quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Abaixo as sindicâncias moralistas de Araraquara!

É urgente colocar de pé uma campanha Contra a Repressão na UNESP junto a USP e Unicamp!

Dia 10 de agosto, sexta-feira, estudantes moradorxs da Moradia Estudantil de Araraquara organizaram em sua casa uma confraternização entre amigxs. Algunxs cantaram, outrxs beberam, muitxs conversaram, dançaram... algunxs transaram. Nada muito diferente da prática natural de milhares de jovens que, após uma semana de estudos e trabalho, resolvem relaxar, se encontrar e se divertir com xs amigxs, companheirxs e namoradxs. Porém, qual não foi a surpresa de algunxs dessxs estudantes ao receber, dia 16 de setembro um processo de sindicância cuja pena pode ser a expulsão da Universidade, com a "acusação" de que "efetuaram barulho, ingeriram bebida alcoólica no interior da moradia estudantil, praticaram ato obsceno e sexual em grupo perante as pessoas."

Esse é mais um dos claros atentados contra a autonomia dos moradores dentro da Moradia Estudantil, que tem sido uma prática da atual Reitoria em todas as Direções - vigiar, ameaçar, proibir e punir - no que diz respeito a Moradia Estudantil, sendo em algumas proibida a entrada de pessoas após as 23:00, em outras proibida a entrada e o consumo de bebidas alcoólicas, e em algumas, até o pernoite de parentes, namoradxs e amigxs chegaram a ser proibidos! Isso nos câmpus que possuem Moradia, pois Permanência Estudantil não foi prioridade da última, assim como não será da próxima, gestão da Reitoria. Essa intervenção direta da Direção sobre os espaços de permanência, organização e convivência estudantil representa uma tentativa de controle dos espaços historicamente questionadores da elitização e privatização da Universidade Pública, que são as Moradias Estudantis!

Não bastasse essa violação ao direito dos estudantes sobre seus espaços de permanência e convivência, a Direção abre uma sindicância pelo fato de estudantes terem transado (sic!)!!! Se a burocracia da Universidade Pública já indicava a indisposição de respeitar a laicidade dos espaços públicos ao priorizar a formação e a exaltação dos simbolos e práticas do catolicismo, agora evidencia mais ainda seus interesses em implantar na Universidade uma moral de um convento/mosteiro! A repressão sexual e o conservadorismo moral da burocracia estão a serviço de formar um indivíduo submisso às normas e às regras sociais, acrítico e castrado da possibilidade de experimentação, conhecimento e relacionamento entre pessoas! É importante ressaltar os elementos homofóbicos presente nessa sindicância, já que entre xs jovens que praticavam sexo se encontravam homens e mulheres dispostxs a práticas sexuais diversas das heteronormativas. Nas entrelinhas se vê a repressão sexual expressa ao ressaltar o caráter tanto grupal, quanto exibicionista do ato sexual, como se tais elementos distoantes da normatividade justificassem a "obscenidade" - no seu sentido pejorativo - do ato e, portanto, a punição dos praticantes!

Fica evidente que nessa 'UNESP-orgulho' da carta-proposta do candidato a Reitor, as mulheres, especialmente aquelas que não seguem a imposição da ditadura da beleza (como as "gordas" do Interunesp) servem para serem montadas e não para poderem praticar livremente sua sexualidade nas suas moradias; nessa 'UNESP-excelência' de Durigan, Hermann e Alckimin, xs negrxs, especialmente imigrantes, são obrigados a morar de favor(como em Rio Preto) e escorraçados como animais (como em Araraquara) e, longe de sentar nas cadeiras da Universidade, pela existência do filtro social e racial do vestibular, são encontradxs nos trabalhos terceirizados, precários e escravizadores da 'UNESP-orgulho'! Não a toa, nada foi feito contra os agressores e responsáveis pelos casos acima, mas sindicâncias, processos e punições são abertos contra aquelxs que resistem a essas opressões!

É essa a 'UNESP-100 melhores do mundo com menos de 50 anos' em que o candidato a Reitor, atual vice, diz que as mobilizações estudantis por mudança serão caso de polícia. É essa a 'UNESP-PDI' que persegue, ameaça, reprime, processa e sindica estudantes que lutam por um projeto que privilegie uma Universidade aberta para a população, que garanta políticas de permanência estudantil plenas e coloque o ensino, a extensão e a pesquisa a serviço dos interesses dos trabalhadores e camponeses.

Importante relembrarmos que em Franca, um estudante do 1º ano de história foi suspenso por um mês e teve seu semestre perdido em 2011 por criticar em sala de aula o discurso claramente homofóbico e racista de um professor. Também em Ourinhos esse ano, um professor tem acuado em sala de aula as estudantes com um discurso diretamente machista, que deu base inclusive para o surgimento de pixações violentas e agressivas em portas da faculdade contra as estudantes mulheres. A onda repressora como política de gestão da antiga, atual e futura Reitoria vêm aumentando e atuando em todos os níveis: repressão axs estudantes que lutam; repressão axs estudantes que questionam; repressão às estudantes mulheres; repressão axs estudantes negrxs; repressão axs moradorxs das Moradias; repressão ao livre exercício da sexualidade...

É hora de darmos um basta de conjunto a essa política. É hora dos estudantes da UNESP resistirmos em conjunto aos estudantes e trabalhadores da Unicamp e, especialmente, da USP (hoje xs mais atacadxs), na defesa dxs lutadxres, em barrar as sindicâncias e repressões em curso e lutarmos pela democratização das Universidades Públicas para acabar com a farra dos burocratas da UNESP, USP e Unicamp que enchem os bolsos com as parcerias público-privadas, fundações e terceirizações ao mesmo tempo que nos reprimem, elitizam o ensino e vertem a miséria sexual e a repressão moral sobre a juventude universitária!

Nesse sentido, nós, da Juventude às Ruas: 

CHAMAMOS TODXS XS ESTUDANTES, ENTIDADES ESTUDANTIS E ORGANIZAÇÕES POLÍTICAS PARA A URGENTE CONSTRUÇÃO DE UM CEEUF QUE ARME O MOVIMENTO ESTUDANTIL DA UNESP PARA BARRAR AS REPRESSÕES E LUTAR POR UM OUTRO PROJETO DE UNIVERSIDADE!!!

* Nos colocamos em defesa da autonomia das Moradias Estudantis!

* Defendemos a livre expressão da nossa sexualidade!

* Repudiamos as sindicâncias contra xs estudantes de Araraquara, assim como qualquer forma de repressão vinda da Reitoria e Diretorias!

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