segunda-feira, 4 de março de 2013

Construa, neste 8 de março, com a Juventude às Ruas, um bloco aliado às trabalhadoras que se levantam ao redor do mundo na luta pelos direitos da mulher!

Juventude Às Ruas da USP   
Panfleto distribuído pela JàsR nas atividade sobre gênero e questão da mulher da calourada nos cursos da USP

Atualmente, no dia 8 de março, as mulheres são parabenizadas por serem mães e esposas... Mas não foi sempre assim. Esse dia traz um importante histórico de luta!  No final do século XIX e início do XX acontecia a inserção das mulheres no trabalho fora de casa. A classe dominante se apoiava na ideia da submissão feminina para lhes dar os piores postos de trabalho, os ambientes mais precarizados e os menores salários. Em seus primeiros anos, o 8 de março não era um dia de festa, mas um dia no qual as trabalhadoras iam às ruas por melhores condições de vida e trabalho. Em março de 1911, mais de cem trabalhadoras morreram no incêndio de uma fábrica têxtil nos EUA, causado pelos patrões da Triangle Shirtwaist contra as trabalhadoras que exigiam melhores condições. Também no 8 de março de 1917, na Rússia, foram as manifestações de mulheres contra a miséria do czarismo e da guerra que deram um pontapé inicial para a revolução de Outubro!
No entanto, não se pode falar dessa realidade de precarização do trabalho feminino como uma coisa do passado. Grande parte da mão de obra terceirizada é composta por mulheres e maioria delas negras, ou seja, elas ainda têm os piores empregos e os piores salários, graças a ideologia machista e racista que faz com que hoje no século XXI os salários femininos sejam menores. As estudantes que agora ingressam na universidade podem se dar conta de que a opressão na universidade segue presente não apenas nos trotes machistas. Dadas as condições precárias de trabalho que essas empresas impõem para gastar menos dinheiro e lucrar mais, oito em cada dez mortes por acidentes de trabalho ocorrem com terceirizados, impondo duplamente a precarização a essas mulheres, que não são apenas oprimidas, mas também exploradas.
A presidência do Brasil é hoje ocupada por uma mulher, fato colocado como uma vitória em si inclusive por coletivos feministas. Mas o que significa ter esse cargo ocupado por Dilma para as milhões de trabalhadoras e jovens? Para as primeiras, o significativo aumento do trabalho terceirizado durante sua gestão, e da carestia de vida, já que não importa o gênero, a elite sempre deseja que xs trabalhadorxs paguem as contas de sua crise. Dilma no governo, alinhada com a política das igrejas evangélicas, por votos, também não garantiu às mulheres o direito a seu próprio corpo, e o aborto segue proibido. As mulheres da classe média e da elite pagam milhares em clínicas particulares e as mulheres pobres morrem tentando métodos caseiros. As que querem ser mães também não têm esse direito garantido num país onde as condições de educação (principalmente creches) e saúde pública são precárias.
Tampouco pararam os feminicídios e a violência doméstica, já que a lei Maria da Penha ou as delegacias de mulheres não dão conta de resolver um problema que está na própria família patriarcal e na ausência de condições para que muitas mulheres se sustentem sozinhas – sem depender financeiramente de seu espancador. Nas delegacias, propostas pelo governo no lugar de salários melhores, direito de decidir ou não pela maternidade e etc., as mulheres são novamente oprimidas pela polícia, acusadas de terem provocado os estupros e a violência que sofreram, como o caso recente da mulher lésbica que tentou denunciar sua agressão e teve os dedos mutilados pela própria polícia. Não pode ser que a resposta que o movimento de mulheres dê para esses casos seja que mães procurem aqueles que nas favelas assassinam seus filhos, que as estudantes nas universidades dependam daqueles que reprimem sua organização política, tampouco que as trabalhadoras possam confiar naqueles que com os cassetetes intervém em suas greves. Temos de lutar no movimento estudantil e de trabalhadores para discutir e combater, organizadamente, os casos de opressão.
É diante dessa realidade que nós da Juventude às Ruas convidamos você a compor nosso bloco no ato do dia 8 de março, junto com os coletivos Metroviários Pela Base e Professores Pela Base. Pois acreditamos que a luta dos jovens e das mulheres deve se espelhar nas mulheres da Primavera Árabe e da Índia e ser somada contra seu inimigo comum: a burguesia e os governos que descarregam a crise em nossas costas e nos negam direitos, que perpetram a opressão das mulheres com sua ideologia para seguir lhes pagando salários menores, negando direitos e reprimindo aquelxs que lutam.



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