terça-feira, 14 de agosto de 2012

Por um movimento estudantil que lute em defesa do direito de greve, contra os cortes de pontos e pela unificação nacional da greve do funcionalismo público

Por Ana Carolina Oliveira e Lívia Barbosa - estudante de História da UFRJ

Para os professores das universidades federais o governo tem tido uma política diferenciada. Depois de muita enrolação para abrir a negociação, como medida para desgastar a greve, o governo fez duas propostas de aumento salarial acima da inflação (sobretudo à parcela superior dos docentes) e uma proposta de mudança na estrutura das carreiras, ambas rechaçadas nas assembleias por não atenderem a pauta de deliberação proposta. Enquanto que para técnicos ignorou-se a greve até onde pode, continua-se pressionando para que as reitorias cortem os pontos e na última semana propôs um aumento irrisório de 15% em 3 anos, que não significa um aumento real e não resolve os problemas estruturais fundamentais da precarização do trabalho colocadas nas universidades, ainda mais depois da implementação do REUNI.

Nem falar da greve estudantil, a qual o governo ignorou, passando por cima do Comando Nacional dos Estudantes em greve, representação legitima da greve, para negociar com o braço governista no Movimento Estudantil a UNE na ten tati va de desviar a luta, e agora mesmo após a negociação com CNGE ignora as pautas e coloca como proposta o SIMEC – Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle, um sistema de coleta de dados, construído pelo MEC com o objetivo de “consolidar a expansão e o REUNI”. Ou seja, um banco de dados, uma resposta técnica para uma greve em defesa da educação pública e contra a precarização do REUNI. Essas informações sobre como está sendo aplicado o REUNI já deveria ser obrigação do governo, afinal já são 5 anos – ou o governo não tem sequer um acompanhamento da execução das (insuficientes) verbas? Isso demonstra a continuidade da política precarizante e privatizante do governo para a educação, pois é uma mostra de que o governo não vai atender as demandas dos estudantes em greve, pois dados estatísticos não enchem a barriga dos estudantes, não constroem moradias estudantis, não constroem laboratórios nem hospitais universitários, só para mencionar algumas demandas da nossa greve.

O motivo pelo qual o governo faz maiores concessões para os professores universitários para nada pode ser confundido com maior valorização desta categoria ou prioridade para a educação. A chave desta política diferenciada está na disputa pela opinião e isso é peça chave fundamental nas eleições onde a principal aposta do PT é eleger Haddad (ex ministro da educação) no principal colégio eleitoral do país e fortaleza eleitoral do PSDB há anos.

É neste campo que o governo busca urgentemente recuperar posição, mas não faz isso só com a disputa da opinião pública, conta com seu aliado na categoria de professores - o PROIFES - que saiu da greve defendendo a proposta do governo, tentando com isso causar rupturas tentando que várias universidades saiam da greve, o que não conseguiu até o momento.

Por um movimento estudantil que lute em defesa do direito de greve, contra os cortes de pontos e pela unificação nacional da greve do funcionalismo público

Em vários estados do país, os estudantes, servidores e professores seguem firme na greve, radicalizando nos métodos para pressionar o governo e reitorias, com piquetes diários e ocupações de reitorias, tal como na UFES, UFRJ, UFMS, UFPel, UFPI, UFSM. Na UFRJ a ocupação do Canecão, histórica casa de shows desativada há alguns anos foi recuperada das mãos da iniciativa privada, e colocada a serviço da luta pelos estudantes, sendo a principal via de divulgação nacional da greve estudantil.

O peso e importância que tem a greve nacional da educação têm na greve dos servidores públicos do país, tem a responsabilidade de não se limitar a defender só suas próprias pautas, deve estar a serviço da unificação real das lutas e da solidariedade ativa aos trabalhadores que estão sendo atacados no direito elementar de fazer greve. A solidariedade e unificação, não pode se dar por cima, pelos sindicatos e atos unificados e seguir no dia lutando em separado no dia a dia, cada com contra seu ministério, como vem levando a luta as direções governistas como a CUT e CTB, mas também a esquerda anti-governista PSOL e PSTU que dirigem o Andes e também tem peso de direção no movimento estudantil e no CNGE. O ataque aos trabalhadores é um ataque a toda a juventude e defender os setores que estão sendo atacados pelo governo hoje, é parte da defesa de um outro projeto de educação e de universidade a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre.

Diante da crise mundial e dos ataques preparatórios do governo, a tarefa da juventude e do movimento estudantil, é colocar a força do ativismo estudantil a serviço de defender os servidores públicos em greve. A tarefa colocada é de organizar desde o ME uma ampla solidariedade ativa em cada cidade com o conjunto dos servidores em greve para barrar os cortes de pontos, defender o direito de greve e que todas as reivindicações sejam atendidas. Se atacam um, atacam todos.

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