domingo, 4 de novembro de 2012

Juventude às Ruas organiza passagem em salas de aula da USP com trabalhadores da Façon e Areza

No dia 22 de Outubro foi realizado um ato em frente à sede do Metrô em São Bento reivindicando que o Metrô pague imediatamente os salários e direitos dos trabalhadores da Façon e Areza. Além dos trabalhadores terceirizados e quarteirizados do Metrô, estavam presentes metroviários e a Juventude às Ruas prestando solidariedade ativa. Alguns representantes de todos os setores em luta do ato foram fazer uma passagem em salas de aula da USP nos cursos de Educação, História e Letras para relatar a situação alarmante que se encontram os trabalhadores terceirizados pelo Metro e passar o “chapéu” do fundo de greve. 
                    
Antes da passagem em sala os trabalhadores relataram aos estudantes da Juventude às Ruas e alguns independentes o nível de precarização do trabalho em que eram submetidos, contaram situações cotidianas onde os chefes os obrigam a trabalhar sem os equipamentos de segurança, numa profissão de alto risco como a construção civil, manutenção e elétrica. Também mostraram fotos de acidentes de trabalho que eles e outros companheiros sofreram, como cortes e queimaduras, além de filmagens em que eles trabalham em um trilho do metrô e em outro trilho da mesma via há trens passando.

Pablito, diretor do Sintusp, interviu relacionando a luta dos trabalhadores precarizados com a luta que há anos é impulsionada nas estaduais paulista, contra a privatização e elitização, por um projeto de universidade de fato pública, ou seja, aberta ao povo trabalhador e com o conhecimento voltado para as suas necessidades. Lembrou a luta das trabalhadoras terceirizadas da União que limpavam a FFLCH ano passado, que se iniciou também pelo não pagamento de seus direitos e salários e que até hoje muitos não foram pagos, demonstrando que nossa luta é uma só.

Hoje na USP, também lutamos contra o desmonte da prefeitura do Campus, com o fechamento de setores como o posto de combustíveis, circulares e a borracharia e a implantação de uma frota privada que avança na terceirização. Esse processo de desmonte possui uma ligação não tão inusitada com a luta dos trabalhadores terceirizados e quarteirizados. O prefeito do Campus, que vem implementando o processo de desmonte, José Sidnei Martini, trabalhou na década de 90 para a mesma empresa que contratou a Façon e a Areza - a multinacional francesa Alstom que é a terceirizada do Metro. Seu currículo é realmente admirável. Após a saída da Alstom em 1999, Sidnei assumiu a presidência da CTEEP (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista). Não só Sidnei participou do processo de privatização da empresa em 2006, mantendo-se no cargo mesmo após a privatiz ação, como também manteve negócios milionários com a Alstom até sua saída do cargo. Até 2008 a CTEEP havia firmado 47 contratos com a Alstom, somando mais de R$ 300 milhões. Isso demonstra categoricamente a relação íntima que a USP tem com as elites paulistanas e com as grandes empresas que exploram diariamente trabalhadores como os terceirizados do Metrô.

Nas intervenções nas salas de aulas os trabalhadores relataram a precariedade do trabalho, a delicada situação que muitos companheiros estavam por conta dos salários atrasados, com aluguel, pensão e família para sustentar. Denunciaram a terceirização como forma de maior exploração e degradação da vida dos trabalhadores e responsabilizaram o Metrô pelo não pagamento dos salários e direitos. Colocaram como é contraditório centenas de pobres serem presos diariamente por tão pouco enquanto os verdadeiros bandidos, os patrões, os roubarem descaradamente e seguirem impunes.

A linha 4 amarela concedida a CCR, terceirizada do Metro, é usada por muitos estudantes e trabalhadores, principalmente da USP, diariamente.  Os cabos transmissores de energia elétrica foram instalados por eles, além de muitos outros equipamentos e vias transmissoras utilizadas pelo Metrô. Os companheiros denunciaram a subvalorização e invisibilidade da categoria, demonstrada pelas condições insalubres de trabalho e baixos salários (quando são pagos).

Nesse momento lembramos como era exatamente isso que nos falavam as companheiras da União: como o serviço de limpeza era subvalorizado e invisível para os que usam o espaço, mas a “Revolta das Vassouras” mostrou a importância do serviço feito pelas trabalhadoras, chegando ao ponto de não ter condições de ter aula na FFLCH no período da greve, além de evidenciar o trabalho semi-escravizado dentro da “universidade de excelência”.

Para além dos 500 reais que conseguimos para o fundo de greve, nos ficou a importante experiência da aliança operário-estudantil numa luta contra a exploração e opressão dos trabalhadores mais precarizados - os terceirizados - implementando a independência de classe e reivindicando a união das fileiras operária, acreditando em nossa própria força (única capaz) para barrar os ataques da patronal contra os trabalhadores e a juventude.

Chamamos todas e todos companheiros que compartilham da solidariedade de classe a continuar na luta pelo pagamento imediato dos direitos e salários dos trabalhadores terceirizados do Metrô!

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