domingo, 20 de outubro de 2013

Diante da reintegração de posse na EACH, lutar contra as punições e fortalecer a nossa greve!



Na manhã deste sábado, 19/10, a polícia militar, cumprindo ordem judicial, efetivou o mandado de reintegração de posse do prédio da Diretoria da EACH (USP Leste), ocupado desde o dia 2 de outubro pelos estudantes em greve, devido à contaminação do solo do campus, e também pela democratização da universidade. Mais uma vez, a Reitoria e o governo estadual mostram sua disposição em utilizar do aparato repressivo do Estado para calar a voz dos que lutam por uma universidade democrática, como têm feito nos últimos anos através de inúmeras medidas repressivas, como os diversos processos administrativos e criminais contra estudantes e trabalhadores, a demissão inconstitucional de Brandão (diretor do Sintusp), a expulsão de oito estudantes por lutarem por moradia estudantil ou a reintegração de posse da reitoria da USP em novembro de 2011 com mais de 400 policiais.
                Repudiamos todo tipo de ação repressiva na universidade, mas consideramos fundamental ligar esse repúdio a todas as medidas repressivas que vêm sendo cada vez mais adotadas pelos governos federal, estaduais e municipais na verdadeira “caça às bruxas” que se instaurou após as jornadas de junho. No Rio de Janeiro, a instauração da CEIV remonta aos tempos de Ditadura Civil-militar, e a repressão brutal que foi desferida contra as mobilizações dos professores municipais está acompanhada pela efetivação de mandados de apreensão e busca na casa de jovens supostamente “black blocks”, que têm se colocado na linha de frente da aliança da greve com os professores e colocado seus métodos de auto-defesa a serviço dessa luta. No Rio Grande do Sul, o mesmo vem ocorrendo com o Bloco de Lutas, com prisões e buscas na casa de manifestantes. Em São Paulo, dois jovens foram detidos com base na Lei de Segurança Nacional, da Ditadura, pelo simples fato de terem filmado uma ação contra uma viatura da polícia civil. É necessário que todos os movimentos se unifiquem ao redor de uma luta decidida contra a repressão e que deixemos bem claro que não nos calarão ou intimidarão com a perseguição política, e que não vamos deixar passar nenhuma repressão.
                Contudo, é fundamental vermos a distinção da ação da polícia na reintegração de posse da diretoria da EACH, da reintegração, por exemplo, da reitoria da USP em 2011. Os estudantes retirados da ocupação este ano não foram levados à delegacia, sendo fichados no próprio ato da reintegração e liberados em seguida, enquanto em 2011 os 72 estudantes e trabalhadores ficaram presos por horas dentro da reitoria, vários foram presos até mesmo fora do prédio e arrastados para dentro, ocorrendo um caso de tortura contra uma estudante, e em seguida foram levados à delegacia, encontrando-se hoje denunciados pelo Ministério Público. A diferença na ação da polícia nos dois casos se explica pela enorme mudança na situação política do país após as manifestações de junho: as ações como manifestações, ocupações de reitoria e greves são hoje muito mais legítimas aos olhos de todos; a polícia, por outro lado, se encontra muito mais questionada e uma parcela cada vez maior da população percebe seu papel reacionário, repressor e de manutenção de uma ordem social de desigualdade e miséria, particularmente desde o caso de tortura seguida de assassinato do Amarildo.
                Isto expressa uma nova correlação de forças, que nós da Juventude às Ruas viemos apontando desde o começo das greves da USP e Unicamp. É nesta correlação de forças – que permite que o movimento avance para unificar as lutas e colocar as Reitorias e governos na defensiva – que nos apoiamos ao combater o posicionamento das direções do movimento em distintas ocasiões, como quando o PSTU defendeu a desocupação da diretoria da EACH, assim que expedido o mandado de reintegração (ainda que posteriormente tenham retrocedido em sua posição e feito um balanço público), ou quando o DCE da Unicamp (dirigido pelo 1º de Maio – PSOL) defendeu a posição, que foi aprovada em assembleia, de desocupação da reitoria da Unicamp sem sequer a garantia da não abertura de sindicâncias contra os ocupantes.
                Consideramos que é fundamental que o movimento coloque como pauta central a defesa de todos os estudantes que foram autuados na reintegração de posse da EACH, colocando essa demanda como fundamental na negociação de segunda-feira com a reitoria. A defesa dos lutadores é uma necessidade elementar do movimento, pois só com isto podemos garantir que não ocorram punições que desarticulem os estudantes e impeçam que estes protagonizem novas lutas. O diretor em exercício na EACH, Edson Leite, já disse publicamente que serão abertas sindicâncias, "pois assim manda o Estatuto da USP". Isso coloca novamente em primeiro plano a necessidade de lutar contra a herança da ditadura presente no regimento disciplinar da USP, no Decreto 52.906 de Gama e Silva, e no estatuto de conjunto; isso só pode ser feito a partir de uma Estatuinte Livre, Soberana e Democrática. O momento não é de retroceder, mas de consolidar a nossa greve em cada curso, fortalecer o Comando de Greve da USP e o Comando Estadual de Mobilização, avançar na unificação das pautas com a Unicamp e romper o corporativismo, levantando a defesa da educação pública, gratuita e de qualidade para todos, para tornar a greve das estaduais paulistas uma ponta de lança de um movimento nacional que possa trazer junho de volta para as ruas.

NENHUMA PUNIÇÃO AOS ESTUDANTES DETIDOS NA REINTEGRAÇÃO DE POSSE DA EACH!

ABAIXO O DECRETO 52.906! FORA LEITE! FORA RODAS! DISSOLUÇÃO DO C.O.! POR UMA ESTATUINTE LIVRE, SOBERANA E DEMOCRÁTICA!

ABAIXO A REPRESSÃO AOS LUTADORES EM TODO O PAÍS!

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