quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FAÇON: DA LUTA CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO ÀS LIÇÕES DA CLASSE TRABALHADORA.


Na quinta-feira, 27 de setembro, os operários da Façon – empresa quarteirizada do metro, terceirizada pela Alstom – ocuparam o canteiro e impediram que os seus equipamentos fosse retirados, exigindo seus salários atrasados e todos seus benefícios após a “falência” da empresa. Pela revolta de não terem sido pagos, e o desleixo do sindicado da construção civil, os trabalhadores tiveram que recorrer a sua própria (e única real) força, a auto-organização, para alcançar suas demandas. Onde puderam fazer a experiência com o sindicato da construção civil, dirigido pela Força Sindical, que mais uma vez demonstrou o papel importante que essa sindical tem para frear a luta dos trabalhadores e negociar com a empresa por fora das necessidades da classe trabalhadora.

É em meio a uma das maiores crises do capitalismo, e frente ao giro a direita do governo Dilma que assistimos um despertar da classe trabalhadora e da juventude, dando seus primeiros passos, seus primeiro combates. É possível hoje, diferentemente do que há cinco, dez anos atrás, ouvir falar de ondas de greves, insurreições populares, a reaparição da classe trabalhadora como agente de luta e de transformação social. Com a vinda da Copa para o Brasil, daqui há dois anos, tanto a repressão como assistimos em Porto Alegre, como os ataques a classe trabalhadora, como é o ACE (Acordo Coletivo Especial) apresentado pelo sindicato do ABC, ou as próprias leis da Copa como a que proíbe greves de determinados setores da produção três meses antes e três meses depois do grande evento capitalista, só tendem a aumentar, desconstruindo assim, o “Brasil Potência”, “democrático”, “para todos” tão disseminado durante os anos de crescimentos econômico, gradualismo. Daí a importância de da juventude acompanhar para se apropriar das lições dos processos de luta dos trabalhadores e não começar do zero.

Como resolução tirada em nosso encontro aberto da Juventude ÀS RUAS, no dia 29/10, onde discutíamos a centralidade da aliança operário-estudantil para uma juventude que hoje se propõem a cumprir um papel decisivo na luta de classes, fomos ao canteiro, expressar nossa solidariedade a luta dos companheiros da Façon e Areza (empresa terceirizada pela Façon, tornando-se uma quinteirizada do metro). É com a perspectiva de aprendermos com a classe trabalhadora: seus métodos de luta, sua força, a auto-organização e com a compreensão da força que trazemos ao nos ligarmos aos trabalhadores, levando para eles a síntese acumulada por décadas das lutas e lições da classe trabalhadora a nível mundial, levando o marxismo-revolucionário que fundimos a teoria com a prática, a juventude que hoje desperta com a classe trabalhadora.
Sem dúvida um processo tão radicalizado como este, com a ocupação física do canteiro, contribui para a politização e uma formação de consciência destes trabalhadores. Uma luta que se inicia pelo cumprimento do contrato salarial (pagamento do salario e benefícios) demonstra que nem mesmo os direitos mínimos que a legislação burguesa reconhece podem ser garantidos sem luta. Por outro lado, é uma experiência muito importante para a juventude que nasceu num período marcado pelo fim da história e pela ausência da classe trabalhadora como sujeito revolucionário. Em tamanho retrocesso ideológico em que vivemos, é importante que a juventude que não carrega o desanimo e o ceticismo advindo das derrotas e traições da classe trabalhadora do século XX.

Para unificar as fileiras da classe trabalhadora: é preciso unificar as demandas, convencer os efetivos a lutarem por seus irmãos de classe mais precarizados.

O boom da terceirização advinda da crise dos 70, como medida de reduzir gastos e dividir ainda mais a classe trabalhadora (entre efetivos e terceirizados), onde os terceirizados além de não receberem os direitos mínimos garantidos aos efetivos, também não tem representatividade no sindicato e muito menos uma visibilidade nas lutas dos efetivos. Nós da juventude ÀS RUAS combatemos a terceirização, não só pela condição miserável de trabalho, mas pelo objetivo estratégico de unificar as fileiras da classe trabalhadora.

É nesse sentido que reivindicamos a postura do sindicato dos metroviários que pelo acompanhamento da luta dos operários forçou que o sindicato da construção civil começasse pelo menos à aparecer e dizer, ainda que nada mais que pura demagogia, apoio a luta. Também por conseguirem refeições para dez trabalhadores, garantindo que os trabalhadores pudessem concretamente manter os turnos e a ocupação. Por outro lado, não podemos ignorar a contradição que mesmo com um indicativo de greve ou ainda catraca livre para o METRO na quinta-feira, reivindicando PR igual para todos os funcionários, não tenha incorporado a pauta dos quarteirizados e quinteirizados que foram na terça-feira panfletar a carta-aberta que demonstra o anseio desses trabalhadores em lutar e conquistar seus direitos, assim como já reconhecem, no metro – diferentemente da visão dos metroviários em relação aos não-efetivos – como membros de uma mesma classe explorada e oprimida.

Muita confiança na democracia burguesa, pouca confiança na classe trabalhadora!

Na quarta-feira, o sindicato do METRO, fechou um acordo junto com a comissão dos trabalhadores e a Alstom de que a empresa se responsabilizaria por todos os funcionários (da Alstom, Façon e Areza) assinando um acordo com o Ministério Publico do Trabalho. Lamentavelmente, a linha do sindicato dirigido pelo PSTU, foi de depositar a confiança desses lutadores na justiça burguesa e não em suas próprias forças. E por mais que falassem que o acordo vinha do resultado da luta destes, o que é correto, apontava que a próxima etapa poderia ser cumprida pela legislação burguesa. Tirando desses trabalhadores, a sua moeda de troca com os patrões: suas maquinas e o canteiro ocupado.

A ilusão durou apenas até sexta-feira, dia em que ficara decidido da Alstom pagar todos os funcionários. O que surpreendeu os trabalhadores e o sindicato (surpreendeu pela adaptação da democracia burguesa) foi a Alstom pagar apenas os funcionários contratados por essa e mais uma vez, impor a divisão dos trabalhadores por contratos diferentes.

O papel de uma juventude revolucionaria no Brasil hoje!

Mais um conflito segue em aberto, sem garantias para os trabalhadores, pelo mesmo motivo que já definia Trotsky como também motivo da crise da humanidade: a crise de direção. A experiência que tivemos ano passado, com as terceirizadas da UNIÃO na USP, contribuiu para vermos o papel importante da juventude na luta de classes. Principalmente, como fator moral para os trabalhadores levantarem suas cabeças e começarem a provar de sua própria força. Assim como assistimos no Chile, no Estado Espanhol, na própria Primavera Árabe a juventude aparecendo como uma caixa de ressonância que anuncia o fim da etapa de “passividade” entre as classes.

Por isso é preciso repetir a pergunta que fizemos durante o nosso encontro aberto realizado no fim de Setembro: qual caráter de juventude se faz necessária frente a uma crise capitalista somente comparada a crise dos anos 30? Quais as tarefas de uma juventude que se propõem a mudar radicalmente a sociedade de classes?

Para nós da Juventude ÀS RUAS, somente uma juventude que se ligue realmente com a classe trabalhadora, para além do discurso, que tenha como principio a independência de classe e que se utilize do marxismo-revolucionário como instrumento da classe trabalhadora é capaz de responder as tarefas que a época imperialista nos impõe.

Nesse sentido, é preciso perguntar aonde está a juventude do PSTU e do PSOL num conflito de mais de 100 operários sob regimes ultra precarizados? Convocamos essas duas correntes que se reivindicam de esquerda e aliança com a classe trabalhadora para atuarem nestes espaços, e que contribuam para elevar a consciência das massas, conseguindo transpor as lutas do âmbito sindical para o político, da luta pelos salários para a luta pela tomada do poder!

Por fim, entendemos que a luta não pode se encerrar. É preciso que a esquerda anti-capitalista hoje levante uma grande solidariedade aos lutadores da Façon e da Areza e exigimos que o METRO o pagamento dos salários e benefícios de todos os funcionários que deveriam ser funcionário efetivos da mesma empresa, já que trabalham todos no mesmo local para a mesma empresa.

Convidamos a juventude que começa hoje a fazer suas primeiras experiências com a vida política a aprofundarem suas relações com uma juventude que hoje se organiza junto com militantes da LER-QI (Liga Estratégica Revolucionária – Quarta Internacional) com um perfil claro pró-operário, anti-capitalista, anti-imperialista, anti-policia e marxista.


Pelo pagamento IMEDIATO de todos os salários e benefícios dos companheiros da Façon e da Areza! (Igual trabalho, igual salário).

Por um sindicato sem burocratas, a serviço da classe trabalhadora.

Pela auto-organização da classe trabalhadora!

Pela unificação das fileiras da classe trabalhadora!

Pela efetivação de todos os terceirizados, quarteirizados e quinteirizados pelo METRO sem concurso público


Conheça, discuta, milite com a JUVENTUDE ÀS RUAS.

Acompanhe também a atuação dos companheiros do Metroviários Pela Base!!!
http://metroviariospelabase.blogspot.com.br/

0 comentários:

Postar um comentário