quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Mais um ataque reacionário da Igreja contra os oprimidos! Nenhum passo atrás pela luta aos nossos direitos!

Por Juventude às Ruas Campinas

A corrida eleitoral mal começou na cidade ainda calejada pela crise política de corrupção que veio a tona em 2011 e já nos deparamos com um ataque de um dos setores mais reacionários da sociedade: a Igreja Católica. O Arcebispo Metropolitano de Campinas, Dom Airton José dos Santos, escreveu uma carta na qual orienta os fiéis da Igreja Católica a levarem em conta o posicionamento dos candidatos em relação ao aborto na hora de votar. O material é direcionado a paróquias, comunidades e a todos os fiéis católicos; nesse caso se referindo diretamente a candidata do PSTU, Silvia Ferraro, que defendeu o direito ao aborto em seu programa político para cidade.
Essa expressão reacionária da Igreja não é uma ação isolada dessas eleições, sendo sintomático como essa instituição vêm se utilizando dos momentos de eleição para barganhar acordos espúrios com candidatos e partidos para transformar sua ideologia reacionária em política de Estado. Nesse sentido, as organizações de esquerda devem encarar um debate tão fundamental como o direito ao aborto, não como um simples apêndice de campanha eleitoral – conveniente em momentos específicos - mas como uma questão crucial que devemos levar de maneira permanente nas universidades, escolas, sindicato e locais de trabalho. Em um momento tão crucial como esse, se transforma em absurdo o silêncio do PSOL e de seu candidato Arlei Medeiros. A posição eleitoreira dessa organização, se adaptando aos setores mais reacionários da sociedade, em nada ajuda ao avanço da luta dos setores oprimidos.
Se manter indiferente em momento que a Igreja desfere mais um ataque contra os direitos das mulheres apenas colabora para o entrelaçamento entre a Igreja e Estado, e conseqüentemente a intensificação da ofensiva reacionária sobre as mulheres. Os demais candidatos se posicionaram contra o aborto e a favor do arcebispo reacionário, mostram que não estão ao lado das mulheres e que fecham os olhos diante das milhares de mortes que ocorrem em nosso país.
As eleições devem ser um espaço aberto para que se levantem programas que coloquem as demandas dos setores oprimidos e explorados, enquanto tática que propagandeie ideias, considerando que o parlamento deva ser espaço de denúncia, pois como diria Lenin, nas eleições escolhemos quem vai nos explorar pelos próximos 4 anos. Mas para haver uma transformação estrutural dos pilares desta sociedade os setores mais explorados e oprimidos devem confiar em suas próprias forças, se auto-organizando, enquanto sujeitos e não depositando confianças nos governos burgueses.
A Igreja se mostra mais uma vez como de “hábito” inimiga dos oprimidos, assim como em 2009, quando o arcepispo de Olinda, José Cardoso Sobrinho, excomungou os responsáveis pelo aborto de uma menina de 9 anos, que havia sido estuprada pelo padrasto.
Colocamo-nos ao lado dos que lutam em defesa dos direitos das mulheres e lembramos que desde as eleições para presidente ocorre um giro reacionário em relação aos direitos democráticos. Dilma que prometia defender os direitos das mulheres fez uma campanha reacionária para acordar com os dirigentes das Igrejas evangélicas e católicas e não perder votos. E mantém os privilégios da Igreja através do Acordo Brasil-Vaticano assinado em 2008 por Lula, o artigo 11 º do Acordo aumenta as garantias da Igreja Católica de manutenção das aulas de religião nas escolas públicas e o artigo 8º garante à Igreja católica o direito de prestar serviços de “assistência espiritual aos fiéis internados em estabelecimentos de saúde, de assistência social, de educação ou similar, ou detidos em estabelecimento prisional ou similar, observadas as normas de cada estabelecimento, e que, por essa razão, estejam impedidos de exercer em condições normais a prática religiosa e a requeiram”. Porém, se pegarmos a questão do aborto, o que se vê na prática de hoje é que o ‘plantão’ religioso em hospitais, de modo geral tolerado, tem funcionado como espaço para a pregação e pressão sobre as consciências. Como assegurar que agentes religiosos/as contenham ímpetos homofóbicos, lesbofóbicos, ou de pregar a família heterossexual monogâmica como ideal único? E no final de 2011 Dilma baixou uma medida provisória que significa uma “caça às bruxas” às mulheres que engravidam. A MP 577 é uma medida provisória que cria um sistema de cadastro das mulheres grávidas obrigando os estabelecimentos de saúde públicos ou privados a cadastrarem as mulheres grávidas e puérperes, possibilitando a futura criminalização dessas mulheres.
Além da descriminalização do aborto, é necessário defender também a legalização deste, para que todas as mulheres, inclusive as pobres, possam realizá-lo em condições adequadas gratuitamente e sem se sentirem mal vistas, além do direito ao acesso a anticoncepcionais de qualidade e educação sexual nas escolas. É um equívoco pensar que a legalização tem como conseqüência o aumento do número de abortos, pois nos países onde a medida foi adotada, as taxas caíram com o passar do tempo, o mesmo ocorreu com os índices de mortalidade materna visto que as mulheres passaram a ter acesso a atendimento de qualidade. A criminalização do aborto no caso de escolha pessoal da mulher é uma forma do estado e da classe dominante violentar as mulheres através da ideologia de que nossas vidas estão diretamente vinculadas à reprodução e à constituição da família. Neste sentido entendemos que o direito ao aborto é um direito democrático a todas as mulheres de exercerem livremente sua sexualidade. A Igreja, com seu reacionário ataque, através do bispo, no entanto, nos abre a chance de debater acerca de um tema relevante tanto para as mulheres, quanto para a classe trabalhadora, pois devemos ser intransigentes na luta pelos direitos democráticos das mulheres para arrancá-los através de uma campanha permanente. Neste sentido, nos colocamos ao lado daqueles que lutam irredutivelmente em defesa desses direitos.

- Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos!
- Aborto legal, livre, seguro e gratuito para não morrer! 
- Revogação do Acordo Brasil-Vaticano!
- Separação da Igreja e do Estado!




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