segunda-feira, 10 de junho de 2013

Clément presente! Os fascistas NÃO PASSARÃO!

Por Cristiane Ciancio e Anderson Martins - militantes da Juventude às Ruas
 
 
É com enorme dor e revolta que nós da Juventude às Ruas ficamos ao saber do assassinato do militante francês Clément Méric por um grupo de skinheads de extrema direita na cidade de Paris. O fato ocorrido na última quarta-feira, 5 de junho, nos toca profundamente!

A distância territorial, e as diferenças econômicas e culturais que por muitas vezes nos levam a ignorar as expressões das lutas de classes em outros países não nos educam numa perspectiva revolucionária. A morte de Clément é mais uma das inúmeras vidas que são violentamente destruídas reflexo de uma ditadura burguesa, maquiada de "democracia", que não tem interesses em tomar medidas que acabem com grupos fascistas. A seguir fazemos uma breve discussão sobre a necessidade do internacionalismo como uma estratégia necessária para que possamos colocar o capitalismo onde ele merece: na cova! Após transcrevemos uma nota de solidariedade da Corrente Clase contra Clase, organização irmã da LER-QI na Espanha.
 
A partir da análise marxista temos que a sociedade se divide em classes sociais, e que o inimigo dos setores oprimidos é a burguesia! Já durante as experiências da juventude de Marx, principalmente com as revoluções na Europa de 1848, são expressos os antagonismos irreconciliáveis dos interesses do proletariado com os da burguesia. Não é a toa que a partir daí Marx dedica todos seus esforços para entender os mecanismos do capitalismo, buscando traçar então quais as táticas mais eficazes para o triunfo operário. Suas elaborações são hoje grandes fortalezas que temos para seguir a luta.

O elemento da divisão das classes sociais, combinado com a análise dos mecanismos de produção e reprodução do sistema econômico capitalista, demonstram como a derrubada deste, só será possível com uma grande aliança internacional da classe trabalhadora e setores oprimidos. A solidariedade e a fraternidade por aquelas/es que sofrem a miséria desse sistema capitalista é elemento de grande importância para todas/os militantes! Um/a revolucionário/a não se faz só de teoria. A ardência no peito diante de tantas injustiças, o ódio de classe que nos sensibiliza e nos revolta profundamente diante das inúmeras opressões diárias que milhões estão submetidas/os. Tudo isso nos dá mais certeza que é preciso lutar por aquelas/es que hoje, não possuem condições objetivas de se libertar de sua condição de explorado e se tornar sujeito de sua própria história. Nos dá mais certeza que a nossa moral não será nunca a da burguesia, que utiliza-se da opressão às mulheres, aos homoafetivos, aos negros e outras raças e etnias que não se enquadrem no padrão burguês branco ocidental, para avançar em suas políticas imperialistas.  Só poderemos pensar em acalmar nossos ânimos quando todos tiverem o que comer, um lugar saudável para viver, tiver liberdade para auto-determinar seus corpos e mentes, etc..

Mas este internacionalismo fraterno, só pode ser concretizado se pensamos no internacionalismo estratégico que é consequência da relação direta dos mecanismos econômicos do capitalismo:  apropriação privada à serviço dos grandes monopólios da produção coletiva industrial realizada a nível mundial. Soma-se a isso, o fato das burguesias jamais serem capazes de levar a frente as conquistas mais elementares da classe trabalhadora e setores oprimidos, como o direito a moradia, a alimentação, a saúde, educação, cultura, direitos das mulheres, dos homoafetivos, dos povos indígenas e outros.
Por isso é fundamental, que empreguemos grande energia para a construção de um programa internacionalista da classe trabalhadora para a classe trabalhadora e setores oprimidos, onde, as principais demandas democráticas, como por exemplo: reforma agrária nos países semicoloniais, estejam combinadas com demandas essencialmente socialistas (planificação econômica, controle do comércio exterior, desenvolvimento de mecanismos soviéticos de poder, etc).
 
Com a primeira Guerra Mundial (1914-1918) um novo período do capitalismo se abre, e que brilhantemente Lenin estudou e tirou importantes lições que foram expressas em seu livro "Imperialismo: fase superior do capitalismo". Neste, Lenin demonstra que a acumulação de riqueza dos grandes monopólios, e a fusão destes com o capital bancário deram origem ao capital financeiro, levando as burguesias dos países imperialistas a entrarem em choque na luta por mercados consumidores, o que resultou na primeira e segunda grande guerra mundial, ou seja, a disputa armada entre grandes potências para partilhar os mercados consumidores mundiais. A guerra mundial entre os imperialistas, torna explicita a incompatibilidade entre o desenvolvimento das forcas produtivas e as fronteiras nacionais, como aponta Trotsky em “ Stalin o Grande Organizador de Derrotas”.


Com a repartição dos mercados mundiais entre os imperialistas, se desenvolve uma situação onde, as burguesias dos países coloniais e semicoloniais tem como única possibilidade subordinar o seu desenvolvimento aos interesses das potências imperialistas. O ponto culminante do cenário que se abre nesse período é o de que as burguesias semicoloniais e coloniais, já não podem seguir o mesmo caminho percorrido pelas burguesias imperialistas em seu desenvolvimento, em outras palavras, não podem solucionar demandas democráticas atraindo para sua influência amplos setores da pequena burguesia, pois qualquer concessão feita nas semicolônias entra em direta contradição com os interesses defendidos pelas potencias.  

 É fundamental compreendermos que os países imperialistas, que hoje oferecem melhores condições de vida a um setor da classe trabalhadora (aristocracia operaria) e da pequena burguesia, só podem levar essa política a frente com base na espoliação das semicolônias, ou seja, com base no desenvolvimento das forcas produtivas mundiais (economia mundial). Trotsky já apontava em “Stalin o Grande Organizador de Derrotas” que mesmo a Inglaterra, um pais imperialista, se isolada do mercado mundial estaria fadada ao fracasso econômico em poucos meses, quanto maior o desenvolvimento econômico de uma nação maior a sua dependência da economia mundial.

Essa compreensão é chave para nós, enquanto marxistas, e militantes revolucionários, estarmos mais convictos da necessidade de lutarmos por uma aliança internacional da classe trabalhadora. Para nós não deve existir fronteiras, pois a classe trabalhadora que tudo produz é uma só. Políticas sociais para a classe trabalhadora e setores oprimidos só existem por causa da luta, a burguesia só defende seu lucro, as migalhas que ela "nos dá" são o mínimo para tentar nos conter. E não nos iludamos, em qualquer País, quando ela precisa fazer cortes para manter sua posição, é nas costas dos setores mais precarizados e oprimidos que ela irá atacar com suas forças armadas, com seus grupos fascistas.
 
 Todavia, a resistência se mantém cada dia mais do que vida! Um novo período se abre de lutas em todo o mundo, cada uma dessas mobilizações, inspiram milhares, que em suas escolas, cidades, universidades, locais de trabalho, pensam em como mudar, em como dar um fim a tanta dor, tanta crueldade e injustiça. É central que cada um de nós pense em como estabelecer um elo de comunicação e solidariedade ativa, lutando ferozmente para que a democracia de base esteja presente em todos os momentos da luta, buscando ao máximo colocar nossas ideias na ofensiva.

Temos a certeza de que ainda temos muito para aprender, que as tarefas são enormes, e que é a vida de muitas pessoas que estão em jogo, por isso mesmo que necessitamos nos fortalecer, nos organizar, ter muita seriedade, estudo, balanços de processos, para que consigamos dar um soco forte com uma mão certeira, que nos garanta a nossa proteção para continuar avançando para a reorganização da sociedade através da planificação da economia, e do governo operário.

Compartilhamos ainda de muitas dúvidas, mas temos um programa, com um método que nos fortalece, e temos que ser audazes! Audazes por Edson Luíz, Elenira Rezende, Manuel Gutierrez, por Clément Méric! Audaz pelas milhares de mulheres que morrem todos os dias vítimas do feminicídio, audaz pelo povo negro e indígena que é assassinado pelas mãos das forças repressivas! Audaz como os milhares de jovens e trabalhadoras/es que hoje se levantam por toda a Tunísia contra um governo que cumpre os ditames norte-americanos e acirra as desigualdades sociais. Sejamos uma juventude que retoma com toda vivacidade o internacionalismo!!


Abaixo traduzimos a declaração da corrente Clase contra Clase - Organização irmã da LER-QI na Espanha.
 
Clément presente! Os fascistas NÃO PASSARÃO!
Declaração de Repúdio de Clase contra Clase

 Frente o assassinato de Clément, militante antifascista francés

...Desde Clase contra Clase, Estado Espanhol, declaramos nosso enérgico repúdio ao assassinato de Clément Méric, um jovem estudante de 18 anos, militante da Ação Antifascista Paris-Balieue e do Sindicado SUD-Solidaires de Scienes-Po, nas mãos de três skinheads de extrema direita pertencentes a Juventude Nacionalista Revolucionária. Clément, foi ferozmente atacado e golpeado, o que causou a sua morte nas mediações da estação de metro Sait Lazare de Paris.

Enquanto nos solidarizamos com seus familiares e companheiros/as de militância, apoiamos ativamente todas as manifestações e ações que estão sendo organizadas para os próximos dias no Estado Espanhol e outros países em repúdio ao assassinato de Clément.

O estado espanhol, correspondente com o crescimento da extrema direita na Europa, - Aurora Dourada na Grécia, o Ukip na Grã-Bretanha e a Frente Nacional na França -, também é cenário de ações de grupos de ultradireita. São constantes os ataques aos imigrantes, aos homossexuais, as mulheres que se manifestam pelo direito ao aborto; assim como também aos jovens ativistas e de militância de esquerda. A impunidade com que circulam pelas ruas golpeando e provocando atos racistas, xenófobos e homofóbicos estão garantidas pela cumplicidade das forças policiais, do Regime do Governo de PP; governo que favorece as vozes mais obscuras e reacionárias, como a Igreja Católica contra o matrimônio homoafetivo e a Lei do aborto, ou aos velhos franquistas que ressuscitam cada vez mais nos meios de comunicação. 

Assim se prepara na Europa para atuar como futuros grupos de choques e bandas fascistas contra a mobilização operária e popular; amparados pelos governos tanto social-democratas, como conservadores, garantidores do racismo estatal da União Européia. Um exemplo disso são os CIEs, Centro de Internamento para Estrangeiros, espalhados por toda a Europa: os novos 'campos de concentração' para os imigrantes sem papéis.
 
Por isso, contra os cada vez mais estendidos ataques dos grupos fascistas, é necessário organizarmos, responder com as mobilizações e com o legítimo direito de autodefesa das organizações operárias, junto com os coletivos de direitos humanos e juvenis, a esquerda sindical e política. A única forma efetiva de combater e derrotar os grupos de choque de extrema direita é com a organização operária e juvenil e a mais ampla mobilização.
 
¡Clément Presente!

¡FASCISTAS... NÃO PASSARÃO!
 
 
 








 
 








 

 

 

 
 
 
 

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