terça-feira, 25 de setembro de 2012

Defender os lutadores e unificar as mobilizações!

A repressão na USP a serviço de um projeto

Em outubro do ano passado, estudantes da Universidade de São Paulo deflagraram greve contra a presença da PM dentro da Universidade, os processos e prisões contra estudantes e trabalhadores e a estrutura de poder autoritária, herdeira da ditadura militar. A presença da PM no campus serve à imposição da força sempre que necessário e, com maior eficácia, a um projeto de universidade: uma universidade elitista, racista, mercadológica e de portas fechadas para os trabalhadores e povo pobre. Agora, nesse fatídico mês de setembro, Rodas pretende levar até o fim os processos administrativos abertos contra os 73 estudantes e funcionários, punindo-os exemplarmente, novamente apoiado no regimento da USP, escrito durante a ditadura militar, no ano de 1972, por um dos redatores do AI-5 – e reitor – Gama e Silva, assim como fez com os oito eliminados da moradia retomada.
Mas as punições, as perseguições, enfim, a repressão está longe de atingir apenas os estudantes: hoje mais de seis delegados sindicais do SINTUSP estão sendo processados, além do diretor sindical Claudionor Brandão, demitido inconstitucionalmente em 2008 por apoiar a luta contra a terceirização dentro da universidade. Rodas também ameaçou processar a ADUSP, por conta das manifestações contrárias à repressão de Rodas e sua administração na imprensa.

O movimento estudantil se prepara para ressurgir!

A reitoria da USP, na tentativa de avançar em seu projeto, esbarra na organização estudantil em todos os campi universitários. Em São Carlos, Rodas tenta assinar convênio com a PM, atacar à moradia estudantil e retirar dos estudantes a autonomia sobre seus espaços, ameaçando o principal espaço de organização estudantil do campus de São Carlos, o histórico centro acadêmico único, CAASO, que representa todas as secretarias acadêmicas dos cursos que estão na USP São Carlos.
Já na EACH, os estudantes se mobilizam contra a terceirização do bandejão da unidade, que oferece além de péssima qualidade na alimentação, precarização e exploração do trabalho. Os alunos questionam a terceirização e o papel nefasto que cumprem as empresas terceirizadas, exigindo a reincorporação de uma funcionária demitida no já conhecido “troca troca” de empresas terceirizadas que prestam serviço à USP, que demitem funcionários, não pagam salários e por meio de falsas falências deixam os trabalhadores explorados a ver navios.
Na Unesp de Franca, o movimento estudantil, aliado a movimentos sociais, expulsam o “príncipe do Brasil” do campus da universidade, presente para uma palestra, sendo que defende claramente os latifúndios, contra a reforma agrária, assinando embaixo a todo o derramamento de sangue no campo pelas lutas por terra, trabalho e moradia. 

As entidades devem estar a serviço de unificar as mobilizações e derrotar a repressão!

É nesse contexto de ressurgimento do movimento estudantil que acontece o XI Congresso dos Estudantes da USP, que com um chamado por “democracia na universidade” e “diretas para reitor”, secundariza a forte organização dos estudantes, desde a vanguarda até as bases do curso, para barrar os ataques da reitoria, desconsiderando que é preciso derrubar completamente, e não reformar, a estrutura de poder da USP. É necessário dissolver o C.O. (Conselho Universitário) e o reitorado, construindo uma assembleia estatuinte em base à mobilização; democratizar radicalmente o acesso, não só através das cotas, mas da luta pelo fim do vestibular, com a estatização sem indenização do ensino privado; compreender que essa luta por democracia é inseparável, no conteúdo, da luta contra a repressão aos que lutam, e que caso se concretize a ameaça de eliminação de dezenas de estudantes e trabalhadores o movimento todo sofrerá uma derrota que tornará impossível o avanço na luta pela democratização.
Por isso, se vota no congresso, em razão de uma fortíssima luta política dada por um setor de estudantes ali presentes, do qual a Juventude às Ruas! esteve à frente, a construção de uma forte campanha contra a repressão na Universidade, pelo fim de todos os processos contra estudantes e trabalhadores e pela reintegração dos estudantes eliminados e de Brandão. Para que essa campanha se efetive, e saia do âmbito de resolução congressual, é necessário que as direções do movimento, PSTU e PSOL, atentem para a central importância de tocar essa luta à frente, organizando os estudantes para barrarem esses ataques e colocando todo o peso nessa questão. Porém, o que vimos até agora é justamente o contrário, um DCE desmobilizado, opondo de todas as maneiras qualquer debate à questão da repressão, como fazem agora com as eleições para diretor da FFLCH, onde jogam todo o seu peso de CA’s e DCE para desliga-la da luta pela derrocada da estrutura de poder que pune estudantes por se mobilizarem contra o projeto de universidade. O DCE alterou parcialmente, desrespeitando as decisões do congresso sobre os eixos de atividades e materiais, o conteúdo dessa campanha. Ao mesmo tempo, as resoluções implementadas estão servindo para pautar desde as entidades reconhecidas a luta contra os processos, o que mostra como a luta política desde o congresso não somente foi correta como deve seguir permanentemente.
Levar adiante uma forte campanha contra a repressão é o que pode permitir unificar essas mobilizações, ainda isoladas, que surgem estadualmente – expressões iniciais nas universidades de São Paulo do fenômeno visto nas greves das federais e nas respostas que os trabalhadores e a juventude começam a dar nacionalmente aos ataques dos governos e patronais –, e assim avançar para impor uma derrota às reitorias e ao governo.

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