quinta-feira, 4 de abril de 2013

Por Uma Campanha Nacional Contra A Criminalização Dos Movimentos Sociais!

Por Juventude Às Ruas - BH

A repressão é um mecanismo concreto de dominação de classe. Quando os setores oprimidos, jovens, estudantes e trabalhadores se levantam e questionam suas condições de vida, trabalho e estudo, são prontamente respondidos com repressão do patrão, do reitor, do governo, do Estado. Porque a classe dominante necessita desse mecanismo para manter tudo na mais perfeita ordem: a ordem burguesa.

No último período vimos os mais diversos exemplos de repressão no Brasil e no mundo. Estudantes chilenos que saíram às ruas durante meses em luta pela educação pública, gratuita e de qualidade, foram constantemente reprimidos pela polícia que, inclusive, assassinou um jovem de apenas 14 anos. Em vários processos de luta em países da Europa, Oriente Médio, a situação foi a mesma. No Brasil, o governo federal Dilma/PT colocou seu exército para reprimir os trabalhadores de Jirau, que se revoltaram contra as péssimas condições de trabalho. Assassinatos de “sem terras” no campo. Nos movimentos de jovens, a repressão está presente nos atos contra o aumento da passagem, do ABC paulista à Teresina-PI, e vem sendo cada vez mais forte na Universidade. A UNIFESP e a USP em São Paulo foram palco de desocupações violentas que terminaram com dezenas de estudantes e trabalhadores presos. Hoje, mais de um ano após a reintegração de posse da reitoria da USP, os 72 presos políticos sofreram um ataque do Ministério Público e ainda correm o risco de responder processos judiciais por formação de quadrilha, entre outras absurdas acusações, o que pode leva-los presos por 8 anos. Esses estudantes foram presos justamente precisamente quando travavam uma luta contra a repressão policial nas universidades, favelas e periferias.

Na UFMG o cenário não é diferente. No ano passado a reitoria baixou uma portaria proibindo a livre organização em confraternizações dentro do campus. Além disso está perseguindo a vários estudantes. A diretoria da FAFICH fez o mesmo e foi mais além. Anunciou o fechamento de espaços estudantis e uma reforma do prédio que restringiria os espaços e a independência do movimento estudantil e seus espaços de organização, luta e confraternização. Logo após fechou a porta do CAFCA (Centro Acadêmico de Filosofia). A porta foi reaberta, mas o importante movimento que se gerou foi desmontado porque a direção do DA na época (os mesmos que estão agora em nosso DCE e no governo do país; o PT) falou que deveriamos confiar em reuniões com a diretoria ao invés da mobilização e luta independente dos estudantes. Resultado? Essas medidas seguem vigentes; tiremos as conclusões de que só sendo instrumentos de luta independentes das reitorias, diretorias e governos os centros estudantis (CA’s e DA’s) poderão derrotar a repressão!

Isso porque a repressão, enquanto um mecanismo de dominação de classe, é parte intrínseca do atual projeto de Universidade. O projeto não apenas nacional, mas mundial de Universidade, está pautada na privatização e precarização do ensino, da pesquisa, da educação, ou seja, da própria Universidade. Enquanto se avança na produção tecnológica e intelectual, avança também a criação de cursos pagos nas universidades públicas, na parceria com empresas privadas, na implementação de cada vez mais trabalho precário e terceirizado. Para se levar adiante esse projeto, várias medidas são tomadas pela reitoria e seus aliados – governos e sua polícia. Desde o cerceamento dos espaços de socialização e vivência, como as festas e atividades sociais dentro do campus, que não só são espaços de lazer onde os estudantes podem se conhecer e se divertir, como também podem discutir e se politizar; até a repressão direta a cada estudante e trabalhador que se levanta para questionar esse projeto privatizante, a precarização, as péssimas condições de trabalho e estudo.


Frente a esses ataques nós, da Juventude às Ruas, reivindicamos que os CA’s, DA’s (começando pelo da FAFICH, onde podemos ajudar!) e o DCE devem construir uma campanha em que toda juventude, estudantes e trabalhadores se coloquem na linha de frente da luta contra a repressão. Para barrar tal projeto de Universidade e avançar para a construção de outra Universidade, que seja realmente pública, gratuita, de qualidade e para todos, com toda sua produção tecnológica e intelectual voltada aos interesses da ampla maioria da população – a classe trabalhadora –, é necessário que se coloque ofensivamente contra a repressão, que vem justamente para impedir que se questione e lute. É necessário que a juventude e o Movimento Estudantil estejam ao lado dos trabalhadores de Jirau reprimidos pelo exército de Dilma; dos trabalhadores do movimento sem terra assassinados no campo; jovens e trabalhadores diariamente mortos pelas mãos da polícia nos morros e favelas; dos estudantes que lutam contra o aumento da passagem e são reprimidos pela polícia em vários lugares do país e dos 72 estudantes e trabalhadores da USP ameaçados pelo MP!; dos estudantes que lutam contra o aumento da passagem e são reprimidos pela polícia em vários lugares do país; e de todos os jovens e trabalhadores que vem sendo reprimidos em suas mobilizações ao redor do mundo!

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