skip to main |
skip to sidebar
10:22
Juventude Às Ruas

Juventude ÀS RUAS! Campinas
Após a trágica fatalidade que tirou a vida de um
jovem estudante dentro da Universidade, a Reitoria da Unicamp vêm
buscando se utilizar de maneira escandalosamente oportunista desse
fato para impor um projeto que há muito almejava: firmar um convênio
que permita a presença da polícia no campus.
O caso do
assassinato desse estudante trouxe uma forte repercussão nacional,
com a mídia se utilizando dos seus métodos sensacionalistas para
explorar ao máximo uma tragédia pessoal em função dos seus
índices de ibopes. Como não poderia ser diferente Geraldo Alckmin,
governador do estado de São Paulo, dispôs de prontidão seu efetivo
da polícia militar, umas das mais assassinas do mundo, para garantir
a “segurança” do campus. O Reitor da Unicamp José Jorge Tadeu
aceitou a polícia que tirou a vida de Amarildo e de centenas de
milhares Brasil afora, com o suposto argumento de “melhorar a
segurança do campus”.
No dia seguinte ao assassinato que
ocorreu durante uma festa na universidade, a Reitoria já vêm
trilhando um plano meticulosamente planejado para aproveitar da
opinião pública para lavar as mãos diante de suas
responsabilidades, lançando notas culpando os organizadores da festa
pela tragédia, com o objetivo de criminalizar aqueles que
legitimamente defendem a ocupação do espaço público. Longe de
buscar garantir qualquer forma de segurança, o principal objetivo da
Reitoria é liquidar com qualquer manifestação cultural e política
dentro da universidade aprofundando seu projeto produtivista, com uma
universidade cada vez mais hostil a sociedade que a circunda. Uma
clara demonstração disso é que sistematicamente atribui a
população o termo “pessoas estranhas à universidade”, o que
demonstra mais uma vez seu racismo envolto de elitismo - nada mais
consequente com o ultimo ataque da Universidade que tirou o
vestibular do nordeste, impedindo que a população de cidades como
Fortaleza possam fazer a prova da Unicamp.
Assim a Reitoria
pretende criar o falso argumento de que o caso de violência só
aconteceu pelo fato de estar ocorrendo uma festa. Escolhe percorrer
esse caminho para que a conclusão lógica seja o fim das festas e a
legitimação da entrada da polícia. O que prefere não dizer é que
vivemos em um dos países mais violentos do mundo fruto de suas
enormes desigualdades sociais onde a violência é um instrumento do
próprio Estado para manutenção dessa sociedade onde nem mesmo
direitos elementares são garantidos para todos. Se esquece de dizer
que ela mesmo criou uma universidade completamente “estranha” a
maioria da população, fechada pelo filtro social do vestibular,
onde toda sua produção acadêmica está longe de ser destinada a
resolver os problemas da sociedade.
Para manter esse projeto
sem contestação, seja de movimento políticos ou culturais,
necessita da força policial. Essa tentativa não é de hoje, e a
Reitoria já encara essa como uma “oportunidade de ouro” para de
fato sacramentar um convênio que autorize a polícia permanentemente
na universidade. Essa é uma política consciente do conjunto das
Reitorias (CRUESP –Conselho de Reitores do Estado de São Paulo), e
se observado através dos últimos anos é claro um aprofundamento de
sua implementação. Desde 2009, quando a PM entrou na USP para
reprimir uma greve de trabalhadores daquela universidade. No ano de
2011, a Reitoria da USP se utilizou da mesma manobra agora perpetrada
por Tadeu, quando um jovem foi assassinado no interior daquela
universidade. Com os mesmos argumentos João Gradino Rodas –Reitor
da USP – firmou um convênio com a PM, ferindo gravemente a
autonomia universitária e que teve como consequência nada menos do
que um efetivo de 500 policiais invadindo a Universidade para prender
73 estudantes e trabalhadores que lutavam contra sua presença na
universidade, cenas essas que poderiam ser associadas diretamente com
os anos de Ditadura Militar.
Na Unicamp não é diferente, e
no passar dos anos na medida que a ação policial no interior da
Universidade foi se intensificando seus efeitos foram sendo mais
sentidos pela comunidade acadêmica. Não esqueceremos que no ano de
2004 Elgim Borges, jovem negro, estudante de Tecnologia em Saneamento
Ambiental, foi brutalmente assassinado pela polícia no campus de
Limeira com um tiro nas costas. A polícia se justifica afirmando o
ter confundido com um “suposto assaltante”! É ultrajante que
essa polícia que já tirou a vida de uma estudante - e que tira
cotidianamente de centenas de pessoas - seja conclamada novamente a
pisar com suas botas na universidade! Sabemos que onde a polícia
está presente a violência só aumenta, basta olharmos a
implementação das UPP’s nas periferias do Rio, onde casos como o
do Amarildo são recorrentes.
Não nos esquecemos das
consecutivas vezes que PM entrou para tentar fechar a Rádio Muda, ou
quando a serviço do ministério público e da reitoria impediu que
acontecesse o tradicional festival cultural IFCHStock, nem mesmo
quando entrou na Moradia Estudantil para reprimir a legítima demanda
por mais vagas na moradia.
Sabemos que os desfechos, caso se
efetive esse convênio, serão de extrema gravidade. Na Unifesp, nas
portas dessa universidade, um trabalhador dela após questionar uma
abordagem policial, foi colocado dentro da viatura da polícia e
depois apareceu sem vida, abrindo um imenso processo de
questionamento da violência policial daquela universidade. Em meio a
um processo de repercussão nacional e internacional, onde todos se
perguntam “Onde está Amarildo?” com amplo questionamento da
corporação policial, não podemos aceitar que o Reitor da Unicamp
que a PM se institucionalize dentro da Universidade. Sabemos que a
repressão ao movimento estudantil e de trabalhadores, às festas e
manifestações culturais, ou mesmo a presença no campus daqueles
que a Reitoria julga serem setores “estranhos a universidade”,
estará colocada sob o fuzil das fardas policiais.
Tadeu que
fez sua campanha para Reitor com o suposto epíteto do diálogo e da
democracia mostra sua verdadeira face. Não poderia ser diferente na
Universidade que tem seu Estatuto herdeiro da ditadura, como uma
estrutura de poder profundamente anti-democrática. Com plenos
poderes, Tadeu ainda afirma que pretenderá sindicar os organizadores
da festa. Não permitiremos nenhuma punição aos que lutam por
universidade rica culturalmente e aberta a toda população, é
fundamental defender todos as tentativas de repressão da
Reitoria.
É necessário que unifiquemos força com uma ampla
campanha e gritar em auto e bom som “Fora PM das Universidades,
Bairros, Morros e Favela! Nenhuma punição para quem ocupa o espaço
público”, onde o DCE e os CAs, como o CACH, devem cumprir um papel
fundamental, organizando agrupações e coletivos estudantis,
organizações de direitos humanos, para expulsarmos a polícia da
universidade e luta que para esta seja de fato pública, democrática
e a serviço de toda a população.
Posted in:
0 comentários:
Postar um comentário