sábado, 1 de outubro de 2011

BOLETIM JUVENTUDE ÀS RUAS - RJ - SET-OUT/2011 O Movimento Estudantil desperta novamente!


             Nas ultimas semanas milhares de estudantes saíram em luta contra a precarização da educação em uma serie de ocupações de reitorias e greves nas universidades federais e algumas estaduais. Esse movimento não acontece isoladamente dos outros setores da universidade, e algumas delas trabalhadores e professores também se enfrentaram com as reitorias através de importantes greves. Essas ações concomitantes do movimento estudantil brasileiro ganham uma importância especial nos marcos de umas das mais importantes crises do capitalismo, no qual a juventude vem assumindo um papel central contra os ataques desferidos pelos seus respectivos governos, como o que vem ocorrendo em quase toda União Européia. Esse processo representa um novo despertar de uma juventude que resolveu dar um basta em um ensino e uma vida cada vez mais precarizados.

Procurando conciliar expansão precária de vagas nas universidades públicas em consonância com os interesses dos tubarões da educação privada, o governo petista - com o consentimento de sua fiel aliada a UNE - implementou sem maiores dificuldades uma série de ataques a educação brasileira, vendidos como concessões. No ensino universitário o PROUNI e o REUNI cristalizam essa ofensiva e o resultado foi: déficit enorme de professores, bolsas miseráveis e que atrasam sempre, falta de estrutura física, falta de bandejões, expansão dos cursos de pós graduação pagos, avanço do regime de terceirização entre trabalhadores.

UNE mais próxima das Reitorias e distante da luta dos estudantes!
A UNE em meio a esses processos se manteve distante. Isso está em perfeita consonância com o que foi seu último congresso, onde reafirmou seus laços com o governo federal, ao invés de armar a juventude para os próximos cenários de impacto da crise no Brasil. A UNE colocou-se ainda mais na contramão da juventude, quando em sua marcha apoiou Camilla Valejo, que no Chile quer retroceder na mobilização para negociar com o governo de Piñera, articulando via Confech (Confederação dos estudantes chilenos) a mediação dos parlamentares brasileiros para o conflito, reivindicando o modelo de educação brasileiro e tentando frear o processo chileno sem a garantia da demanda mínima, educação gratuita para todos.
A educação brasileira não é exemplo para os estudantes chilenos, mas sim o contrário, é a luta não qual nós brasileiros temos que nos inspirar. Esta semana mais uma vez 300 mil saíram novamente às ruas para mostrar a força da mobilização em defesa da educação gratuita, fazendo o governo retroceder na ameaça de finalizar o semestre fazendo com que milhares de estudantes perdessem o ano.
           A educação superior brasileira oferece a maior parte da juventude uma privatizada, com seu potente filtro social do vestibular que aniquila qualquer possibilidade dessa juventude aspirar uma vaga na educação pública.  A UNE defende o PNE do governo e nada diz sobre o corte de R$ 50 bilhões do orçamento e dos mais de 3 bi de corte na educação.

Não parar nas conquistas parciais, continuar em luta em solidariedade ativa aos trabalhadores em luta
Exemplos de luta surgiram em meio a esse conjunto de ocupações, como na UFPR e UFAL onde houve mobilização conjunta dos três setores, na UFF que as demandas estudantis se articularam com as demandas da população de Niterói.  A conquista da quase totalidade das pautas na UFPR, na UEM, na UFF, por exemplo, são conquistas importantes para o movimento estudantil brasileiro. Mas fiquemos atentos aos passos da burocracia acadêmica e do governo, as reitorias cederam, mas não retrocederam de sua política elitista de universidade.
As diversas lutas estudantis que afloram por todo o país – ainda que aconteçam concomitantemente- têm a importante debilidade de se manterem isoladas e desarticuladas entre si, se mantendo num limite das demandas específicas, ainda que justas, e carecendo de um plano de ação político comum que transformasse num movimento político real em defesa da educação, tarefa que cabia, sobretudo as direções destes processos, como o Psol (Oposição de Esquerda da UNE) e PSTU (ala majoritária na ANEL) que nada fizeram para unificar os processos. No RJ mesmo com a ocupação da UFF, atos na UERJ e mobilização na UFRJ, essas mesmas direções nada fizeram para articular estes processos entre si. Não podemos nos contentar em manter as lutas dentro de nossas universidades, a juventude tem que ser contra essa educação elitista, contra a precarização da vida imposta à juventude e a classe trabalhadora que não tem acesso à saúde, salários dignos, moradia, cultura e lazer. A luta pela educação tem que ser a luta pelo fim dos cursos pagos, pelo fim do monopólio privado da educação, estatização das universidades privadas e pelo fim do vestibular, em aliança com os setores luta da classe trabalhadora, como Correios e Bancários.
Os trabalhadores do correio estão em luta em meio ao processo de privatização e profundo ataque feito pelo governo Dilma a seu direito de greve. Além de cortar ponto dos grevistas estão sendo feitas contratações emergenciais para furar a greve. Não podemos permitir! Um ataque como este a uma importante categoria em luta é um empecilho também para nossa luta para conseguir mais verbas para a educação (como quer a campanha dos 10% do PIB para a educação). Isso reforça ainda mais a necessidade de unirmos nossas forças em apoio as categorias em luta.
A Anel que se propõe a reorganizar o movimento estudantil, a oposição de esquerda da UNE e cada estudante em luta tem a responsabilidade de não perder o espírito de luta que desenvolveu nas universidades, para armar um forte movimento que se coloque contra a privatização e em solidariedade ativa aos setores em luta, indo aos piquetes, assembléias, atos para junto impor uma derrota ao governo.

0 comentários:

Postar um comentário