terça-feira, 23 de abril de 2013

Juventude Às Ruas construindo o II Congresso da ANEL na Unicamp

Na última quarta-feira, dia 10, a Juventude ÀS RUAS realizou uma reunião aberta na Unicamp, que culminou na formação de uma chapa para as eleições de delegados para o II congresso da Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre). Tendo em vista a importância da atuação dos estudantes e de sua tarefa enquanto aliado dos trabalhadores nas lutas que ocorrem nacionalmente e internacionalmente, contra os planos de austeridade na União Europeia, pela educação gratuita no Chile, contra a repressão no México e no Brasil, queremos nos ligar à toda a juventude que vem saindo em luta, sermos  como no Chile, a "juventude que nasceu sem medo". Este é o espírito de nossa chapa.
A discussão teve como centralidade a reorganização do movimento estudantil para lutar. Nesse sentido, para organizar a luta dos estudantes é necessário a construção de uma entidade estudantil nacional, que possa articular as lutas para combater as políticas governo com um só punho. Por isso, frente ao II Congresso da ANEL que ocorrerá no final de maio, abrimos a discussão com uma análise da UNE e da ANEL. Partindo da caracterização das amarras da UNE, forjadas pelo governismo que resulta em burocratização e esterilidade desta entidade, além disto, a organização independente dos estudantes é impossibilitada pelas alianças da UNE com o governo. Colocamos a importância de construirmos uma entidade que de fato possa levar adiante as lutas dos estudantes, não burocraticamente, disputando cargos e aparatos, como é o caso da Oposição de Esquerda que atua dentro da UNE.
Assim, a Juventude ÀS RUAS constrói a ANEL, como uma opção independente e anti governista, capaz de reorganizar a vanguarda do movimento e, assim, poder disputar também aqueles que ainda possuem ilusões e esperanças na UNE e no governo petista. Mas essa construção se faz de forma crítica, pois ainda que essa entidade tenha capacidades de ser uma ferramenta de organização que o movimento estudantil necessita para vencer, as políticas da sua ala majoritária, o PSTU, culmina em inúmeros equívocos, como, por exemplo, o apoio congressual da PEC 300, reivindicando melhores condições de “trabalho” para os militares, que na verdade significa melhores condições para reprimir a população. A Anel também não foi capaz, nem se quer se deu a tarefa de, organizar solidariedade aos trabalhadores da GM, que estão sofrendo diversos ataques de sua patronal, com a demissão de mais de 600 operários. Até mesmo a grande oportunidade que a ANEL teve, frente a greve das universidades federais em 2011, de reorganizar o movimento estudantil e ser um entrave para os ataques do governo, foi em grande parte desperdiçada, pois não teve como centralidade a organização das bases dos estudantes em assembleias para que estes fossem sujeitos das lutas.  O que fez foi manter o comando de greve em Brasília, afastado de suas bases, e levantou a pauta de 10% do “PIB Já” para educação, sem se delimitar do próprio governismo, que também tinha essa reivindicação para longo prazo, ou seja, sem colocar para que projeto de universidade servirá esse financiamento, não respondendo assim com um  programa que ofereça uma alternativa a universidade de elite branca, precarizada e privatista que temos hoje.
Com a aproximação do II Congresso da ANEL, a nossa discussão se deu no sentido de refletir sobre os importantes temas que devemos levar para o debate conjunto aos estudantes, a nível nacional. Como a questão da Repressão aos 72 estudantes e trabalhadores da USP, que foram denunciados pelo Ministério Público e estão sob o risco de serem presos e levarem uma pena de até oito anos, por lutarem em defesa da universidade pública e contra a polícia que mais mata no mundo. Essa discussão gerou uma profunda reflexão sobre a necessidade de defendermos esses lutadores para não deixar passar esse ataque e sobre a própria função social da polícia, que é a de braço repressivo do Estado burguês. A mesma polícia que entra na USP e prende os que lutam é a que assassina os jovens, pobres e negros, nos morros e nas periferias. A repressão na USP está ligada a repressão em nível nacional a toda a vanguarda que se coloca em luta, como é o caso da UFMT, onde estudantes foram presos quando protestavam por moradia estudantil. Entretanto a repressão mais dura que estamos vivendo hoje são nos canteiros de obras do PAC, Santo Antônio, Belo Monte e Jirau, onde centenas de trabalhadores vem sofrendo repressão da Força de Segurança Nacional, criada por Dilma. Há relatos de espionagem, desaparecimento, sequestro e assassinato. O II Congresso da Anel é uma grande oportunidade para construirmos uma campanha nacional contra a repressão e cercar de solidariedade todos aqueles que lutam, não só nas universidades, como na USP e UFMT, mas principalmente aos trabalhadores da construção civil!
Também é uma marca do governo do PT, desde Lula até Dilma, a precarização do trabalho. A abertura de postos de trabalho e a expansão do credito veio acompanhados da terceirização, que é uma das formas mais profundas da precarização do trabalho, que divide as categorias, corta seus direitos e reduz seus salários. Esta forma de precarização esta por todo o país, em todos os ramos da produção, esta nos canteiros de obra, nas fabricas, nas escolas, no telemarketing e nas universidades, e afeta principalmente jovens e mulheres, em sua maioria, negras. Nas universidades a terceirização dos serviços precariza os postos de trabalho, mas também as estruturas físicas. Na Unicamp temos muitos exemplos, são dezenas de obras inacabadas, ou que demoraram décadas para serem construídas e que já são entregues com problemas, como é a biblioteca do IFCH e o novo prédio da geografia. Também é fruto da terceirização e falta de contratação de funcionários o incêndio da biblioteca do IEL e da sala da pós graduação do IFCH. É necessário lutarmos nacionalmente contra precarização do trabalho junto aos trabalhadores, conjuntamente a uma luta contra a precarização da educação, reivindicando o fim das empresas terceirizadas e a incorporação imediata dos trabalhadores terceirizados ao quadro de efetivos sem necessidade de concurso público.
Colocamos também a discussão sobre o PIMESP, projeto das estaduais paulistas, baseado no mérito, racista, pois mantém os negros por dois anos em cursos técnicos com disciplinas mercadológicas, como “gestão do tempo”, antes de poderem cursar o curso que escolheram, ficando claro todo o elitismo e racismo que embasam os projetos de universidade implementados pelo governo do estado, o PSDB. A partir dessa discussão, abrimos a reflexão sobre verdadeira inclusão social e acesso, como as cotas só inclui uma parcela ínfima dos negros, a verdadeira democratização do acesso só pode vir da luta pelo fim do vestibular e a estatização das universidades privadas, que é a única forma de todos os jovens terem direito a cursar uma universidade pública, gratuita e de qualidade, conjuntamente à tirada da educação das mãos dos grandes monopólios, que exploram a juventude que trabalha e estuda, em troca de um ensino precário.
Na discussão, passamos pela reflexão sobre a conjuntura nacional e as questões democráticas inflamadas, graças à aliança de setores reacionários e o governo do PT que busca barra-las, como o caso da legalização do aborto rifada em um acordo com a bancada evangélica, em troca de votos na eleição da primeira mulher para a presidência do Brasil. O rechaço a Marco Feliciano, que assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o debate colocado pela Comissão Federal de Medicina, que foi isolada pela bancada evangélica e setores reacionários, ao propor a legalização do aborto no Congresso, bem como todos os escandalosos episódios e trotes nas universidades do país, racistas, machistas e homofóbicos, chegamos a conclusão da necessidade de uma maior politização dessa discussão, sendo necessário encararmos esses entraves como ataques à juventude e aos trabalhadores por parte do governo, onde os resultados são diretamente a criminalização e violência, as milhares de mortes e a negligência.
Com base nessas ideias, conformamos com vários estudantes presentes na reunião a chapa “Juventude Às Ruas + Independentes” para disputar delegados para o II Congresso da ANEL, para que a força das nossas ideias envolva e apaixone ainda mais estudantes e possamos fazer da Anel um entrave real as ataques do governo e um polo de reorganização do movimento estudantil!
Estendemos o chamado à reflexão e discussão para os demais estudantes que não puderam comparecer, mas que acreditam na possibilidade de mudança a partir da luta. Venham construir conosco II Congresso da ANEL!

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