sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Rodas: “persona non grata” da repressão e precarização da universidade!

Nas últimas semanas, a USP voltou a ocupar as páginas dos jornais depois que a Faculdade de Direito declarou o REItor Rodas “persona non grata”.Por trás dessa rixa em que diferentes alas da burocracia acadêmica trocam acusações sobre quem destruiu mais a biblioteca e a faculdade, quem levou mais tapetes orientais para seu gabinete, ou da polêmica sobre o Clube das Arcadas, um empreendimento milionário em parceria com estado e empresas, em que até o Centro Acadêmico XI de Agosto está envolvido, está o fato de que, nesse momento, a reitoria prepara um ataque estratégico contra a universidade, que combina privatização, precarização e repressão política.
Primeiro, Rodas precisava impor a presença da polícia no campus. Se utilizou da morte de um estudante da FEA, instaurando um clima de medo junto à mídia. A PM que protagoniza um massacre ao povo negro nas periferias não traz segurança, e sim repressão, como vimos em 2009, quando tentou dissolver uma greve com bombas e balas de borracha cruzando prédios de aula. A PM hoje faz rondas ostensivas nas ruas e dentro das unidades, aborda e revista trabalhadores e estudantes, e já prendeu estudantes em frente ao espaço estudantil da Poli!
Como parte da repressão ao movimento, Rodas pretende destruir de uma vez por todas o Sintusp, um polo fundamental da resistência a seu projeto elitista e racista de universidade, e expulsar estudantes que estiveram nas lutas. Depois da demissão inconstitucional de Brandão em 2008 por apoiar as lutas dos trabalhadores terceirizados, hoje lança mão de um processo que indica a demissão por justa causa de 4 diretores do Sintusp e duas ativistas! E também a “eliminação” definitiva do estudante Rafael da universidade – já expulso do CRUSP com a ajuda da PM -, por ter participado de mobilizações dos trabalhadores e por permanência estudantil, vagas para todos no Crusp e contra a vigilância policialesca da Coseas. O processo se baseia em um decreto do regimento da universidade datado de 1972, ou seja, que hoje é resgatado das entranhas da Ditadura Militar. Não surpreende que na USP se queira erguer um monumento aos cassados da “Revolução” de 64! 
“Como o PROADE ainda não passou, estamos usando as portarias anteriores...o PROADE é ainda pior do que as portarias” –Waldyr Jorge, Coordenador da COSEAS
Parte do “projeto Rodas” já começa a se implementar. 3 funcionários da Coseas foram demitidos sem “justa causa” nos últimos dias; as demissões ocorrem por reclamações contra as condições degradantes de trabalho nos restaurantes, em base a portarias internas, buscando naturalizar essa prática, que será aprofundada com o PROADE, Programa de Acompanhamento do Desempenho Funcional, que institucionaliza o assédio, a perseguição e as demissões. 
Lembram que em 2010 foi votado o aumento em 85% da verba voltada à terceirização, que já escraviza 4000 trabalhadores na USP? E reduzida a parcela orçamentária para pagamento de funcionários em 10%? Para terceirizar, é preciso demitir. E sabemos que com essas demissões perdemos também qualidade no ensino e no próprio funcionamento da universidade. A precarização do trabalho e do ensino são um processo único, de privatização da universidade.
A USP sobe no ranking da privatização
É com base nesse tipo de trabalho e de repressão que Rodas, o Conselho Universitário e o governo estadual do PSDB alcançaram a excelência dos rankings internacionais tão alardeados pela mídia nos últimos dias. São rankings baseados em critérios produtivistas, que medem a mercantilização da universidade. A USP está é subindo no ranking de policiamento, repressão política, acidentes de trabalho, precarização do ensino e semiescravidão!
O Movimento Estudantil tem um papel a cumprir!
Neste ano houve uma prova de fogo para o ME da USP: a greve das trabalhadoras terceirizadas da União. Essa luta partiu da demanda elementar pelo pagamento de salários atrasados e passou a exigir a efetivação, sem concurso público. Escancarou como a universidade de excelência, tal como o suposto “Brasil Potência” de Jirau, é sustentada por trabalho semiescravo. Abalou a reitoria e seu projeto, e foi um grande apoio para a defesa da universidade contra a privatização e a precarização. Não só impôs à reitoria que passasse por cima de decisão recente do STF, pagando os salários, mas estabeleceu uma situação em que outros terceirizados conquistam suas reivindicações com menos de um dia de paralisação, e reintegram um demitido, mesmo em período de experiência, com a mera ameaça de greve! Em lugar nenhum do país se vê nada parecido!
Esse é o critério central para um balanço de qualquer gestão: que linha política teve diante dessa luta? E, infelizmente, no caso da maioria das entidades estudantis, em particular o DCE, cuja gestão é integrada pelo PSOL, a resposta a essa pergunta é "nenhuma". Não somente nessa questão, mas frente à perseguição de estudantes no CRUSP, às demissões, à PM, a gestão do DCE, que propagandeia sua inserção e amplitude, não colocou essas forças a serviço de nenhum combate coma reitoria. Infelizmente, o ME dá muito menos peso a essa luta real contra a semiescravidão do que a suas campanhas e calendários. E não se trata simplesmente de uma questão de balanço: a crise que avança mundialmente nem bem chega ao Brasil e vemos um novo ativismo operário, com importantes greves nacionais, a que o governo Dilma/PT responde com duros ataques ao direito de greve, como parte de sua agenda de ataques às condições de vida do povo.
Para a nova situação que se abre no mundo, e tendencialmente no Brasil, precisamos também de um novo movimento estudantil, que se ligue profundamente a esses processos, em luta contra o governo, ligue suas bandeiras e demandas às da classe trabalhadora, unifique e radicalize suas lutas.
Por uma grande campanha contra a repressão política e a precarização da universidade!
A tarefa imediata de uma juventude que se coloque nessa perspectiva é pôr em pé imediatamente uma grande campanha em unidade contra a repressão e a precarização!
Fora PM! Revogação dos processos a estudantes, trabalhadores e ao Sintusp! Pelo fim da terceirização, com efetivação sem concurso! Abaixo o PROADE! Abaixo a reforma universitária e a precarização do ensino! Pela dissolução do Conselho Universitário, por uma assembleia estatuinte livre e soberana!
Nas eleições, unificar a esquerda em chapas de combate ao projeto de Rodas!
Aproximam-se as eleições para DCE e Centros Acadêmicos, e há boas chances de que sejam um obstáculo a essa campanha, com cada grupo buscando votos e autoconstrução por fora dessa tarefa urgente.
Nós, da Juventude Às Ruas, queremos que seja diferente. Consideramos os pontos de programa acima como um critério claro, a partir do qual fazemos um chamado a todos os estudantes independentes, aos lutadores do CRUSP que se enfrentam com a repressão da reitoria, coletivos que estão conformando chapas para as diferentes eleições, a discutir a unificação do movimento estudantil combativo em chapas de combate a esse projeto. Chamamos inclusive os setores ligados ao PSOL que estejam dispostos a romper com a linha política que mencionamos acima, e o PSTU, com quem impulsionamos conjuntamente a construção da ANEL, e ainda que tenhamos diferenças importantes, que seguiremos debatendo, acreditamos que não devem ser um obstáculo para discutir a conformação de chapas unificadas, pois consideramos que aqueles que estiverem dispostos a lutar por esses pontos não devem estar em uma disputa despolitizada, mas sim construindo uma grande campanha política, que se expresse também em uma campanha eleitoral militante contra a reitoria!

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