico nem de Marx nem de Engels que trate deste tema, a discussão passou por explicar e exemplificar conceitos como “divisão do trabalho”, e a necessidade da escola tal como ela é hoje, criada pela burguesia, para a manutenção desta divisão do trabalho e, portanto, do capitalismo.
                Dentre as várias intervenções que foram dando corpo ao grupo de estudos, surgiram elementos a respeito da formação cada vez mais técnica, criada justamente para atender aos interesses dos novos campos de trabalho criados pelo capital. Discutiu-se também como a escola possui um papel ideológico, pois não apenas cria a mão de obra barata para o capitalismo, como o convencimento de que a função dela é ser apolítica, um campo neutro em meio a uma sociedade dividida em classes e interesses antagônicos. Nesse momento, entra o importante papel do professor. Com exemplos tirados do cotidiano dos professores presentes no curso, foi colocada a discussão sobre como é fundamental que os professores não assumam um caráter imparcial, pois esta imparcialidade legitima as ideias dominantes, que como Marx já colocou no Manifesto do Partido Comunista, são as ideias da classe dominante.
                Em meio a outras discussões e exemplificações da realidade dos professores e estudantes ali reunidos, a conclusão que foi tirada é que, dado o papel ideológico e de manutenção do capitalismo que a escola hoje possui, não será apenas a exigência de mais verba para a educação que transformará tanto a própria educação, como a sociedade, como defendem alguns setores, teóricos e organizações políticas, pois não se questiona para qual educação irá essa verba. A educação hoje é voltada para a formação especializada de mão de obra – com os vários cursos técnicos -, e a escola nada mais é hoje, do que um reflexo da sociedade capitalista, dividida em classes. A luta por mais verba deve vir acompanhada da luta por uma transformação da educação! Que essa verba seja destinada para as escola e universidades públicas, e controlada pelos estudantes, funcionários, pais e professores. Com essa verba, que sejam criadas mais vagas nas universidades públicas, dando fim ao filtro social que é o vestibular, e estatizando as universidades privadas.
                Para a próxima sessão do grupo de estudos, marcada para o dia 10 de novembro, propomos a discussão sobre a pedagogia histórico-crítica, que hoje representa a vertente marxista mais atual dentro da pedagogia, suas problemáticas e implicações.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eleições em São Paulo: Por que Serra e Haddad não são opções?


Em quem você vai votar?
 

Até o próximo dia 28, muitas pessoas terão a resposta para essa questão na ponta da língua. Vários motivos podem justificar a escolha entre três opções: Haddad (PT), Serra (PSDB) ou Nulo. Vejamos qual a melhor.

A escolha de um candidato é uma decisão complicada; a mídia insiste que devemos pesquisar o passado dos candidatos para decidir; falam que, com a Lei da Ficha Limpa valendo, ficou mais seguro escolher candidatos que não tenham um passado sujo, corrupto. Mas isso é suficiente?

Quando votamos em um candidato, na verdade, votamos nas ideias e no programa de seu partido; afinal, esta é uma das funções de um partido: juntar pessoas que tenham ideais e valores semelhantes. Assim, um partido não se faz só de uma pessoa, ele segue uma política, uma lógica de atuação; embora tenha figuras públicas e líderes, ele é construído coletivamente. Isso quer dizer que se alguém se filia a um partido, ou vota em seus candidatos, concorda com as ideias defendidas por ele, e pretende levá-las à frente. Em outras palavras: votar no Serra é votar no PSDB e votar no Haddad é votar no PT.

 Em defesa dos interesses da juventude e dos trabalhadores: nem Serra nem Haddad


No Manifesto do PT de Haddad, Lula, Dilma e tantos outros, o partido se expressa como de massas, para representar politicamente os trabalhadores e pobres contra os ricos dominantes. Isso não acontece de fato. Basta lembrar que, recentemente, Dilma mandou cortar o ponto dos funcionários públicos federais que estavam em greve por reposição de salários; que mandou a polícia federal e a força nacional reprimirem e prenderem funcionários terceirizados das obras do PAC (que estavam em luta por causa de salários e das péssimas condições de vida nos canteiros de obras); que ilude a milhões de brasileiros com seu discurso de um crescimento gradual, enquanto jovens e trabalhadores pagam pela crise capitalista. Esses são só alguns exemplos para demonstrar que, embora diga defender os trabalhadores, o PT, na prática, não os representa, defendendo os interesses de empresários e banqueiros enquanto ataca a nossa classe.

O PSDB, por outro lado, partido que, historicamente, defende a social democracia, pretendendo conciliar aos interesses dos ricos o dos pobres, interesses dos trabalhadores com os dos patrões, não é uma alternativa. Tais interesses são irreconciliáveis, pois para o enriquecimento dos capitalistas só existe uma alternativa: a exploração, com base em seguidos ataques, da juventude e dos trabalhadores. Fernando Henrique, Serra, Alckmin, da presidência da República ao governo do Estado de São Paulo, trouxeram consigo as privatizações, o sucateamento da educação e da saúde, a precarização dos postos de trabalho, o empobrecimento dos muitos que têm pouco e o enriquecimento dos pouquíssimos capitalistas que têm muito, a perseguição, isolamento e enfraquecimento dos movimentos sociais etc.

Nesse sentido, a Lei da Ficha Limpa com o papel de tirar das eleições os candidatos que já foram julgados em algum tipo de processo, mas não significa que os candidatos irão representar a maioria (trabalhadores), bem como tem vários espaços para manipulação; por exemplo, Paulo Maluf, procurado pela Interpol (um tipo de polícia internacional) por diversas transações financeiras suspeitas, suspeito de inúmeras acusações de corrupção, assumiu o cargo de deputado federal. Isso sem mencionar que é aliado do PT, de Haddad.

 Voto Nulo e crítico: nossos sonhos não cabem em urnas.


Por não haver candidatos que representem os nossos interesses, os interesses da classe trabalhadora, de mulheres e homens, jovens, trabalhadores, pobres, negros, defendemos o voto Nulo.

Para que fique claro: não vemos o voto nulo como uma forma de indignação, de protesto passivo. É ele a única forma de agir nessa situação, mas que deve estar ligada à organização coletiva para discutirmos e tomarmos atitudes que realmente representem nossas necessidades.

Se você já ouviu falar que, se mais da metade dos eleitores votarem nulo, a eleição é cancelada, saiba que isso é um erro, uma má interpretação do Código Eleitoral.

Nosso voto nulo significa que não acreditamos que aqueles candidatos representem nossa classe e que, portanto, não temos opção entre os candidatos que representam apenas à elite paulista.

Independência de Classe


Defendemos, então, a independência de classe, ou seja, que nós que compomos a mesma classe social (trabalhadores que ganham seu sustento vendendo sua força de trabalho) nos organizemos para, a partir de discussões, mobilizações, troca de ideias e ações, lutarmos juntos pelos nossos direitos e pelos nossos interesses.

Acreditamos que por sermos a maior classe, a que produz tudo quanto consome nossa sociedade, sejamos fortes o suficiente para decidir os rumos de nossas vidas, sem achar que poderemos eleger alguém que faça isso por nós.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ABAIXO A REPRESSÃO DENTRO E FORA DA USP!


O processo administrativo que visa a eliminação e demissão de estudantes e trabalhadores, originado na ocupação da reitoria e na moradia retomada, caminha para sua conclusão nas próximas semanas. O processo não passa de uma inquisição, onde a reitoria acusa, colhe provas, julga e puni, e tudo isso baseado em um decreto oriundo da ditadura militar. A eliminação e demissão dos lutadores que se ergueram contra essa universidade elitista e pela defesa da universidade pública, contra sua privatização, centralmente em torno das consignas “Fim dos processos!” e “Fora PM da USP” - que é bem sabido não esta lá por segurança alguma, mas apenas para sufocar a mobilização política contra o projeto da reitoria - mas também pela polícia fora dos morros, favelas, e periferias, deve ser barrada a todo custo! O movimento estudantil precisar dar uma resposta dura por via de uma mobilização organizada!

Nós que sempre defendemos essa consigna temos certeza de que ela nunca foi tão atual e necessária. Em baixo de nossos narizes, logo ali na São Remo, a polícia genocida e racista vem atuando de forma selvagem. Atualmente, existe nessa favela um toque de recolher não oficial, onde simplesmente a PM decretou que quem estiver na rua após as 22h pode ser morto. Isso por conta das prováveis quebras de acordo entre a polícia e o crime organizado. Essa onda de violência vem se manifestando não apenas na São Remo, mas em grande parte da periferia e região metropolitana de São Paulo. Nas últimas duas semanas foram mais de 8 pessoas mortas pela polícia nessa comunidade. A última delas foi um garoto, baleado nas costas pelo fato de ter ido comprar leite condensado para sua mãe depois das 22h. Além de sofrer cotidianamente com esse aparato repressor, herança da ditadura militar, essa favela está ainda na linha de fogo da reitoria e da burocracia acadêmica, com o tal do projeto de reurbanização, que na prática sabemos o que significa: despejo! Isso, porque a USP quer de volta seus terrenos dessa região, e já vem esboçando a algum tempo com seus arquitetos da FAU esse projeto, mais uma mostra de a serviço de que esta essa universidade hoje.

Precisamos estar ao lado desses trabalhadores, muitos deles inclusive trabalhadores precários da própria USP, barrar esse projeto de reurbanização e seguir fortemente na luta contra a repressão e contra a polícia, dentro e fora da universidade.

 O desmonte da Prefeitura do Campus da Capital - avança o projeto privatista de Rodas e da burocracia acadêmica.


A prefeitura do Campus desempenha um papel fundamental para o funcionamento da USP. Está em curso hoje, na universidade, um processo de desmonte da prefeitura. Isso significa, na prática, um desmonte também do corpo de funcionários contratados da prefeitura, ou seja, eles seriam transferidos ou, potencialmente, demitidos.

Com o desmonte da prefeitura, quem cumprirá as tarefas que ela cumpria? Empresas terceirizadas. Nesse momento, é aberto um espaço para a iniciativa privada atuar em uma Universidade Pública, projeto que está em curso há décadas na USP e que vem se acentuando cada vez mais nos últimos anos – um exemplo claro é a extinção dos circulares e criação do BUSP. Sem contar que o salário de um terceirizado é pelo menos 3 vezes menor do que o de um efetivo, e com uma diferença enorme de direitos adquiridos por anos de luta da categoria.

Além disso, os funcionários da prefeitura do Campus sempre desempenharam um papel histórico e fundamental na luta por melhores condições de trabalho, por uma USP mais democrática e pública de fato, apoiando inclusive a luta dos estudantes. Desmontar a prefeitura significa, também, desarticular politicamente esses trabalhadores, enfraquecendo sua histórica resistência frente aos ataques brutais da reitoria. E esses ataques não estão dissociados da questão da repressão dentro e fora da Universidade, da inserção da PM na USP e da utilização da força para garantir a “ordem”, impedindo que manifestações políticas ameacem esse projeto elitista e privatista de Universidade.


A FFLCH ameaçada de divisão


Medidas semelhantes a essas, também de acordo com a política da reitoria, estão sendo preparadas na FFLCH. A política defendida pelo novo diretor, Sérgio Adorno, de divisão da faculdade, visa concentrar mais recursos na formação de especialistas para o mercado e o estado, em detrimento da formação básica, bem como desarticular a vanguarda que se concentra na unidade (como faz na prefeitura). A política que está sendo levantada pelas entidades estudantis e pela ADUSP, de uma plenária institucional, na medida em que está separada de qualquer medida de mobilização, é uma adaptação ao regime universitário e seria completamente incapaz de barrar esse ataque.

 E o DCE faz... um plebiscito que não fala de nada disso!


Diante da ofensiva da reitoria, é necessária uma campanha que ligue os estudantes da USP a aliados que também sofrem com a repressão, como os próprios trabalhadores da Universidade, os moradores da São Remo e lutadores das demais universidades, como as estaduais paulistas e a UNIFESP. A atual gestão do DCE não vem tomando medidas nesse sentido, a começar pelo XI Congresso dos Estudantes da USP, onde demonstrou que contrapõe a luta pela democratização e a luta contra a repressão. Como pode existir democracia dentro da universidade quando os lutadores estão sendo reprimidos e impedidos de manifestar politicamente? Essas duas questões estão intimamente ligadas, e não podem estar contrapostas.

Isso fica claro se olharmos para o plebiscito que o DCE impulsionará essa semana. Ele poderia ser útil para gerar uma ampla discussão nos cursos, mas isso precisa servir para preparar uma mobilização. O que o DCE faz é o contrário, não impulsionando a organização dos estudantes como deveria, visto o pouco peso dado às assembleias pela atual gestão, deixa qualquer tipo de mobilização séria para um futuro que não existe.

O plebiscito visa apenas às próximas eleições estudantis. Em sua campanha sequer cita os mais de 100 estudantes e trabalhadores processados, que podem ser eliminados da universidade, a demissão do dirigente sindical Claudionor Brandão, ou os 8 estudantes que já foram eliminados, entre eles a companheira Amanda, ameaçada de despejo do CRUSP com seu filho de menos de um ano! As perguntas não trazem uma discussão sobre a real democratização da USP, e sim uma campanha pelo programa que essa gestão - e a chapa que ela formará para concorrer às eleições no próximo mês - defende, reduzindo a discussão da estrutura de poder ao "sim ou não" para eleições diretas e estatuinte paritária. As diretas são insuficientes, pois não alteram a estrutura de poder da universidade, mantém organismos como o CO e o próprio reitorado que precisam ser dissolvidos para atacar a burocracia acadêmica, e a paridade apenas garante que o voto de um professor valha cerca de cinco vezes o de um funcionário e quinze vezes o de um estudante. Como mínimo deveríamos exigir uma cabeça um voto, dissolução do CO, e a constituição de uma estatuinte livre e soberana composta pelos três setores.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

No segundo turno, voto nulo programático! Seguir na luta, com independência de classe, pela auto-organização, pela aliança operário-estudantil!

O espectro do “mal menor” está rondando a Universidade de São Paulo nos últimos dias. Na falta de alternativas o “menos pior” surge como uma solução aparente. Entre o tucanato paulistano e o petismo acadêmico, a maioria dos estudantes da USP vêm apresentando uma simpatia maior em relação ao último. Porém, entendemos que há uma maneira de contornar essa dicotomia, na verdade inexistente. Defendemos um voto nulo programático, que denuncie profundamente não só as candidaturas dos patrões (PSDB e PT) como também o próprio processo eleitoral que privilegia os candidatos financiados por grandes empresas. Vamos então aos candidatos.


O candidato do PT em São Paulo não pode ser dissociado da política do governo federal. Desde 2002 o PT vem se mostrando, cada vez mais abertamente (pois esse curso começa muito antes), um partido a serviço dos interesses do grande capital. “Nunca antes na história desse país os banqueiros, [empreiteiros e grandes empresários] lucraram tanto!”, como diz o próprio Lula. Ainda existe um sentimento de esperança petista rondando a intelectualidade uspiana graças às políticas de seguridade social promovidas pelo Estado. Porém, basta olharmos com calma o que vem sendo concretamente a política do PT. Vimos no começo do governo Lula um ataque histórico aos trabalhadores com a reforma da previdência. Além de não reverter absolutamente nenhuma privatização ocorrida no governo de FHC, o governo petista vem acelerando um processo de privatização que se traveste pela palavra "concessão" (o que significa que daqui a 20 anos (!!) os aeroportos serão novamente propriedade do Estado, e agora o mesmo com rodovias e ferrovias). As repressões aos trabalhadores não se ativeram somente às Universidades federais (com corte de pontos de professores e prisões a manifestantes), mas também às greves do PAC (Jirau, Santo Antônio e Suape), agora institucionalizadas com a lei da Copa. Os cortes orçamentários de Dilma (em setores como transportes, saúde e educação) mostram que o Partido dos Trabalhadores tem um projeto para a crise que se aproxima - ataques categóricos aos trabalhadores.

Em São Paulo as coisas serão ainda piores. Haddad está aliado à Igreja Universal e a Maluf (do "estupra mas não mata", do "ROTA na rua, bandido bom é bandido morto" e do "professora não é mal paga, é mal casada"; governador biônico da ditadura responsável pela vala clandestina de Perus, onde a policia enterrou trabalhadores e militantes contra a ditadura). No momento em que se constrói uma campanha por uma Comissão da Verdade da USP, o petismo chama jovens que honestamente lutam contra a herança da ditadura a votar no aliado de uma das maiores figuras do ARENA! Com esses aliados, não haverá verdade, somente mais impunidade aos torturadores, de ontem e de hoje. Haddad, cujo financiamento de candidatura foi o mais caro do país (parece que estamos falando do Serra, mas não! É do Haddad mesmo!) é o escolhido por Lula para ser o prefeito da maior cidade do país. Dentro de seu partido, Haddad se coloca mais à direita. Seus principais programas para a educação foram mal vistos até por setores do PT pelo seu caráter precarizante e pela parceria privada. O Prouni, por exemplo, transfere verbas para Universidades privadas em detrimento do investimento público. Estima-se que, com o orçamento do Prouni, para cada vaga em uma Universidade particular, três outras vagas em Universidades federais poderiam ser criadas. O Reuni mostrou seu caráter verdadeiro nas greves das federais deste ano. Agora em São Paulo Haddad se coloca ainda mais à direita de setores de seu partido com a declaração sobre as parcerias público-privadas na saúde, ele disse que fortalecerá a relação da prefeitura paulistana com as OSs (organizações sociais). O que será o arco do futuro senão um enriquecimento milionário das mesmas empreiteiras que financiaram sua campanha?


O socialismo de butique do candidato petista vem atraindo parte da juventude. Em suas 65 páginas de deturpação do legado marxista - Em defesa do socialismo (1998) - Haddad faz malabarismos teóricos para justificar uma total adaptação ao sistema como está. Doze anos depois o candidato do Maluf conseguiu caminhar ainda mais à direita recebendo financiamentos para sua campanha de empreiteiras milionárias que patrocinam a “higienização” de Kassab no centro (só a OAS doou cerca de 1 milhão de reais, um pouco mais do que para a campanha de José Serra), assinando embaixo com Edir Macedo para não discutir o tema do aborto e dividindo o mesmo kit anti-homofobia com Serra. A cada ano que passa o arco do futuro de Haddad entorta cada vez mais à direita.


É evidente que o PSDB não representa nenhuma vantagem como alternativa ao petista. O candidato dos tucanos tem um longo currículo de ataques aos direitos da juventude, dos trabalhadores e da população pobre: o desmonte da educação, transporte, saúde e demais direitos básicos da população do estado e da cidade de São Paulo. As greves dos professores do estado de SP ao longo dos anos se colocaram contra este projeto de precarização acelerada da educação. E neste âmbito podemos ver como funciona a “parceria” entre PT e PSDB: os tucanos atacavam “por cima”, reprimindo violentamente as greves, com a policia, demissões, cortes de ponto, divisão dos professores dentro da própria categoria; enquanto isso, os petistas atacavam “por baixo”, consolidando o sindicato dos professores (APEOESP) como um ninho de burocratas sindicais ligados a este partido, que fizeram todo tipo de manobra para impedir que as greves fossem vitoriosas e colocar a categoria em condições ainda piores. 


Recentemente, Serra vem mostrando como está disposto a se apresentar cada vez mais como a “mão dura” desta dobradinha que os dois partidos fazem para manter os lucros dos capitalistas. Além do Pinheirinho e da “Crackolândia”, a repressão na própria USP é um emblema disso, com a perseguição ao Sintusp, a demissão de Brandão, a eliminação de estudantes, a PM, e as dezenas de processos em curso.Nos últimos meses, a repressão por parte da policia subiu a patamares ainda mais elevados, e bem aqui ao nosso lado, na São Remo, a PM instituiu um toque de recolher e já assassinou vários moradores, a maioria jovem. Para reforçar sua posição, Serra saiu em defesa do Coronel Telhada, assassino da ROTA recém-eleito por seu partido para o cargo de vereador.


Diante deste cenário, o que temos a dizer aos trabalhadores e a juventude é que temos que contar com nossas próprias forças, lutando por nossa auto-organização e sabendo que, quem quer que ganhe estas eleições, teremos que enfrentar em duros combates. Por isto não devemos dar nosso voto a um suposto “menos pior”, mas sim votar nulo e seguir confiando na construção da aliança operário-estudantil como única resposta efetiva para os problemas que a juventude, a população pobre e os trabalhadores sofrem cotidianamente. Apoiar o suposto “mal menor” vai na contramão disso. Na luta não há independência de classe escolhendo uma fração da burguesia para apoiar; nas eleições não é diferente.

Por isso, nos opomos totalmente a politica de conciliação entre as classes em luta que apresentam setores do movimento estudantil. A “Universidade em Movimento”, que está na gestão do CEUPES, vem fazendo campanha por Haddad orgulhosamente. Esses sequer falam em “mal menor”, falam em “socialismo”! É o retorno ao movimento estudantil da USP do governismo que durante anos tirou as entidades da luta, ligando-as ao regime universitário. Não é muito melhor a posição do PSOL, quando chama indistintamente o voto nulo e o voto em Haddad, dizendo que ambos são “legítimos” e que seus eleitores são “suficientemente capazes e politizados” para tomar uma decisão. Não a toa, sua principal figura publica, Plinio de Arruda Sampaio, manifestou publicamente sua preferência por Serra! 

No segundo turno, voto nulo programático! Seguir na luta pela auto-organização, pela aliança operário-estudantil!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Matéria na revista da ADUSP denuncia repressão na USP




Disponibilizamos aqui a matéria publicada na nova edição da revista da ADUSP (Associação dos Docentes da USP) sobre o processo de repressão e criminalização que está em curso na universidade. Esta escalada repressiva já levou, até o momento, à demissão inconstitucional de um dirigente do SINTUSP (Sindicato de Trabalhadores da USP), à expulsão de seis estudantes, e a mais de cem processos contra a diretoria do SINTUSP e dezenas de estudantes. Link abaixo:



FSA - AVANÇA UM PROJETO DE REITORIA! O QUE OS ESTUDANTES PRECISAM SABER?



Durante o ano passado e todo 2012 muito se ouviu falar sobre repressão nas universidades. Desde novembro do ano passado com a prisão de 73 alunos e trabalhadores que ocupavam a reitoria da USP, contra o acordo estabelecido entre a reitoria Rodas e a PM. Assim como as prisões e expulsões na UNIFESP e também a repressão recorrente no campus da UNESP. Sem falar na greve das federais em que professores junto ao movimento estudantil lutaram contra um projeto de universidade pública implantada pelo governo federal baseado na precarização, ausência de moradias, bandejões, convênios com instituições privadas, salas de aula superlotadas e sem professores, ou seja: um projeto de universidade cada vez mais privatista e precária.

Para aqueles que não sabem a Fundação Santo André quando foi fundada tinha um caráter público e não cobrava mensalidades. Com o passar dos anos, as mensalidades simbólicas que surgiram pela falta de financiamento publico tornaram-se grandes mensalidades aumentando ano a ano, expulsando os trabalhadores e a juventude pobre. Os estudantes que desde 2010 se levantavam contra esse projeto e por uma educação pública, gratuita e de qualidade tem sido reprimidos e caluniados pela reitoria, o que tem dividido bastante os estudantes, que não conseguem acessar um canal confiável que lhes conte: pelo o que de fato lutam, fazem barulho, brigam, e são reprimidos estes estudantes que participam do movimento estudantil?

Por que existe um D.A e por que a REITORIA o quis fechado?

Historicamente os estudantes criaram seus mecanismos de auto-organização, entidades que foram construídas pelos estudantes como C.A´s, D.A´s, DCE´s e Grêmios estudantis; na época da ditadura os militares entravam nos espaços dos D.A´s e os trancavam para manter em desuso, pois os estudantes questionavam naquele momento um regime ditatorial e que os impedia de se manifestar, assim o fez a reitoria da FSA, fechando nosso espaço que assim como os outros foi construído historicamente.

Não ter este espaço de organização estudantil é muito perigoso, pois assim a reitoria tem passe-livre para desferir seus ataques, e os estudantes não tem onde discutir, protestar, se organizar, pois o D.A da FAFIL também é um espaço politico, cultural e recreativo. Cursos como Letras e Química estão com os equipamentos do laboratório sem se renovar a anos, em Biologia o biotério não tem verba da reitoria, são praticamente os estudantes e funcionários que o mantem, Geografia está trocando os professores doutores por professores novos e menos titulados com salários menores, Ciências Sociais não tem laboratório, fora outros cursos que também tem problemas graves. A infraestrutura do prédio é precária, banheiros e bebedouros quebrados, não tem energia elétrica nas tomadas para usar os notebooks, poucas mesas para estudar fora das salas, a estrutura do prédio não corresponde as altas mensalidades que pagamos, que aumentou 18% no ano passado. E nesse contexto a reitoria segue perseguindo aos estudantes inadimplentes, com negociações cada vez mais difíceis de serem cumpridas, fazendo com que boa parte dos estudantes trabalhadores não se matricule no próximo ano.

CATRACAS E ESTACIONAMENTO PRIVATIZADO.

As últimas mudanças chegam agora a atingir todos os estudantes. As catracas vêm junto com um discurso da reitoria de segurança, que pode facilmente ser desmentido se verificarmos como o ponto de ônibus ficará ainda mais inseguro com essa medida, ao mesmo tempo em que sabemos que estas catracas na verdade servem para a reitoria impedir que os alunos inadimplentes entrem no campus, além de impedir também que os trabalhadores e seus filhos que moram nas comunidades do entorno da FSA utilizem o espaço da universidade.

Nesse sentido queremos esclarecer nossas ideias e sensibilizar o conjunto dos estudantes a organizarem reuniões de curso abertas discutindo não apenas as propostas que apresentamos, mas também suas necessidades específicas, ligando-as com os problemas mais gerais da universidade.

Cada órgão e espaço dos estudantes, DEFENDE e DEPENDE unicamente dos estudantes e não da reitoria! Por isso chamamos a todos os estudantes, a gestão do D.A. “ A FSA que queremos”, Espaço Socialista e PSTU a impulsionar uma campanha em frente única, para:

- Reconstruirmos os espaços estudantis e lutar pela melhoria de nossos cursos e universidade!

- Pela retomada do espaço do D.A (Espaço Legitimo dos estudantes!)

- Contra a perseguição da reitoria aos lutadores! Pelo fim das sindicâncias!

- Pela rematrícula de todos os inadimplentes! Anistia da divida dos estudantes/trabalhadores que entregam grande parte de seus salários para pagar as altas mensalidades da FSA!

-Pela redução de no mínimo 50% das mensalidades!- Por uma educação pública, gratuita e de qualidade a serviço dos trabalhadores!

FAÇON: DA LUTA CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO ÀS LIÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA.


Na quinta-feira, 27 de setembro, os operários da Façon – empresa quarteirizada do metro, terceirizada pela Alstom – ocuparam o canteiro e impediram que os seus equipamentos fosse retirados, exigindo seus salários atrasados e todos seus benefícios após a “falência” da empresa. Pela revolta de não terem sido pagos, e o desleixo do sindicado da construção civil, os trabalhadores tiveram que recorrer a sua própria (e única real) força, a auto-organização, para alcançar suas demandas. Onde puderam fazer a experiência com o sindicato da construção civil, dirigido pela Força Sindical, que mais uma vez demonstrou o papel importante que essa sindical tem para frear a luta dos trabalhadores e negociar com a empresa por fora das necessidades da classe trabalhadora.

É em meio a uma das maiores crises do capitalismo, e frente ao giro a direita do governo Dilma que assistimos um despertar da classe trabalhadora e da juventude, dando seus primeiros passos, seus primeiro combates. É possível hoje, diferentemente do que há cinco, dez anos atrás, ouvir falar de ondas de greves, insurreições populares, a reaparição da classe trabalhadora como agente de luta e de transformação social. Com a vinda da Copa para o Brasil, daqui há dois anos, tanto a repressão como assistimos em Porto Alegre, como os ataques a classe trabalhadora, como é o ACE (Acordo Coletivo Especial) apresentado pelo sindicato do ABC, ou as próprias leis da Copa como a que proíbe greves de determinados setores da produção três meses antes e três meses depois do grande evento capitalista, só tendem a aumentar, desconstruindo assim, o “Brasil Potência”, “democrático”, “para todos” tão disseminado durante os anos de crescimentos econômico, gradualismo. Daí a importância de da juventude acompanhar para se apropriar das lições dos processos de luta dos trabalhadores e não começar do zero.

Como resolução tirada em nosso encontro aberto da Juventude ÀS RUAS, no dia 29/10, onde discutíamos a centralidade da aliança operário-estudantil para uma juventude que hoje se propõem a cumprir um papel decisivo na luta de classes, fomos ao canteiro, expressar nossa solidariedade a luta dos companheiros da Façon e Areza (empresa terceirizada pela Façon, tornando-se uma quinteirizada do metro). É com a perspectiva de aprendermos com a classe trabalhadora: seus métodos de luta, sua força, a auto-organização e com a compreensão da força que trazemos ao nos ligarmos aos trabalhadores, levando para eles a síntese acumulada por décadas das lutas e lições da classe trabalhadora a nível mundial, levando o marxismo-revolucionário que fundimos a teoria com a prática, a juventude que hoje desperta com a classe trabalhadora.
Sem dúvida um processo tão radicalizado como este, com a ocupação física do canteiro, contribui para a politização e uma formação de consciência destes trabalhadores. Uma luta que se inicia pelo cumprimento do contrato salarial (pagamento do salario e benefícios) demonstra que nem mesmo os direitos mínimos que a legislação burguesa reconhece podem ser garantidos sem luta. Por outro lado, é uma experiência muito importante para a juventude que nasceu num período marcado pelo fim da história e pela ausência da classe trabalhadora como sujeito revolucionário. Em tamanho retrocesso ideológico em que vivemos, é importante que a juventude que não carrega o desanimo e o ceticismo advindo das derrotas e traições da classe trabalhadora do século XX.

Para unificar as fileiras da classe trabalhadora: é preciso unificar as demandas, convencer os efetivos a lutarem por seus irmãos de classe mais precarizados.

O boom da terceirização advinda da crise dos 70, como medida de reduzir gastos e dividir ainda mais a classe trabalhadora (entre efetivos e terceirizados), onde os terceirizados além de não receberem os direitos mínimos garantidos aos efetivos, também não tem representatividade no sindicato e muito menos uma visibilidade nas lutas dos efetivos. Nós da juventude ÀS RUAS combatemos a terceirização, não só pela condição miserável de trabalho, mas pelo objetivo estratégico de unificar as fileiras da classe trabalhadora.

É nesse sentido que reivindicamos a postura do sindicato dos metroviários que pelo acompanhamento da luta dos operários forçou que o sindicato da construção civil começasse pelo menos à aparecer e dizer, ainda que nada mais que pura demagogia, apoio a luta. Também por conseguirem refeições para dez trabalhadores, garantindo que os trabalhadores pudessem concretamente manter os turnos e a ocupação. Por outro lado, não podemos ignorar a contradição que mesmo com um indicativo de greve ou ainda catraca livre para o METRO na quinta-feira, reivindicando PR igual para todos os funcionários, não tenha incorporado a pauta dos quarteirizados e quinteirizados que foram na terça-feira panfletar a carta-aberta que demonstra o anseio desses trabalhadores em lutar e conquistar seus direitos, assim como já reconhecem, no metro – diferentemente da visão dos metroviários em relação aos não-efetivos – como membros de uma mesma classe explorada e oprimida.

Muita confiança na democracia burguesa, pouca confiança na classe trabalhadora!

Na quarta-feira, o sindicato do METRO, fechou um acordo junto com a comissão dos trabalhadores e a Alstom de que a empresa se responsabilizaria por todos os funcionários (da Alstom, Façon e Areza) assinando um acordo com o Ministério Publico do Trabalho. Lamentavelmente, a linha do sindicato dirigido pelo PSTU, foi de depositar a confiança desses lutadores na justiça burguesa e não em suas próprias forças. E por mais que falassem que o acordo vinha do resultado da luta destes, o que é correto, apontava que a próxima etapa poderia ser cumprida pela legislação burguesa. Tirando desses trabalhadores, a sua moeda de troca com os patrões: suas maquinas e o canteiro ocupado.

A ilusão durou apenas até sexta-feira, dia em que ficara decidido da Alstom pagar todos os funcionários. O que surpreendeu os trabalhadores e o sindicato (surpreendeu pela adaptação da democracia burguesa) foi a Alstom pagar apenas os funcionários contratados por essa e mais uma vez, impor a divisão dos trabalhadores por contratos diferentes.

O papel de uma juventude revolucionaria no Brasil hoje!

Mais um conflito segue em aberto, sem garantias para os trabalhadores, pelo mesmo motivo que já definia Trotsky como também motivo da crise da humanidade: a crise de direção. A experiência que tivemos ano passado, com as terceirizadas da UNIÃO na USP, contribuiu para vermos o papel importante da juventude na luta de classes. Principalmente, como fator moral para os trabalhadores levantarem suas cabeças e começarem a provar de sua própria força. Assim como assistimos no Chile, no Estado Espanhol, na própria Primavera Árabe a juventude aparecendo como uma caixa de ressonância que anuncia o fim da etapa de “passividade” entre as classes.

Por isso é preciso repetir a pergunta que fizemos durante o nosso encontro aberto realizado no fim de Setembro: qual caráter de juventude se faz necessária frente a uma crise capitalista somente comparada a crise dos anos 30? Quais as tarefas de uma juventude que se propõem a mudar radicalmente a sociedade de classes?

Para nós da Juventude ÀS RUAS, somente uma juventude que se ligue realmente com a classe trabalhadora, para além do discurso, que tenha como principio a independência de classe e que se utilize do marxismo-revolucionário como instrumento da classe trabalhadora é capaz de responder as tarefas que a época imperialista nos impõe.

Nesse sentido, é preciso perguntar aonde está a juventude do PSTU e do PSOL num conflito de mais de 100 operários sob regimes ultra precarizados? Convocamos essas duas correntes que se reivindicam de esquerda e aliança com a classe trabalhadora para atuarem nestes espaços, e que contribuam para elevar a consciência das massas, conseguindo transpor as lutas do âmbito sindical para o político, da luta pelos salários para a luta pela tomada do poder!

Por fim, entendemos que a luta não pode se encerrar. É preciso que a esquerda anti-capitalista hoje levante uma grande solidariedade aos lutadores da Façon e da Areza e exigimos que o METRO o pagamento dos salários e benefícios de todos os funcionários que deveriam ser funcionário efetivos da mesma empresa, já que trabalham todos no mesmo local para a mesma empresa.

Convidamos a juventude que começa hoje a fazer suas primeiras experiências com a vida política a aprofundarem suas relações com uma juventude que hoje se organiza junto com militantes da LER-QI (Liga Estratégica Revolucionária – Quarta Internacional) com um perfil claro pró-operário, anti-capitalista, anti-imperialista, anti-policia e marxista.


Pelo pagamento IMEDIATO de todos os salários e benefícios dos companheiros da Façon e da Areza! (Igual trabalho, igual salário).

Por um sindicato sem burocratas, a serviço da classe trabalhadora.

Pela auto-organização da classe trabalhadora!

Pela unificação das fileiras da classe trabalhadora!

Pela efetivação de todos os terceirizados, quarteirizados e quinteirizados pelo METRO sem concurso público


Conheça, discuta, milite com a JUVENTUDE ÀS RUAS.

Acompanhe também a atuação dos companheiros do Metroviários Pela Base!!!
http://metroviariospelabase.blogspot.com.br/

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

CARTA ABERTA AOS ESTUDANTES DO IFCH: Porque rompi com a atual gestão do CACH



Há algum tempo tento refletir as causas e consequências que contribuíram ao atual estado de afastamento e desagregação de nossa gestão, e por consequência, do próprio Centro Acadêmico, contribuindo, humildemente, com o debate, buscando maneiras para superar possíveis equívocos a partir das contribuições mais diversas dos estudantes. Em meio à sedução "democrática" ilusória que tem a eleição de um diretor de instituto, porta voz da reitoria no IFCH, estamos órfãos de um Centro Acadêmico que organize a vida política: esse é o problema principal. Infelizmente, minha posição é minoritária. 

Em meados desse ano, traços de heterogeneidade ficaram evidentes entre os “Intergalácticos”, culminando, meses depois, em evidente falta organicidade entre seus integrantes. Somado a isso, as poucas propostas “prático-programáticas” não surtiram os efeitos esperados; em suma, não conseguimos, através de novos meios, resolver antigos problemas. Dessa maneira, abateu sobre parte da gestão um desalento político, desencadeando na atual fragmentação. Os “Intergalácticos”, quando a realidade guardou suas manchetes cruéis no esquecimento comum, foram incapazes de guiar a política do Centro Acadêmico – faltou uma bússola, faltou estratégia e programa, faltou um horizonte claro.

Hoje a atual gestão do centro acadêmico já não existe mais. É um cadáver sendo arrastado por uma reunião semanal. Seus membros se fragmentaram, quase toda a chapa eleita já não participa mais do CA, adotando diferentes posições, sobrando somente quatro membros da gestão. Enquanto isto o PSTU tenta inutilmente ressuscitar o morto, sustentando artificialmente e inutilmente seu corpo com seus próprios militantes. Enquanto isto os principais fatos políticos de nossa época passam impunes, despercebidos, intocados por esta gestão, sem programa, sem membros.

Dessa maneira, qual deve ser o horizonte para um Centro Acadêmico? Acredito que boa parte dos ingressantes, em qualquer Ciência Humana, carrega certo anseio transformador, gerado pelo incomodo perante a realidade. Dessa maneira, o Centro Acadêmico representante desses alunos deve ser a ponte que auxilie os estudantes a ligar a teoria crítica e transformadora, produzida nas salas de aula, à realidade cruel de milhares de trabalhadores, mulheres, homossexuais, negros, pobres. Em contrapartida, ser também, dentro da Universidade, o eco das vozes dos morros e periferias, a tribuna no qual os excluídos e marginalizados, os oprimidos e explorados, possam discursar. O horizonte do Centro Acadêmico de Ciências Humanas deve ser a superação do modelo educacional empresarial pactuado com o imperialismo durante a Ditadura e da sociedade, através de sua aliança com os setores mais explorados; ser a ilha de discussão política e ação prática, rodeada pelo mar da estagnação acadêmica; ser o contraponto no qual todos possam ouvir e questionar, aprender e ensinar.
 
Em uma das ultimas reuniões ordinárias do CA, estavam presentes cerca de trinta estudantes. Eu, juntamente com meus companheiros da LER-QI, propusemos a rediscussão do balanço e perspectivas da atual gestão, para que pudéssemos chamar uma assembleia geral com este mesmo tema, já que da ultima vez que este tema foi discutido na reunião do CACH a posição do PSTU contraria a assembleia venceu. Esperávamos ouvir a opinião de muitos estudantes, que, apesar de discutirem e se posicionarem, rotineiramente, não frequentam as reuniões ordinárias do CA. Para a minha surpresa, e a de muitos estudantes ali presentes, os companheiros do PSTU, fizeram uma defesa apaixonada do silêncio, da omissão. Desviando a atenção para o processo burocrático das eleições de diretoria do instituto ao invés de se preocupar com a auto-organização estudantil no CACH.  Reduzindo cinicamente em seu discurso todas as discussões do CACH “a um debate entre LER-QI e PSTU", com a finalidade de generalizar a todos os estudantes não organizados um desinteresse em realizar a assembleia, desinteresse que era apenas seu. Levaram a crer que apenas os “organizados” são capazes de se posicionar perante a questão em pauta, e que os estudantes ‘independentes’, por não possuírem "uma posição unificada", estavam impossibilitados de poder dizer o que pensam (o que efetivamente está acontecendo sem um espaço amplo para discussão) – como se a legitimidade da crítica e da proposição fosse privilégio dos “mobilizados” ou dos “organizados”. Ao invés de se posicionarem a favor de uma assembleia, onde os estudantes pudessem se inteirar e se posicionar sobre os acontecimentos, o PSTU adotando uma postura burocrática preferiu esconder esse debate da base dos estudantes e tomar para si a direção do CA, sem que todos pudessem se posicionar politicamente sobre qual CA temos de construir. Votaram sozinhos contra a proposta de reabertura deste ponto de pauta, e infelizmente foi o suficiente para que ganhassem a votação.

Apesar de sustentar um ponto de vista crítico perante o CA, estive sempre preocupado em conhecer as opiniões de todos os estudantes, sejam elas convergentes ou divergentes da minha. Por isso, desde meu primeiro posicionamento público, defendi a construção de uma Assembleia, na qual todos pudessem apontar suas opiniões, críticas e propostas, contudo o bloqueio silencioso dos companheiros do PSTU venceu em todos os momentos. E dessa forma, não vejo motivos para permanecer na atual gestão. Não posso continuar como coordenador de uma gestão falida, já inexistente, que não é capaz de cumprir o mínimo de seu dever democrático frente a sua fragmentação, ou seja, chamar uma assembleia de balanço e perspectivas. 

O anúncio de meu rompimento com o CACH não significa abandono do CA, mas sim uma posição de princípio que lutarei apaixonadamente para defender com meus colegas. Defendo um CA, que combine militantes organizados e independentes, dotado de horizontes, que também possa acolher todos os posicionamentos críticos e propositivos, que não se omita perante um estado agudo de desagregação, que expresse sua opinião, mas ouça também as demais. Defendo uma CA que se erga sobre um programa, que se ligue aos principais processos de luta dentro e fora da universidade, politizando o instituto com debates e atividades, mantendo uma relação orgânica com a base de estudantes através da auto-organização, como as assembleias. Unificando o movimento estudantil e se aliando aos trabalhadores, numa clara perspectiva de se defrontar com o atual projeto de universidade privatista e elitista, e sua estrutura de poder antidemocrática e repressiva.

Dessa forma, anuncio hoje meu afastamento da gestão “Intergalácticos: Uni-vos!” e faço um chamado para que o conjunto dos estudantes para que avancemos para a construção de uma novo centro acadêmico.

Fabiano Galletti, militante da Juventude Às Ruas e LER-QI.
Campinas 09 de outubro de 2012