terça-feira, 23 de outubro de 2012

No segundo turno, voto nulo programático! Seguir na luta, com independência de classe, pela auto-organização, pela aliança operário-estudantil!

O espectro do “mal menor” está rondando a Universidade de São Paulo nos últimos dias. Na falta de alternativas o “menos pior” surge como uma solução aparente. Entre o tucanato paulistano e o petismo acadêmico, a maioria dos estudantes da USP vêm apresentando uma simpatia maior em relação ao último. Porém, entendemos que há uma maneira de contornar essa dicotomia, na verdade inexistente. Defendemos um voto nulo programático, que denuncie profundamente não só as candidaturas dos patrões (PSDB e PT) como também o próprio processo eleitoral que privilegia os candidatos financiados por grandes empresas. Vamos então aos candidatos.


O candidato do PT em São Paulo não pode ser dissociado da política do governo federal. Desde 2002 o PT vem se mostrando, cada vez mais abertamente (pois esse curso começa muito antes), um partido a serviço dos interesses do grande capital. “Nunca antes na história desse país os banqueiros, [empreiteiros e grandes empresários] lucraram tanto!”, como diz o próprio Lula. Ainda existe um sentimento de esperança petista rondando a intelectualidade uspiana graças às políticas de seguridade social promovidas pelo Estado. Porém, basta olharmos com calma o que vem sendo concretamente a política do PT. Vimos no começo do governo Lula um ataque histórico aos trabalhadores com a reforma da previdência. Além de não reverter absolutamente nenhuma privatização ocorrida no governo de FHC, o governo petista vem acelerando um processo de privatização que se traveste pela palavra "concessão" (o que significa que daqui a 20 anos (!!) os aeroportos serão novamente propriedade do Estado, e agora o mesmo com rodovias e ferrovias). As repressões aos trabalhadores não se ativeram somente às Universidades federais (com corte de pontos de professores e prisões a manifestantes), mas também às greves do PAC (Jirau, Santo Antônio e Suape), agora institucionalizadas com a lei da Copa. Os cortes orçamentários de Dilma (em setores como transportes, saúde e educação) mostram que o Partido dos Trabalhadores tem um projeto para a crise que se aproxima - ataques categóricos aos trabalhadores.

Em São Paulo as coisas serão ainda piores. Haddad está aliado à Igreja Universal e a Maluf (do "estupra mas não mata", do "ROTA na rua, bandido bom é bandido morto" e do "professora não é mal paga, é mal casada"; governador biônico da ditadura responsável pela vala clandestina de Perus, onde a policia enterrou trabalhadores e militantes contra a ditadura). No momento em que se constrói uma campanha por uma Comissão da Verdade da USP, o petismo chama jovens que honestamente lutam contra a herança da ditadura a votar no aliado de uma das maiores figuras do ARENA! Com esses aliados, não haverá verdade, somente mais impunidade aos torturadores, de ontem e de hoje. Haddad, cujo financiamento de candidatura foi o mais caro do país (parece que estamos falando do Serra, mas não! É do Haddad mesmo!) é o escolhido por Lula para ser o prefeito da maior cidade do país. Dentro de seu partido, Haddad se coloca mais à direita. Seus principais programas para a educação foram mal vistos até por setores do PT pelo seu caráter precarizante e pela parceria privada. O Prouni, por exemplo, transfere verbas para Universidades privadas em detrimento do investimento público. Estima-se que, com o orçamento do Prouni, para cada vaga em uma Universidade particular, três outras vagas em Universidades federais poderiam ser criadas. O Reuni mostrou seu caráter verdadeiro nas greves das federais deste ano. Agora em São Paulo Haddad se coloca ainda mais à direita de setores de seu partido com a declaração sobre as parcerias público-privadas na saúde, ele disse que fortalecerá a relação da prefeitura paulistana com as OSs (organizações sociais). O que será o arco do futuro senão um enriquecimento milionário das mesmas empreiteiras que financiaram sua campanha?


O socialismo de butique do candidato petista vem atraindo parte da juventude. Em suas 65 páginas de deturpação do legado marxista - Em defesa do socialismo (1998) - Haddad faz malabarismos teóricos para justificar uma total adaptação ao sistema como está. Doze anos depois o candidato do Maluf conseguiu caminhar ainda mais à direita recebendo financiamentos para sua campanha de empreiteiras milionárias que patrocinam a “higienização” de Kassab no centro (só a OAS doou cerca de 1 milhão de reais, um pouco mais do que para a campanha de José Serra), assinando embaixo com Edir Macedo para não discutir o tema do aborto e dividindo o mesmo kit anti-homofobia com Serra. A cada ano que passa o arco do futuro de Haddad entorta cada vez mais à direita.


É evidente que o PSDB não representa nenhuma vantagem como alternativa ao petista. O candidato dos tucanos tem um longo currículo de ataques aos direitos da juventude, dos trabalhadores e da população pobre: o desmonte da educação, transporte, saúde e demais direitos básicos da população do estado e da cidade de São Paulo. As greves dos professores do estado de SP ao longo dos anos se colocaram contra este projeto de precarização acelerada da educação. E neste âmbito podemos ver como funciona a “parceria” entre PT e PSDB: os tucanos atacavam “por cima”, reprimindo violentamente as greves, com a policia, demissões, cortes de ponto, divisão dos professores dentro da própria categoria; enquanto isso, os petistas atacavam “por baixo”, consolidando o sindicato dos professores (APEOESP) como um ninho de burocratas sindicais ligados a este partido, que fizeram todo tipo de manobra para impedir que as greves fossem vitoriosas e colocar a categoria em condições ainda piores. 


Recentemente, Serra vem mostrando como está disposto a se apresentar cada vez mais como a “mão dura” desta dobradinha que os dois partidos fazem para manter os lucros dos capitalistas. Além do Pinheirinho e da “Crackolândia”, a repressão na própria USP é um emblema disso, com a perseguição ao Sintusp, a demissão de Brandão, a eliminação de estudantes, a PM, e as dezenas de processos em curso.Nos últimos meses, a repressão por parte da policia subiu a patamares ainda mais elevados, e bem aqui ao nosso lado, na São Remo, a PM instituiu um toque de recolher e já assassinou vários moradores, a maioria jovem. Para reforçar sua posição, Serra saiu em defesa do Coronel Telhada, assassino da ROTA recém-eleito por seu partido para o cargo de vereador.


Diante deste cenário, o que temos a dizer aos trabalhadores e a juventude é que temos que contar com nossas próprias forças, lutando por nossa auto-organização e sabendo que, quem quer que ganhe estas eleições, teremos que enfrentar em duros combates. Por isto não devemos dar nosso voto a um suposto “menos pior”, mas sim votar nulo e seguir confiando na construção da aliança operário-estudantil como única resposta efetiva para os problemas que a juventude, a população pobre e os trabalhadores sofrem cotidianamente. Apoiar o suposto “mal menor” vai na contramão disso. Na luta não há independência de classe escolhendo uma fração da burguesia para apoiar; nas eleições não é diferente.

Por isso, nos opomos totalmente a politica de conciliação entre as classes em luta que apresentam setores do movimento estudantil. A “Universidade em Movimento”, que está na gestão do CEUPES, vem fazendo campanha por Haddad orgulhosamente. Esses sequer falam em “mal menor”, falam em “socialismo”! É o retorno ao movimento estudantil da USP do governismo que durante anos tirou as entidades da luta, ligando-as ao regime universitário. Não é muito melhor a posição do PSOL, quando chama indistintamente o voto nulo e o voto em Haddad, dizendo que ambos são “legítimos” e que seus eleitores são “suficientemente capazes e politizados” para tomar uma decisão. Não a toa, sua principal figura publica, Plinio de Arruda Sampaio, manifestou publicamente sua preferência por Serra! 

No segundo turno, voto nulo programático! Seguir na luta pela auto-organização, pela aliança operário-estudantil!


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