quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Assembleia “eleitoral” da Letras termina com dezenas de estudantes se mobilizando contra a violência policial na São Remo

Por Pardal


Hoje, dia 31 de outubro, ocorreu uma assembleia dos estudantes de Letras da USP, um evento que tem sido muito raro na gestão Travessia (MES-PSOL e independentes) que dirige atualmente o Centro Acadêmico do curso, o Caell. Com esta assembleia, a segunda convocada em duas semanas com a mesma pauta (calendário eleitoral do Caell), a gestão pretendia votar novamente a data das eleições, já deliberada na semana anterior, pois a decisão anterior lhe desagradou.
Contudo, os estudantes ali presentes rapidamente descartaram esta pauta já vencida e apoiaram a proposta da Juventude às Ruas de discutir o tema dos ataques à favela São Remo, localizada ao lado do campus e onde moram muitos dos trabalhadores, particularmente os terceirizados. A São Remo está há diversos meses sob a ameaça – que já está se concretizando com a recente remoção de cerca de 140 famílias – do projeto de “reurbanização” (um eufemismo bastante cínico para o despejo dos moradores). Agora, a este ataque, soma-se um verdadeiro estado de sítio permanente implementado pela polícia na comunidade.
Nas últimas semanas foram diversos assassinatos, inclusive de crianças e adolescentes, pelo simples fato de estarem na rua após o “toque de recolher” que está instaurado pela genocida polícia militar. Ontem houve um avanço no projeto, com uma operação conjunta da polícia militar e civil para entrar na São Remo a pretexto de procurar os assassinos de um soldado da ROTA. A polícia passou a violar abertamente e sem pudores todos os direitos, invadindo as casas e revistando pessoas.
Diante deste cenário, os estudantes da Letras debateram estas questões em sua assembleia e deliberaram por se incorporar à reunião aberta que está sendo convocada para segunda-feira pelo Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp) e a Associação de Moradores da São Remo. Para começar a mobilizar o curso, ao término da assembleia da noite cerca de trinta estudantes passaram nas salas de aula, discutindo com os estudantes o absurdo da situação da São Remo, e colocando como a política de repressão da reitoria de Rodas está completamente vinculada a isso. A mesma polícia que reprimiu a mobilização dos estudantes em anos anteriores hoje está batendo novos recordes de genocídio da população negra em São Paulo, e não podemos nos calar diante disso.
A passagem em sala, em que estiveram presentes a Juventude às Ruas, o DCE e dezenas de estudantes independentes, infelizmente não contou com a presença dos que haviam convocado a assembleia “eleitoral”, que se transformou em uma assembleia para discutir a solidariedade ativa dos estudantes aos moradores da São Remo. Desta forma, mais uma vez o MES e a gestão Travessia mostram que estão longe de querer construir um movimento estudantil ligado aos trabalhadores e às demandas do povo pobre e negro que é excluído das universidades pelo filtro social do vestibular. A Juventude às Ruas tem orgulho de ter estado na linha de frente com os estudantes da Letras e chama todos a se incorporarem aos próximos passos das medidas de luta contra a violência policial e o despejo dos moradores.

Todos à reunião no Sintusp, dia 5-11, às 16h, para organizar a luta!

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