quinta-feira, 17 de novembro de 2011

"Quem são de fato os encapuzados?"

Carta dos estudantes da UEL em repúdio as posições reacionárias do reitor da Universidade contra a luta da USP.

Essa pergunta foi feita pelo ex-reitor Wilmar Marçal. Para ele são “hematófagos, mal cheirosos e terroristas”. A questão não é quem somos, mas sim, porque estamos encapuzados? Se assim estamos é porque não somos “um bando de preguiçosos que querem a mídia como emblema de existência”. Não somos uma espécie em extinção. Somos estudantes que trabalham durante a graduação, para mantermos nossa subsistência e comprarmos nossos livros, muitos viajam ficando longe de suas famílias para realizar os estudos, não somos contemplados por políticas de permanência e ainda sim somos rotulados como “predadores do dinheiro público”.

É lamentável e previsível que o ex-reitor da UEL, venha a público manifestar sua solidariedade com o reitor da USP João Grandino Rodas, que acaba de acionar 400 policiais, tropa de choque, helicópteros, cavalaria, bombas e submetralhadoras para por fim à ocupação da reitoria. Para ele, não há mal nenhum em se violar a autonomia universitária e transformar a Universidade de São Paulo em uma área militarizada.

Tal postura é previsível, pois Marçal, enquanto foi reitor da UEL, tentou emplacar um plano de segurança muito parecido com o plano de Rodas, que previa o cercamento completo junto com políciamento dentro do campus. Marçal sofreu uma rejeição imensa da comunidade universitária, inclusive vendo naufragar suas aspirações em seguir uma carreira política, pode ser daí que brota o seu rancor.
Sua carta destila muitos preconceitos. Chamar os estudantes de terroristas e defender a ação policial para uma questão política, mostra sua concordância com os métodos da ditadura militar.

Mas do que isto, Marçal expressa um ódio de classe àqueles que batalharam para ingressar na universidade pública e que exigem que o direito à educação seja pleno, com moradia, alimentação, transporte e outras condições de permanência.
Assim como Rodas, o ex-reitor defende a elitização da universidade, que deveria em seus sonhos reacionários extinguir os estudantes de humanas, os estudantes que ingressaram tardiamente na universidade, provavelmente porque a dura batalha cotidiana pela sobrevivência os impediu de passar no vestibular aos 17 anos.

É preciso reafirmar: os 73 presos da USP, assim como os mais de 3 mil jovens que votaram a greve na USP pela retirada da PM do campus e fim dos processos aos lutadores são estudantes sim. Negar isto, chamando-os de baderneiros, maconheiros ou terroristas é um recurso ideológico bem conhecido das ditaduras e governos nazistas e fascistas. Temos em nossa “origem embrionária” não a cadeia, como pensa o ex- Reitor, mas a educação.

Centros Acadêmicos de: História, Ciências Sociais, Comunicação, Biologia, Serviço Social, Arquitetura, Educação Física, Geografia, Agronomia, Artes Visuais e DCE - Universidade Estadual de Londrina

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