sábado, 29 de outubro de 2011

DA OCUPAÇÃO DA FFLCH/USP – JUVENTUDE ÀS RUAS


Basta da repressão de Rodas! É hora de construir um grande movimento contra o projeto da reitoria!

No dia 27/10, a PM, que há meses revista e prende estudantes e trabalhadores na USP, com justificativas como “ter olhado feio”, tentou prender mais 3 estudantes. Quase mil estudantes se organizaram para impedir, e a PM respondeu com cassetetes, bombas e balas de borracha cruzando prédios de aula, deixando vários feridos. Em resposta, os estudantes decidiram ocupar a administração da FFLCH, contra a PM e os processos políticos a estudantes e trabalhadores.

Rodas: reprimir para precarizar e privatizar!

Rodas se utilizou da morte de um estudante para consolidar a presença ostensiva da PM no campus, com o pretexto da segurança. Trazer segurança é abrir radicalmente a universidade para que seja ocupada e usufruída pela população, o povo pobre e a juventude negra, que só entra na USP pelo trabalho precário, nunca pra estudar, e que a PM massacra cotidianamente nas periferias. A PM, ao contrário, entra na universidade para mantê-la elitista - dissolvendo greves, como tentou em 2009, e reprimindo aqueles que lutam por uma universidade pública e democrática – e racista, abordando e expulsando prioritariamente jovens negros, o que a reitoria racista combina com a ameaça de molição do Núcleo de Consciência Negra da USP, único espaço que, há décadas, debate a questão negra na universidade. FORA PM!

Além da PM, a reitoria reprime com processos administrativos e criminais que indicam a demissão por justa causa, por participação em atos políticos, de dirigentes do SINTUSP e ativistas – entre eles os únicos votantes contrários à entrada da PM no campus no conselho gestor -, e a eliminação de um estudante por lutar por políticas de permanência estudantil e vagas no CRUSP, se apoiando em um decreto formulado em 1972, durante a vigência do AI-5! REVOGAÇÃO DE TODOS OS PROCESSOS AOS LUTADORES!

A repressão está a serviço da implementação de um ataque estratégico à universidade, com demissões, terceirização e precarização do ensino, privatizando a USP. Rodas implementa esse projeto apoiado em uma estrutura de poder autocrática e em um estatuto da ditadura. Para combater a repressão, é preciso combater o projeto a cujo serviço ela está, e a estrutura de poder que a implementa. FORA RODAS! DISSOLUÇÃO DO CONSELHO UNIVERSITÁRIO! POR UMA ASSEMBLEIA ESTATUINTE LIVRE E SOBERANA!

O setor dos professores da FFLCH que representam a burocracia universitária, e que sempre estiveram contra o movimento em defesa da universidade, como na greve das trabalhadoras terceirizadas da União por seus salários de miséria atrasados, no dia 27 se puseram a negociar com a PM para que os estudantes assinassem o B.O.. Buscaram a todo custo dividir os estudantes, jogando uns contra os outros. No fim, entregaram os estudantes para a polícia. FORA SANDRA NITRINI, diretora da FFLCH!

A gestão do DCE entrega estudantes para a polícia!

A gestão do DCE, dirigida pelo PSOL, após reunião de mais de meia hora a portas fechadas – por um cordão formado entre eles e a guarda universitária! -, se incorporou à política da burocracia universitária que coagia os estudantes a irem para a delegacia, e formou um corredor humano para escoltar os 3 estudantes para dentro da viatura! É um salto na política de não tomar qualquer medida para defender os estudantes perseguidos, tendo uma coexistência pacífica com a implementação do projeto da reitoria, e trabalhando contra a organização do movimento estudantil, deixando de convocar assembleias frente aos ataques de Rodas. Não à toa a ocupação teve que tomar medidas para impedir que essa direção se alçasse sobre o movimento, como impedi-la de assumir responsabilidade pela comunicação. Ainda assim, a gestão do DCE (PSOL) dá entrevistas à imprensa com posições que são suas, e não do movimento! Só faltou defender a instalação na USP das UPPs que o PSOL passou a reivindicar no morro do Alemão!

O DCE é a entidade dos estudantes da USP. Todos os seus recursos, finanças, contatos e diretores devem estar a serviço do movimento de ocupação e das resoluções que os estudantes tomem, sob estrito controle das assembleias. Devem construir os atos e assembleias convocados pelo movimento, e estar a serviço de ganhar apoio e massificar a luta contra a repressão e o projeto de Rodas.

O PSTU, que está na direção de alguns CAs, tem seguido integralmente a política da gestão do DCE, se negado a criticá-la (!), e votado em sua defesa. Chamamos os companheiros do PSTU a romper com essa política de aproximação do PSOL a qualquer custo, e com a defesa da linha da gestão do DCE, para que possa estar efetivamente ao lado da ocupação. Que convoque assembleias de curso de emergência desde as entidades que dirigem, como o CAELL e o CAHIS, para organizar e massificar o movimento nos cursos. O mesmo vale para a gestão do CEUPES, na Ciências Sociais, que teve diretores escoltando estudantes para o a delegacia junto com o DCE!

As estratégias que não combatem a reitoria

Por um lado, a gestão do DCE (PSOL), seguida pelo PSTU, defende uma universidade segura, sem questionar verdadeiramente seu elitismo e falta de democracia, e por isso faz parte de sua estratégia negociar pequenas reformas nos instrumentos de repressão e tratá-las como “vitórias”. Por outro, correntes como o MNN, que se mantiveram completamente ausentes das lutas do último período, como a greve das terceirizadas da União, e parte dos setores que se reivindicam “autonomistas”, vêm a ocupação como um fim em si, como se por si mesma fosse expulsar a PM e revogar os processos, e por isso mesmo não dão um combate real contra a burocracia do DCE, ou seja, contra o apoio que ela tem em um amplo setor de estudantes.

Massificar o movimento a partir da ocupação!

Para servir ao combate à reitoria, a ocupação deve ser, primeiro, um polo para massificar-se num grande movimento em toda a universidade, se ligando aos estudantes nos cursos e nas salas de aula, a partir de assembleias de curso.
Em segundo lugar, unificar-se com outros setores em luta, num movimento estadual, como os trabalhadores da USP - se integrando ao Comitê Unificado contra a Repressão, convocado pelo Sintusp e integrado por dezenas de entidades e intelectuais -, e dando TODO APOIO aos trabalhadores da UNICAMPque estão em greve por isonomia salarial, questionando esse mesmo projeto de universidade, e organizando a convocação de um encontro de estudantes e trabalhadores da três universidades estaduais. E é preciso construí-lo desde a ocupação e as assembleias de curso, votando delegações. Chamamos também a ANEL a impulsioná-lo em todo o estado, bem como o PSOL que está na diretoria do Sindicato dos Trabalhadores e do DCE da UNICAMP , para realizá-lo com a maior urgência, de modo que que sirva para unificar os setores em luta!

Fora PM, da USP, dos morros e favelas!

É preciso questionar o conteúdo de classe da universidade e se ligar a todos os setores reprimidos pelo Estado, e à juventude que não tem acesso à universidade: nosso “Fora PM!” deve ecoar o grito da juventude pobre massacrada nas periferias, da população violentada pelas UPPs nos morros, dos ambulantes reprimidos no centro, dos trabalhadores assassinados no campo; deve aproveitar as condições da universidade para denunciar o papel cumprido pela polícia, suas milícias e torturadores, que levam adiante um verdadeiro genocídio estatal para conter a insatisfação e as contradições geradas pelo próprio capitalismo.

Construir uma fração combativa no ME! Por uma campanha militante nas eleições estudantis!

É preciso construir, a partir dessa luta, uma grande fração do movimento estudantil, que se ligue aos trabalhadores, à juventude e aos setores oprimidos para combater a política de Rodas. As eleições estudantis podem jogar contra esse objetivo, levando o ME a campanhas despolitizadas, disputando votos por fora da tarefa urgente de combater a PM, os processos, o PROADE e as demissões, a precarização do ensino, a terceirização e a privatização do conhecimento. Chamamos os estudantes que queiram atuar na contramão dessa tendência a construir conosco chapas de combate ao projeto de Rodas, para levar a frente uma grande campanha militante nas eleições estudantis!

Juventude Às Ruas – LER-QI e independentes

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