quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ABAIXO A REPRESSÃO DENTRO E FORA DA USP!


O processo administrativo que visa a eliminação e demissão de estudantes e trabalhadores, originado na ocupação da reitoria e na moradia retomada, caminha para sua conclusão nas próximas semanas. O processo não passa de uma inquisição, onde a reitoria acusa, colhe provas, julga e puni, e tudo isso baseado em um decreto oriundo da ditadura militar. A eliminação e demissão dos lutadores que se ergueram contra essa universidade elitista e pela defesa da universidade pública, contra sua privatização, centralmente em torno das consignas “Fim dos processos!” e “Fora PM da USP” - que é bem sabido não esta lá por segurança alguma, mas apenas para sufocar a mobilização política contra o projeto da reitoria - mas também pela polícia fora dos morros, favelas, e periferias, deve ser barrada a todo custo! O movimento estudantil precisar dar uma resposta dura por via de uma mobilização organizada!

Nós que sempre defendemos essa consigna temos certeza de que ela nunca foi tão atual e necessária. Em baixo de nossos narizes, logo ali na São Remo, a polícia genocida e racista vem atuando de forma selvagem. Atualmente, existe nessa favela um toque de recolher não oficial, onde simplesmente a PM decretou que quem estiver na rua após as 22h pode ser morto. Isso por conta das prováveis quebras de acordo entre a polícia e o crime organizado. Essa onda de violência vem se manifestando não apenas na São Remo, mas em grande parte da periferia e região metropolitana de São Paulo. Nas últimas duas semanas foram mais de 8 pessoas mortas pela polícia nessa comunidade. A última delas foi um garoto, baleado nas costas pelo fato de ter ido comprar leite condensado para sua mãe depois das 22h. Além de sofrer cotidianamente com esse aparato repressor, herança da ditadura militar, essa favela está ainda na linha de fogo da reitoria e da burocracia acadêmica, com o tal do projeto de reurbanização, que na prática sabemos o que significa: despejo! Isso, porque a USP quer de volta seus terrenos dessa região, e já vem esboçando a algum tempo com seus arquitetos da FAU esse projeto, mais uma mostra de a serviço de que esta essa universidade hoje.

Precisamos estar ao lado desses trabalhadores, muitos deles inclusive trabalhadores precários da própria USP, barrar esse projeto de reurbanização e seguir fortemente na luta contra a repressão e contra a polícia, dentro e fora da universidade.

 O desmonte da Prefeitura do Campus da Capital - avança o projeto privatista de Rodas e da burocracia acadêmica.


A prefeitura do Campus desempenha um papel fundamental para o funcionamento da USP. Está em curso hoje, na universidade, um processo de desmonte da prefeitura. Isso significa, na prática, um desmonte também do corpo de funcionários contratados da prefeitura, ou seja, eles seriam transferidos ou, potencialmente, demitidos.

Com o desmonte da prefeitura, quem cumprirá as tarefas que ela cumpria? Empresas terceirizadas. Nesse momento, é aberto um espaço para a iniciativa privada atuar em uma Universidade Pública, projeto que está em curso há décadas na USP e que vem se acentuando cada vez mais nos últimos anos – um exemplo claro é a extinção dos circulares e criação do BUSP. Sem contar que o salário de um terceirizado é pelo menos 3 vezes menor do que o de um efetivo, e com uma diferença enorme de direitos adquiridos por anos de luta da categoria.

Além disso, os funcionários da prefeitura do Campus sempre desempenharam um papel histórico e fundamental na luta por melhores condições de trabalho, por uma USP mais democrática e pública de fato, apoiando inclusive a luta dos estudantes. Desmontar a prefeitura significa, também, desarticular politicamente esses trabalhadores, enfraquecendo sua histórica resistência frente aos ataques brutais da reitoria. E esses ataques não estão dissociados da questão da repressão dentro e fora da Universidade, da inserção da PM na USP e da utilização da força para garantir a “ordem”, impedindo que manifestações políticas ameacem esse projeto elitista e privatista de Universidade.


A FFLCH ameaçada de divisão


Medidas semelhantes a essas, também de acordo com a política da reitoria, estão sendo preparadas na FFLCH. A política defendida pelo novo diretor, Sérgio Adorno, de divisão da faculdade, visa concentrar mais recursos na formação de especialistas para o mercado e o estado, em detrimento da formação básica, bem como desarticular a vanguarda que se concentra na unidade (como faz na prefeitura). A política que está sendo levantada pelas entidades estudantis e pela ADUSP, de uma plenária institucional, na medida em que está separada de qualquer medida de mobilização, é uma adaptação ao regime universitário e seria completamente incapaz de barrar esse ataque.

 E o DCE faz... um plebiscito que não fala de nada disso!


Diante da ofensiva da reitoria, é necessária uma campanha que ligue os estudantes da USP a aliados que também sofrem com a repressão, como os próprios trabalhadores da Universidade, os moradores da São Remo e lutadores das demais universidades, como as estaduais paulistas e a UNIFESP. A atual gestão do DCE não vem tomando medidas nesse sentido, a começar pelo XI Congresso dos Estudantes da USP, onde demonstrou que contrapõe a luta pela democratização e a luta contra a repressão. Como pode existir democracia dentro da universidade quando os lutadores estão sendo reprimidos e impedidos de manifestar politicamente? Essas duas questões estão intimamente ligadas, e não podem estar contrapostas.

Isso fica claro se olharmos para o plebiscito que o DCE impulsionará essa semana. Ele poderia ser útil para gerar uma ampla discussão nos cursos, mas isso precisa servir para preparar uma mobilização. O que o DCE faz é o contrário, não impulsionando a organização dos estudantes como deveria, visto o pouco peso dado às assembleias pela atual gestão, deixa qualquer tipo de mobilização séria para um futuro que não existe.

O plebiscito visa apenas às próximas eleições estudantis. Em sua campanha sequer cita os mais de 100 estudantes e trabalhadores processados, que podem ser eliminados da universidade, a demissão do dirigente sindical Claudionor Brandão, ou os 8 estudantes que já foram eliminados, entre eles a companheira Amanda, ameaçada de despejo do CRUSP com seu filho de menos de um ano! As perguntas não trazem uma discussão sobre a real democratização da USP, e sim uma campanha pelo programa que essa gestão - e a chapa que ela formará para concorrer às eleições no próximo mês - defende, reduzindo a discussão da estrutura de poder ao "sim ou não" para eleições diretas e estatuinte paritária. As diretas são insuficientes, pois não alteram a estrutura de poder da universidade, mantém organismos como o CO e o próprio reitorado que precisam ser dissolvidos para atacar a burocracia acadêmica, e a paridade apenas garante que o voto de um professor valha cerca de cinco vezes o de um funcionário e quinze vezes o de um estudante. Como mínimo deveríamos exigir uma cabeça um voto, dissolução do CO, e a constituição de uma estatuinte livre e soberana composta pelos três setores.

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