
Aquela velha rotina da
universidade foi quebrada nesse ultimo mês, aonde vimos explodir um dos maiores
processos de luta do movimento estudantil. Com a morte de um estudante dentro
do campus em uma festa, a reposta da reitoria foi imediata: através da pró-reitora
que se pronunciou publicamente falando que o patrulhamento policial já havia
começado em 26 de setembro. Mesmo diante de um caso grave
como esse, onde o velho senso comum poderia aceitar essa resposta da REItoria, o
que vimos foi o questionamento e a explosão dos estudantes através de seus
métodos de luta, com greves e ocupação, expressando uma posição irresoluta de
que a polícia não traria segurança mas sim mais violência e assassinatos. A
polícia que reprimiu as manifestações e assassinou tantos Amarildos está
questionada: definitivamente a politização de junho arrebentou os portões da
universidade!
Ocupamos a REItoria, acompanhados de mais de 20
institutos que entraram em greve ou paralisaram em um contexto nacional de luta como
não víamos há anos. Com USP também com sua reitoria ocupada questionando a
estrutura de poder da Universidade, EACH (USP Leste) ocupada, Unesp em
luta contra as sindicâncias,USP São Carlos aderindo a greve em assembleia
massiva, petroleiros em luta contra o leilão do pré-sal, professores do RJ protagonizando uma greve
histórica pautando nacionalmente o debate da educação. Ou seja, havia toda uma
situação nacional favorável para as lutas dos estudantes e dos trabalhadores,
e era
desde essa perspectiva que tínhamos que determinar os rumos de nosso movimento.
Frente a esse cenário é central que façamos um balanço do que foi o processo, bem como as distintas concepções políticas presentes em nossa mobilização. Aqui queremos debater com algumas delas no sentindo de avançarmos nas experiências conjuntas do movimento estudantil para que este volte a fazer história, e assim possamos alcançar grandes objetivos, que transcendam a miséria do que tentam nos vender como possível.
Frente a esse cenário é central que façamos um balanço do que foi o processo, bem como as distintas concepções políticas presentes em nossa mobilização. Aqui queremos debater com algumas delas no sentindo de avançarmos nas experiências conjuntas do movimento estudantil para que este volte a fazer história, e assim possamos alcançar grandes objetivos, que transcendam a miséria do que tentam nos vender como possível.
Domínio Público/PSOL
– Luta ou eleição? Freou o movimento estudantil para respeitar os calendários
eleitorais!
No auge desse processo, quando víamos ainda cursos entrando em luta,
como o IE (economia) e o IG (geociências), e as distintas lutas cada vez mais
se intensificando nacionalmente, o
processo da Unicamp foi barrado por uma política de desocupação da reitoria
protagonizada principalmente pelo DCE dirigido pelo PSOL/Domínio Publico. Era claro que a
ocupação da REItoria era o centro político de nossa mobilização, vários
institutos se colocaram em movimento em solidariedade a ela, e desocupá-la
seria um golpe de morte para o imenso processo que ainda estava em pleno
desenvolvimento. Quando propuseram desocupar a margem de voto foi
estreita, com um número altíssimo de abstenções (159 votaram por manter
ocupados, 231 por desocupar e 80 se abstiveram). Esse fato comprova de que
havia disposição de luta dos estudantes, porém vários desses ainda
referenciados em sua entidade representativa acabaram se iludindo que era
possível desocupar e “continuar mobilizando”. Porém os desdobramentos
dessa decisão adotada conscientemente pelo PSOL comprovou que os discursos
“avermelhados”, de que mesmo desocupando continuaríamos em luta, eram meras
palavras ao vento para enganar os estudantes e enterrar nossa luta. Em todas as
assembleias dos institutos o DCE em nenhum momento colocou suas forças para
fortalecer a greve, pelo contrario, atuaram esvaziando o movimento sem nenhuma
proposta concreta para manter nossa mobilização. Já no dia seguinte o IEL (linguística)
saia da greve.
O fundamento dessa traição tem ficado evidente para os estudantes, chama-se eleições estudantis. O Coletivo Domínio Publico/PSOL, tem uma concepção de entidade que não serve aos estudantes, mas sim a auto construção do seu próprio coletivo. Sua política não é orientada no sentido de responder as reais necessidades dos estudantes e fazer com que as suas lutas triunfem, mas sim mantém uma política adaptada a Reitoria, sem questionar o caráter da universidade de classe e sua estrutura de poder, se mantém nas lutas mais pontuais e imediatas cultivando o corporativismo para a partir dessa pequena política passar todo o ano orientado para as eleições e assim se manter no controle aparato do DCE. Esse ano essa política foi mais escandalosa, uma vez que passaram seus próprios interesses eleitorais por cima das necessidades do movimento e sua continuidade. Durante a própria luta seu objetivos eram claros: queriam somente discutir as “meias palavras” da reitoria na carta ao invés de centrar forças para efetivar nossa aliança com a USP e com a heroica greve dos professores do Rio. Não moveram uma palha nesse sentido, mesmo sendo a mesma organização política que está no DCE da UNICAMP, USP e do sindicato dos professores do Rio. Evidentemente a negociação com a REItoria era importante no sentido de conseguirmos a declaração publica de recuo do Tadeu à declaração da entrada da PM e a garantia de que não haveria nenhuma sindicância. Contudo o movimento deve se pautar pelos seus métodos e necessidades, e não pela negociação que tem um limite que é até onde a própria REItoria pode ceder para não por em xeque seus interesses mesquinhos. Há todo momento afirmavam que as “negociações haviam se esgotado” e que por isso poderíamos ser desocupados da REItoria pela polícia espalhando um sentimento de medo nos estudantes. Está claro como para eles, as migalhas que a reitoria deixa derrubar para enganar e cooptar os de baixo são grandes “vitórias”. Prova disso é que na mesma semana que desocupamos a polícia civil soltou declarações que irá abrir inquérito policial a partir do B.O. feito pela própria REItoria contra a ocupação, e o vice-reitor Álvaro Crosta (que participou das negociações) se sentiu a vontade para declarar que “a presença da polícia não está completamente descartada” e que "não pode impedir sua entrada em um espaço público". Ou seja, aquilo que foi cantando como “grande vitória” em pouco tempo depois mostrou seu verdadeiro conteúdo. Quando podíamos ir por mais e estávamos fortes e mobilizados o DCE resolveu entregar suas cartas para que a REItoria se recompusesse e na semana seguinte voltasse a ameaçar os lutadores da universidade. Diante dessa situação qualquer estudante que sofrer sindicância, processo policial, ou se a polícia voltar a entrar no campus a principal responsabilidade sobre esse retrocesso será do PSOL/Domínio Público.
Essa foi uma importante experiência dos estudantes com esses que estão há 13 anos no DCE. Na ultima assembleia geral política desse grupo se tornou explícita: votaram sozinhos contra a proposta de adiar as eleições do DCE para que o movimento pudesse ser prioridade de todos os estudantes e correntes políticas. Nada mais do que uma prática absurdamente eleitoreira, que trocou nossa luta por objetivos mesquinhos!
O fundamento dessa traição tem ficado evidente para os estudantes, chama-se eleições estudantis. O Coletivo Domínio Publico/PSOL, tem uma concepção de entidade que não serve aos estudantes, mas sim a auto construção do seu próprio coletivo. Sua política não é orientada no sentido de responder as reais necessidades dos estudantes e fazer com que as suas lutas triunfem, mas sim mantém uma política adaptada a Reitoria, sem questionar o caráter da universidade de classe e sua estrutura de poder, se mantém nas lutas mais pontuais e imediatas cultivando o corporativismo para a partir dessa pequena política passar todo o ano orientado para as eleições e assim se manter no controle aparato do DCE. Esse ano essa política foi mais escandalosa, uma vez que passaram seus próprios interesses eleitorais por cima das necessidades do movimento e sua continuidade. Durante a própria luta seu objetivos eram claros: queriam somente discutir as “meias palavras” da reitoria na carta ao invés de centrar forças para efetivar nossa aliança com a USP e com a heroica greve dos professores do Rio. Não moveram uma palha nesse sentido, mesmo sendo a mesma organização política que está no DCE da UNICAMP, USP e do sindicato dos professores do Rio. Evidentemente a negociação com a REItoria era importante no sentido de conseguirmos a declaração publica de recuo do Tadeu à declaração da entrada da PM e a garantia de que não haveria nenhuma sindicância. Contudo o movimento deve se pautar pelos seus métodos e necessidades, e não pela negociação que tem um limite que é até onde a própria REItoria pode ceder para não por em xeque seus interesses mesquinhos. Há todo momento afirmavam que as “negociações haviam se esgotado” e que por isso poderíamos ser desocupados da REItoria pela polícia espalhando um sentimento de medo nos estudantes. Está claro como para eles, as migalhas que a reitoria deixa derrubar para enganar e cooptar os de baixo são grandes “vitórias”. Prova disso é que na mesma semana que desocupamos a polícia civil soltou declarações que irá abrir inquérito policial a partir do B.O. feito pela própria REItoria contra a ocupação, e o vice-reitor Álvaro Crosta (que participou das negociações) se sentiu a vontade para declarar que “a presença da polícia não está completamente descartada” e que "não pode impedir sua entrada em um espaço público". Ou seja, aquilo que foi cantando como “grande vitória” em pouco tempo depois mostrou seu verdadeiro conteúdo. Quando podíamos ir por mais e estávamos fortes e mobilizados o DCE resolveu entregar suas cartas para que a REItoria se recompusesse e na semana seguinte voltasse a ameaçar os lutadores da universidade. Diante dessa situação qualquer estudante que sofrer sindicância, processo policial, ou se a polícia voltar a entrar no campus a principal responsabilidade sobre esse retrocesso será do PSOL/Domínio Público.
Essa foi uma importante experiência dos estudantes com esses que estão há 13 anos no DCE. Na ultima assembleia geral política desse grupo se tornou explícita: votaram sozinhos contra a proposta de adiar as eleições do DCE para que o movimento pudesse ser prioridade de todos os estudantes e correntes políticas. Nada mais do que uma prática absurdamente eleitoreira, que trocou nossa luta por objetivos mesquinhos!
“Para
fazer diferente” na medida do possível? Um debate necessário com as concepções
do PSTU
Agora gostaríamos de debater com outra concepção que
participou da mobilização, e que se propõe a ser alternativa ao m.e., inclusive
se auto-intitulam como “oposição”, o Coletivo Pra Fazer Diferente (PSTU e
independentes). Ainda que tenham votado pela manutenção da ocupação, em todo o
momento mostraram que também estão muito distante de construir um m.e. que de
fato faça história e promova grandes mudanças em nossa sociedade. Como já
desenvolvemos nossa tarefa central era se propor a unificar as distintas lutas
em curso para compor uma grande luta nacional pela educação que poderia colocar
não só a REItoria de joelhos, como também atemorizar governos já abalados desde
as grandes jornadas de junho.Infelizmente,
essa que deveria ser a “ordem do dia” para qualquer um que de fato se pretenda
subverter o atual projeto de universidade, passou completamente por fora da
política dessa agrupação. Por mais que queiram assumir uma face mais de
esquerda do que a escandalosa traição do PSOL, o Coletivo Para fazer
Diferente (PSTU e independentes) também se manteve no âmbito das negociações se
adaptando ao refluxo imposto pela desocupação da reitoria, na media em que
mesmo com um coletivo que abarca uma dezena de cursos eles não conseguiram ser
uma força “diferente” para dar todas as batalhas para manter a mobilização. Agregado a isso espantosamente não vimos o
PSTU fazer um debate sério com o PSOL após essa forte traição, será que os
companheiros concordam com essa política? Achamos fundamental que as coisas
sejam ditas pelo seu nome, se adaptar as posições burocráticas do PSOL
significa ser conivente com elas, o que infelizmente acaba sendo a consequência
da omissão dessa agrupação, será que para depois fazer um chamado a uma chapa
unificada para o DCE com o PSOL? Não conseguem responder o por que, mesmo
fazendo parte do sindicato dos professores do Rio e o DCE da USP foram
incapazes de propor uma só medida de unificação das lutas. Pior,
boicotaram a reunião do Comando Estadual de Mobilização referendados pelas
assembleias da USP e UNICAMP não mandando sequer um representante para ela. Optaram
manter as lutas fragmentadas lutando por pequenos objetivos e assim quem sabe
se localizar “mais à esquerda” para as eleições do DCE.
Do ponto de vista
programático se negaram a avançar na pauta que questionasse o estatuto da
Universidade e assim sua estrutura de poder. Essa poderia ser uma grande pauta que unificasse nossa luta com USP!
Na prática negaram não só se unificar com a USP como também construir uma
batalha contra uma corja de burocratas privilegiados que tem adegas na Reitoria
e ganham milhões por ano para manterem a Universidade fechada a juventude negra
e pobre. Sabem que qualquer mudança esta subordinada a esse estatuto, bem como
as sindicâncias que só poderiam não ter caráter persecutório e político, como a
reitoria vinha “prometendo”, se não fossem geridas por um estatuto herdeiro da
ditadura.
E ainda no próprio curso onde são a gestão do centro acadêmico, o IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), propuseram na ultima assembleia (quarta-feira) o fim da greve na sexta-feira! Durante todo o ano praticamente abandonaram o CACH, soltando muito mais notas pelo próprio coletivo (Para fazer Diferente), impulsionando pouquíssimos espaços de debates políticos, se eximindo assim de ser um elemento politizador do instituto para que pudéssemos estar mobilizados quando a realidade exigisse. Mesmo sabendo das declarações do vice-reitor, mesmo sabendo que naquele mesmo dia que a REItoria lacrara um importante espaço de vivência na moradia, mesmo sabendo que as sindicâncias continuaram em curso, propuseram o FIM da greve! As práticas eleitoreiras que contaminam essas correntes, acabam sendo o peso maior da balança quando precisam escolher entre a luta ou as eleições: seria mais fácil enterrar de vez o último suspiro de luta que permanecia na Unicamp, para tranquilamente se dedicarem ao calendário eleitoral do DCE.
E ainda no próprio curso onde são a gestão do centro acadêmico, o IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas), propuseram na ultima assembleia (quarta-feira) o fim da greve na sexta-feira! Durante todo o ano praticamente abandonaram o CACH, soltando muito mais notas pelo próprio coletivo (Para fazer Diferente), impulsionando pouquíssimos espaços de debates políticos, se eximindo assim de ser um elemento politizador do instituto para que pudéssemos estar mobilizados quando a realidade exigisse. Mesmo sabendo das declarações do vice-reitor, mesmo sabendo que naquele mesmo dia que a REItoria lacrara um importante espaço de vivência na moradia, mesmo sabendo que as sindicâncias continuaram em curso, propuseram o FIM da greve! As práticas eleitoreiras que contaminam essas correntes, acabam sendo o peso maior da balança quando precisam escolher entre a luta ou as eleições: seria mais fácil enterrar de vez o último suspiro de luta que permanecia na Unicamp, para tranquilamente se dedicarem ao calendário eleitoral do DCE.
Achamos que poderíamos fazer do IFCH um pólo de
política e de resistência a reitoria usando dos nosso próprios métodos de luta
do movimento estudantil para continuar sendo um sujeito em luta na
universidade, lutando contra as sindicâncias, se unificando ao Instituto de
Artes que também estava disposto a continuar com os debates, e mais do que isso
mostrando a toda USP que os estudantes deste instituto continuariam em luta
juntos e em solidariedade, apesar da traição de nosso DCE. Nós da Juventude as Ruas colocamos desde o inicio que tínhamos um
momento único de luta em esfera nacional, poderíamos ter alçado o movimento
estudantil para fazer história e colocar em crise a estabilidade do regime
universitário e se ligar a população de fora para impor uma grande luta por
educação. Era necessário levantarmos a demanda de uma estatuinte livre e soberana para que os estudantes, juntos aos
trabalhadores, definam o que querem da Universidade. Essa é a única
maneira de democratizarmos de fato a Universidade, não só internamente, mas
para que ela sirva a juventude e classe trabalhadora, para que os negros possam
estar dentro dela, para que tenhamos em nosso currículo a sua história de luta,
para que a luta dos GLBTTis seja estudada, que seu acesso seja livre e sem
vestibular, com vivencia e arte para toda a população!
Faremos das eleições do DCE com a chapa “Por todos
Amarildos” uma continuidade dessa batalha contra essas práticas burocráticas e
políticas adaptadas que servem antes a manutenção da miséria do possível do que
sua superação. Queremos uma entidade de fato democrática e que coloque a luta
dos estudantes e dos trabalhadores como centro de sua política, superando o
velho movimento estudantil que a cada “migalha” canta vitória relegando nossos
sonhos para um futuro indefinido. Nossa luta é agora!
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