terça-feira, 19 de março de 2013

VOTO NULO PROGRMÁTICO PARA REITOR NA UNICAMP



SÓ A LUTA CONQUISTA! NENHUMA ILUSÃO NA REITORIA E SEUS CANDIDATOS!
POR UM VOTO NULO CATEGORICO CONTRA A ESTRUTURA DE PODER DA UNIVERSIDADE!
Nos dias 20 e 21 de março acontecerá o 2º turno da consulta para REItor na Unicamp. Trata-se de umas das consultas mais acirradas dos últimos anos, onde Tadeu, com 48,30% dos votos, e Saad, com 40,08%, estão recebendo apoio e campanhas de distintos setores da Universidade, inclusive de setores do movimento estudantil. Enquanto isto a repressão segue por parte das REItorias e do Estado de São Paulo, sendo que na USP 72 estudantes e trabalhadores, que lutam em defesa da universidade pública, receberam suspensões de Rodas (REItor da USP) combinado com a acusação do Ministério Público de formação de quadrilha, que quer prende-los por 8 anos. Ao mesmo tempo na Unicamp nossas bibliotecas pegam fogo, como aconteceu na do IEL poucas semanas atrás, colocando a vida dos trabalhadores e estudantes em risco e destruindo parte de seu inestimável acervo; a moradia permanece em extrema precariedade e com alarmante falta de vagas; permanece a precarização do trabalho e das estruturas através da terceirização, e a inciativa privada lucra como nunca, com milhões investidos na construção de novos prédios exclusivos para elas. Frente a tudo isto o movimento estudantil é impelido a se posicionar sobre a consulta, e por isto escrevemos este material para contribuir neste importante debate e tornar publica nossa posição.
O que estamos “elegendo”? A consulta para REItor, que acontece de quatro em quatro anos, para a qual só podem se candidatar professores, é uma das partes mais antidemocráticas da atual estrutura que gerencia a universidade. Na realidade a comunidade acadêmica não tem absolutamente nenhum poder de decisão, por isso chama-se “consulta”. O real poder de eleger o REItor esta concentrado num grupo restrito de professores, chamada burocracia acadêmica, e em uma só pessoa, o governador do Estado de São Paulo, que dá a ultima palavra sobre quem será o escolhido para gerir a universidade e a  sua estrutura de poder.
O REItor é o topo da estrutura de poder da universidade, que é tão antidemocrática quanto própria consulta. Suas instâncias de deliberação, como o conselho universitário e as congregações, assim como na consulta, tem peso completamente desproporcional na participação das três categorias. Os professores têm 70% da participação e dos votos, estudantes e trabalhadores 15% cada. Os professores, que estão muitas vezes atrelados com projetos do governo e pesquisas para grandes empresas privadas, mandam na universidade sob seus próprios interesses, tornando-se assim uma burocracia acadêmica.  Ou seja, trata-se de uma das estruturas mais antidemocráticas e ultrapassadas de nossa sociedade. Enquanto nas eleições presidenciais, que já são tremendamente antidemocráticas, o voto de uma trabalhadora da limpeza equivale o mesmo que o voto de um empresário, na universidade o voto de um professor vale por centenas de estudante e trabalhadores.
Além disto, o estatuto que rege as normas da universidade, que foi criado na ditadura militar, é uma copia quase perfeita do AI-5, podendo punir arbitrariamente, “por má conduta”, qualquer tipo de mobilização, atividade politica e cultural. Os processos internos acontecem de forma sumária, ou seja, a REItoria acusa, julga e pune, e os acusandos são considerados culpados até que provem o contrario. É com este estatuto que as REItorias, vem punido, expulsando e demitindo trabalhadores e estudantes que discordam e lutam contra o atual projeto de universidade, como foi o caso dos 5 estudantes da Unicamp que lutavam por mais vagas para a moradia em 2010. É esta estrutura também que vem permitindo que polícia entre no campus, quebrando a autonomia universitária, para reprimir as greves e mobilizações, como o caso da greve dos trabalhadores da USP em 2009, da ocupação da administração da moradia da Unicamp em 2010, da brutal reintegração de posse da REItoria da USP em 2011, ou até mesmo para prender os equipamentos da radio muda na calada na noite.
O que defendemos? Historicamente o movimento estudantil, na busca de democratizar esta estrutura de poder, defendendo eleições diretas para REItor, ou seja, sem a intervenção do governador, e que as eleições, assim como as instâncias de deliberação,  sejam paritárias, ou seja, professores, estudantes e trabalhadores com 1/3 de voto e participação cada. Este é o programa que defendem grupos políticos como setores do PT, PSOL e PSTU. Mas, se pararmos para refletir um minuto, vemos a insuficiência deste programa “histórico”. Mesmo que o REItor seja escolhido diretamente, ele continua no topo desta estrutura, ainda com o estatuto da ditadura militar, ainda concentra em si o poder de punir arbitrariamente aqueles que lutam na universidade. Além disto, os pesos das categorias continuam completamente desproporcionais, mantendo intacta a burocracia acadêmica. O mínimo de conquista democrática, mesmo que formal, que conquistamos séculos atrás, é que cada cabeça, cada pessoa, tenha direito a um voto. Por que na universidade tem que ser diferente?
Por isso nós defendemos que a real democratização da universidade só é possível revendo toda sua estrutura, construindo uma assembleia estatuinte, composta pelas três categorias, baseada na mobilização independente das REItorias e dos governos, que  possa abolir o estatuto da ditadura e o conselho universitário, e construa um governo tripartite, ou seja, composta pelas três categorias, expressando os peso real de cada, e a participação realmente proporcional a sua composição na universidade, a partir do sufrágio universal, onde estudantes, trabalhadores e professores tenham direito a um voto por cabeça. Desta forma poderemos de fato ter plena participação nos rumos da universidade, podendo colocar as prioridades reais dos estudantes, trabalhadores e professores, assim como voltar os interesses da universidade não para os projetos do governo e da iniciativa privada, mas sim, ao conjunto da juventude, da população e dos trabalhadores, abolindo o vestibular para a real democratização do ensino.
Quem são os candidatos? Na atual consulta os candidatos que foram para segundo turno são Mario Saad, atual diretor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, sucessor formal de Fernando Costa, atual REItor, e Tadeu Jorge, atual professor titular na Faculdade de Engenharia Agrícola, ex-reitor, membro da FIESP, saindo com uma candidatura supostamente de oposição a atual gestão, embora seja na realidade parte do mesmo grupo que permanece na REItoria nas últimas décadas, apoiando inclusive o próprio Fernando Costa em sua candidatura em 2009. Ambos os candidatos pretendem implementar o mesmo projeto de universidade que tanto ouvimos falar nos últimos tempos, o projeto de “excelência”. Trata-se de um projeto que privatiza o ensino, abrindo parcerias com empresas privadas que sugam o conhecimento aqui produzido em favor de seus lucros, retirando cada vez mais o caráter público da universidade que deveria servir aos interesses da população e não de grandes empresários; um projeto elitista que mantem a maior parte da juventude pobre e negra fora da universidade através do filtro social do vestibular, um projeto que precariza o ensino e o trabalho, não contratando professores e funcionários conforme a demanda, consequentemente sucateando os cursos que não atendem aos interesses do mercado, que terceiriza o trabalho mantendo centenas de mulheres, na maioria, em situação de acidentes de trabalho, assédios e salários de fome, enriquecendo empresas privadas que super-exploram os trabalhadores, empresas estas que “falem” deixando obras inacabadas por todo o campus.
A diferença entre os candidatos está somente na forma como vão implementar esse projeto. Saad, sucessor direto de Fernando Costa aparece na campanha como o “linha dura”. Tadeu, que seria o “linha leve”, na realidade não é tão diferente. O suposto discurso “boa onda” de Tadeu, pelo qual lhe dão o rótulo de “mais democrático” ou “menos pior”, é uma das suas principais armas para atacar o movimento estudantil e dos trabalhadores. Em 2007, diante a forte mobilização estadual do ME, utilizou este discurso para iludir os estudantes, dizendo que suas reinvindicações seriam atendidas para depois puni-los e nunca cumprir absolutamente nada do que haviam prometido, mostrando como está preparado para reprimir e acabar com qualquer luta estudantil. E só não levou até o final os processos por conta da correlação de forças desfavorável. Além disto, como membro do CRUESP (Órgão que une as REItorias das três universidades estaduais), participou das punições aos estudantes da Unesp de Araraquara, Franca e Ourinhos. É com esta farsa também que fala sobre “isonomia salarial para os funcionários”, tentando ganhar seus votos após serem punidos na greve de 2011. A candidatura deste burocrata é o coroamento de toda repressão que os trabalhadores e estudantes vêm sofrendo, combinando repressão e desmoralização com um discurso falso e demagógico de dialogo e concessões.  Desta forma retira a confiança dos movimentos de suas próprias forças, transformando-a em ilusão para a sua candidatura. Infelizmente muitos setores da universidade vêm caindo neste discurso, fazendo campanha para Tadeu, como, por exemplo, o PCdoB entre os funcionários, alguns estudantes de esquerda e professores do IFCH, principalmente os vinculados a burocracia acadêmica.
POLÊMICA: Por que votar nulo? Chamamos abertamente a todxs estudantes a votarem nulo nestas eleições para REItor, e defenderemos esta ideia no interior do movimento estudantil. Antes de tudo trata-se de uma concepção de movimento, na qual incentivamos que os estudantes acreditem somente em suas próprias forças em aliança com os trabalhadores, em sua organização politica independente através da auto-organização nas assembleias. Esta mais do que provado que estes REItores não estão nenhum pouco dispostos a se chocarem com atual estrutura de poder e o projeto de universidade, pelo contrario, que nos pune para privatizar e precarizar, que nos tira moradia e nos cala com a policia. O próprio Deddeca, um dos candidatos que concorria no primeiro turno, que fez parte da gestão de Fernando Costa, e que agora se auto intitulava de “oposição”, deixou expresso em seu discurso na posse de Jhon Monteiro, atual diretor do IFCH, que não haveria contratação de professores para o IFCH, sob a desculpa de que a crise reduz ICMS e as verbas da universidade, enquanto os REItores recebem milhões de “super salários” em um caso escandaloso de corrupção, e não será diferente para as outras faculdades e cursos. Nenhuma conquista pode ser alcançada através destes candidatos e da REItoria, e disseminar ilusões e confiança em qualquer um deles, sob o discurso de “mal menor” é um erro(!), que enfraquece nossa organização e fortalece a REItoria, tira nossa independência de luta e nos coloca a reboque de um projeto que não é nosso. Defendemos que as demandas, desde as mais básicas e elementares, até as mais profundas e estruturais, só podem ser conquistadas com dura luta dos estudante, professores e trabalhadores contra a REItoria e seu atual projeto de universidade, contra a estrutura de poder e a repressão aos lutadores. Por isto chamamos um voto nulo programático contra a estrutura de poder e seu estatuto da ditadura, pela dissolução com conselho universitário, e pela construção de um governo tripartite, com peso proporcional das três categorias em base ao sufrágio universal! Nenhum ceticismo nas nossas próprias forças, com auto-organização junto aos trabalhadores e a juventude que esta fora da universidade podemos colocar abaixo a atual estrutura de poder e consolidar uma Universidade a serviço dos trabalhadores e da população.

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