terça-feira, 4 de setembro de 2012

Unesp Franca: Moção do Centro Acadêmico de Serviço Social UNESP/Franca

CARTA ABERTA

Nos dias 28 e 29 de agosto, o Curso de Introdução à Vida Intelectual (CIVI), - suposto grupo de estudos da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Franca – promoveria o evento “Aspectos Fundamentais da Formação Cultural Brasileira” para o qual convidaram Dom Bertrand de Orleans e Bragança – ruralista e herdeiro da família real brasileira – e José Carlos Sepúlveda – jornalista e monarquista – , representantes, respectivamente, da União Democrática Ruralista (UDR) e da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição Família e Propriedade (TFP).
A UDR é um grupo que organiza os latifundiários com o objetivo de preservar a propriedade privada, representando o que há de mais reacionário na burguesia agrária, expulsam os camponeses sem-terra, os índios e os quilombolas, como forma de impedir a reforma agrária, além de se colocarem claramente contra a PEC – 438/01, que criminaliza o trabalho escravo. A TFP é uma organização católica ultraconservadora que puxou a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, apoiou e fortaleceu o Golpe Militar de 1964, se mantendo ao lado da ditadura militar, que assassinou e torturou centenas de trabalhadores, camponeses e estudantes que se organizavam contra o regime. Atualmente está presente em vários países, combatendo veementemente o casamento entre homossexuais. São investigados por perseguirem os defensores dos direitos dos homossexuais e da descriminalização do aborto.
Diante disso, aproximadamente trinta estudantes indignados, representantes de entidades, organizações políticas e independentes se reuniram na semana anterior ao evento numa Frente Única anti-monarquista e anti-latifundiária, e organizaram um Ato-Debate concomitante ao evento, para discutir a criminalização dos movimentos sociais.
O Centro Acadêmico de Serviço Social da UNESP compôs a Frente Única por entender que as ações organizadas desses setores são um ataque à classe trabalhadora, ferindo os direitos humanos, os direitos de cidadania, a liberdade dos movimentos sociais, entre outros. De acordo com os princípios fundamentais do Código de Ética dos Assistentes Sociais, devemos nos posicionar a favor da equidade e da justiça social, com empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade e à participação dos grupos socialmente discriminados, lutando contra a discriminação por questões de inserção de classe social, etnia e orientação sexual, além de nos vincularmos ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação e exploração. (2011, p. 24 – 25).
O Ato-Debate ocorreu com a participação de estudantes, professores, e trabalhadores da cidade e um representante do MST somando-se aproximadamente 200 pessoas, que fizeram uma ampla discussão, denunciando as ações da UDR e da TFP e reivindicando a organizações dos movimentos sociais e dos trabalhadores. Ao final do debate, um estudante propôs que um texto fosse lido no local da palestra, apresentando o que os palestrantes representavam. Os estudantes revoltados com as provocações que os palestrantes fizeram, não permitiram que o evento ocorresse, numa ação espontânea – pois não foi tirada na Frente Única a questão da implosão do Evento. Os palestrantes não sofreram nenhum tipo de agressão física, e a palestra foi transferida para outra universidade da cidade.
No dia seguinte ao ocorrido, alguns alunos passaram pelas salas de aula distribuindo uma “Carta aberta à sociedade”, na qual apresentam a ação dos estudantes como um atentado à liberdade de expressão e recolhem assinaturas para pedir que a direção da UNESP – Franca apure os responsáveis pelo ato e tome medidas cabíveis em relação ao ocorrido. O Diretório Acadêmico convocou uma Assembleia Extraordinária no mesmo dia, onde 170 estudantes discutiram e deliberaram, entre outros, que o Movimento Estudantil não aceitará nenhuma repressão aos estudantes e professores envolvidos.
Diante disso, a “Gestão Nova Ação” do CASS “Rosa Luxemburgo” vem prestar total apoio aos estudantes e professores que participaram do Ato, manifestar nosso profundo repúdio a alunos que, por fora de Assembleias legítimas do Movimento Estudantil, estão buscando formas de reprimir os estudantes e professores que impediram a realização desse evento, e evidenciar que NÃO ACEITAREMOS NENHUMA FORMA DE REPRESSÃO AOS ESTUDANTES E PROFESSORES!
Assim, chamamos todas as entidades representativas do Movimento Estudantil de Serviço Social (MESS), do Movimento Estudantil em geral (ME), professores de Serviço Social, organizações políticas e a Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social (ENESSO) a se posicionarem em relação ao ocorrido, com moções de apoio ao Movimento Estudantil da UNESP – Franca.
Terminamos por afirmar nosso compromisso com a classe trabalhadora e seus movimentos sociais, na luta por uma universidade popular livre de machismo, racismo e homofobia, de fato pública, democrática e a serviço dos trabalhadores!

Centro Acadêmico de Serviço Social “Rosa Luxemburgo” – Gestão “Nova Ação”

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