Na
última quarta-feira, dia 10, a Juventude ÀS RUAS realizou uma reunião aberta na
Unicamp, que culminou na formação de uma chapa para as eleições de delegados
para o II congresso da Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre). Tendo
em vista a importância da atuação dos estudantes e de sua tarefa enquanto
aliado dos trabalhadores nas lutas que ocorrem nacionalmente e
internacionalmente, contra os planos de austeridade na União Europeia, pela
educação gratuita no Chile, contra a repressão no México e no Brasil, queremos
nos ligar à toda a juventude que vem saindo em luta, sermos como no Chile, a "juventude que nasceu
sem medo". Este é o espírito de nossa chapa.
A
discussão teve como centralidade a reorganização do movimento estudantil para
lutar. Nesse sentido, para organizar a luta dos estudantes é necessário a
construção de uma entidade estudantil nacional, que possa articular as lutas
para combater as políticas governo com um só punho. Por isso, frente ao II Congresso
da ANEL que ocorrerá no final de maio, abrimos a discussão com uma análise da
UNE e da ANEL. Partindo da caracterização das amarras da UNE, forjadas pelo
governismo que resulta em burocratização e esterilidade desta entidade, além
disto, a organização independente dos estudantes é impossibilitada pelas
alianças da UNE com o governo. Colocamos a importância de construirmos uma
entidade que de fato possa levar adiante as lutas dos estudantes, não
burocraticamente, disputando cargos e aparatos, como é o caso da Oposição de
Esquerda que atua dentro da UNE.
Com a
aproximação do II Congresso da ANEL, a nossa discussão se deu no sentido de
refletir sobre os importantes temas que devemos levar para o debate conjunto
aos estudantes, a nível nacional. Como a questão da Repressão aos 72 estudantes
e trabalhadores da USP, que foram denunciados pelo Ministério Público e estão sob
o risco de serem presos e levarem uma pena de até oito anos, por lutarem em
defesa da universidade pública e contra a polícia que mais mata no mundo. Essa
discussão gerou uma profunda reflexão sobre a necessidade de defendermos esses
lutadores para não deixar passar esse ataque e sobre a própria função social da
polícia, que é a de braço repressivo do Estado burguês. A mesma polícia que
entra na USP e prende os que lutam é a que assassina os jovens, pobres e negros,
nos morros e nas periferias. A repressão na USP está ligada a repressão em nível
nacional a toda a vanguarda que se coloca em luta, como é o caso da UFMT, onde
estudantes foram presos quando protestavam por moradia estudantil. Entretanto a
repressão mais dura que estamos vivendo hoje são nos canteiros de obras do PAC,
Santo Antônio, Belo Monte e Jirau, onde centenas de trabalhadores vem sofrendo
repressão da Força de Segurança Nacional, criada por Dilma. Há relatos de
espionagem, desaparecimento, sequestro e assassinato. O II Congresso da Anel é
uma grande oportunidade para construirmos uma campanha nacional contra a
repressão e cercar de solidariedade todos aqueles que lutam, não só nas
universidades, como na USP e UFMT, mas principalmente aos trabalhadores da
construção civil!
Também
é uma marca do governo do PT, desde Lula até Dilma, a precarização do trabalho.
A abertura de postos de trabalho e a expansão do credito veio acompanhados da
terceirização, que é uma das formas mais profundas da precarização do trabalho,
que divide as categorias, corta seus direitos e reduz seus salários. Esta forma
de precarização esta por todo o país, em todos os ramos da produção, esta nos
canteiros de obra, nas fabricas, nas escolas, no telemarketing e nas universidades,
e afeta principalmente jovens e mulheres, em sua maioria, negras. Nas
universidades a terceirização dos serviços precariza os postos de trabalho, mas
também as estruturas físicas. Na Unicamp temos muitos exemplos, são dezenas de
obras inacabadas, ou que demoraram décadas para serem construídas e que já são entregues
com problemas, como é a biblioteca do IFCH e o novo prédio da geografia. Também
é fruto da terceirização e falta de contratação de funcionários o incêndio da biblioteca
do IEL e da sala da pós graduação do IFCH. É necessário lutarmos nacionalmente contra
precarização do trabalho junto aos trabalhadores, conjuntamente a uma luta
contra a precarização da educação, reivindicando o fim das empresas
terceirizadas e a incorporação imediata dos trabalhadores terceirizados ao
quadro de efetivos sem necessidade de concurso público.
Colocamos
também a discussão sobre o PIMESP, projeto das estaduais paulistas, baseado no
mérito, racista, pois mantém os negros por dois anos em cursos técnicos com
disciplinas mercadológicas, como “gestão do tempo”, antes de poderem cursar o
curso que escolheram, ficando claro todo o elitismo e racismo que embasam os
projetos de universidade implementados pelo governo do estado, o PSDB. A partir
dessa discussão, abrimos a reflexão sobre verdadeira inclusão social e acesso,
como as cotas só inclui uma parcela ínfima dos negros, a verdadeira
democratização do acesso só pode vir da luta pelo fim do vestibular e a
estatização das universidades privadas, que é a única forma de todos os jovens
terem direito a cursar uma universidade pública, gratuita e de qualidade,
conjuntamente à tirada da educação das mãos dos grandes monopólios, que
exploram a juventude que trabalha e estuda, em troca de um ensino precário.
Na
discussão, passamos pela reflexão sobre a conjuntura nacional e as questões
democráticas inflamadas, graças à aliança de setores reacionários e o governo
do PT que busca barra-las, como o caso da legalização do aborto rifada em um
acordo com a bancada evangélica, em troca de votos na eleição da primeira
mulher para a presidência do Brasil. O rechaço a Marco Feliciano, que assumiu a
presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, o debate colocado pela
Comissão Federal de Medicina, que foi isolada pela bancada evangélica e setores
reacionários, ao propor a legalização do aborto no Congresso, bem como todos os
escandalosos episódios e trotes nas universidades do país, racistas, machistas
e homofóbicos, chegamos a conclusão da necessidade de uma maior politização
dessa discussão, sendo necessário encararmos esses entraves como ataques à
juventude e aos trabalhadores por parte do governo, onde os resultados são
diretamente a criminalização e violência, as milhares de mortes e a
negligência.
Com
base nessas ideias, conformamos com vários estudantes presentes na reunião a
chapa “Juventude Às Ruas + Independentes” para disputar delegados para o II
Congresso da ANEL, para que a força das nossas ideias envolva e apaixone ainda
mais estudantes e possamos fazer da Anel um entrave real as ataques do governo
e um polo de reorganização do movimento estudantil!
Estendemos
o chamado à reflexão e discussão para os demais estudantes que não puderam
comparecer, mas que acreditam na possibilidade de mudança a partir da luta.
Venham construir conosco II Congresso da ANEL!
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