quarta-feira, 20 de março de 2013

Panfleto sobre os casos de homofobia na festa do Babado de Verão no IFCH





CONTRA TODA FORMA DE OPRESSÃO! AUTO-ORGANIZAÇÃO!



“We are the Stonewall Girls.                     “Nós somos as meninas de Stonewall.
We wear our hair in curls                        Nós usamos nosso cabelo em cachos.
We wear no underwear                    Nós não usamos nenhuma roupa íntima
We show our pubic hair                        Nós mostramos nosso pelos pubianos
We wear our dungarees                                       Nós usamos nossos macacões
Above our nelly knees!”                                  Acima dos nossos joelhos nus!”
 

Esse foi o grito que ecoou quando drag queens, transgêneros, lésbicas e gays se levantaram contra a polícia, que xs agredia diariamente; contra o limite, a repressão a opressão de gênero, contra a sociedade patriarcal e heteronormativa, na revolta de Stonewall, em 1979.
A festa do babado? Uma forma de resistência, de uma luta pela libertação, uma noite na qual as sexualidades e os gêneros dançam, cantam, se beijam. Mas o que vivenciamos foi o ataque de grupos homofóbicos organizados, um ataque ao setor LGTTBI e ao movimento estudantil, que culminou no fim da festa e várias pessoas agredidas física e moralmente. A presença de grupos como esse não é por acaso em um sistema no qual Feliciano, declaradamente racista, machista e homofóbico, assume a Secretaria de Direitos Humanos e Minorias, onde Dilma na presidência usa a legalização do aborto como moeda de troca e condena a morte milhares de mulheres, onde na Grécia o Aurora Dourada, partido neo-nazista e terceira força política, direcionado aos homossexuais se pronuncia “depois dos imigrantes, vocês são os próximos”, onde na França 800 mil pessoas vão as ruas contra o casamento igualitário, onde a vida das mulheres e dos LGTTBI é precarizada pela terceirização do trabalho e onde a polícia, braço armado do estado burguês, assassina a população negra e as travestis.
A ação destes grupos homofóbicos, cada ato de violência aos indivíduos que estavam naquela festa, é mais do que uma violência individual, é um ataque a todas as lésbicas, gays, transexuais e travestis, é um ataque a todo jovem que quer expressar sua sexualidade livremente. Mais que isso, é um ataque a todo o movimento LGTTBI de conjunto e seus distintos grupos políticos, e assim, um ataque também ao movimento estudantil, em particular do IFCH.
Não podemos permitir que nenhum jovem seja agredido por querer expressar sua sexualidade livremente. Só podemos barrar esses ataques a partir de nossa auto-organização. Não podemos confiar na REItoria, já que ela se cala frente ao acontecido, e torce para que fiquemos acuados e não realizemos mais festas dentro do campus, uma vez que essas vão contra o projeto de universidade elitista, racista, machista e homofóbica defendida por eles. A mesma reitoria que se cala frente aos casos de machismo e a violência homofóbica, mantém e colabora com isso na medida em que fomenta a terceirização, que é uma forma de trabalho majoritariamente feminino que superexplora e violenta; na medida em que permite que setores como o “Pró –Vida” façam uma campanha reacionária chamando de assassinas e nazistas todas aquelas que lutam pela liberdade sexual das mulheres, pela legalização do aborto e contra a morte de milhares por ano por fazê-lo clandestinamente. Reitoria que se cala frente à opressão é a mesma que esta punindo estudantes por se manifestarem contra ela. E que terá um de seus quatro agentes-candidatos eleitos este mês para continuar o trabalho sujo do governo e da patronal homofóbica dentro da Unicamp.
Essas festas são o único momento no qual a universidade se abre, se abre para os 96% da juventude que está fora dela, cujo direito a uma educação pública e de qualidade é retirada pelo filtro social que é o vestibular, oferecendo minimamente cultura, arte e lazer em um espaço público. Uma vez que os governos tem uma política consciente de acabar com os espaços de socialização da juventude para que esta fique restrita ao trabalho, sem desenvolver suas capacidades culturais.
Nesse sentido, total confiança nas nossas próprias forças, o movimento estudantil independente precisa se organizar para lutar contra a opressão com uma política de abrir a universidade para a população, pelo fim do vestibular, que nos unindo com os jovens e trabalhadores que estão de fora, para impedirmos mais agressões, impedirmos que esses grupos homofóbicos tenham a liberdade de acabar com as festas, de proliferar a poeira de sua ideologia machista e homofóbica. Sem nenhum ceticismo nas nossas próprias forças auto-organizadas. É necessário levantarmos esse debate de maneira ofensiva nos espaços do movimento estudantil para que mais estudantes se somem as nossas vozes criando assim uma politização que contribua para não permitirmos qualquer manifestação opressiva.
Nós estávamos na festa e fizemos parte de um grupo tirado para a autodefesa, mas é preciso que muito mais pessoas se incluam, que as organizações de esquerda se prontifiquem para impedir esses agressores, chamamos a todos nessa luta. Com a autodefesa, não haverá nenhum agredido mais! Retomemos o exemplo de Stonewall, se levantando contra a violência com a moral do oprimido subverto que nunca mais vai aceitar que alguém o cale, o agrida e o oprima!

1 comentários:

O levante de Stonewall foi em 1969 e não 1979, como traz o texto.

Postar um comentário