quinta-feira, 25 de julho de 2013

Juventude às Ruas – RJ organiza debate/passeio sobre história da luta dos negros e dos trabalhadores no Rio de Janeiro


Por Jenifer Tristan, Rio de Janeiro
História de luta e resistência negra


Nós da Juventude às Ruas queremos ser parte ativa na reconstrução da verdadeira história da luta dxs negrxs e da classe trabalhadora deste país. Neste último sábado dia 20/07 realizamos um passeio/debate no Centro do Rio, que tem o objetivo de caminhar pelas ruas desenterrando a nossa história que Pereira Passos e todos os governantes que o sucederam fazem questão de permanecer enterradas a cimento e cal até hoje.
Relembrando a primeira greve operária nesta cidade, em 1857, que é uma greve de trabalhadores do estaleiro Mauá, assalariados mas não livres, a primeira greve de assalariados livres no ano seguinte quando os gráficos imprimiam seu jornal de greve defendendo a abolição da escravidão. Vimos nestas experiências, e outras, a importância da aliança entre trabalhadores negros e brancos como parte da luta por emancipação humana, por ruas importantes onde aconteceram revoltas como a rua onde a ultima barricada da revoltada da vacina foi apagada depois de muito tempo de resistência, mesma rua onde está o IPN (Instituto dos Pretos Novos) que é um grande cemitério de escravos, onde também foi esquecido não só ideologicamente mas fisicamente com mais cimento e moradias na rua onde fica esse cemitérios que hoje tem casas, carros por cima como se nada houvesse acontecido ali. Aquele que é o maior cemitério de escravos que se conhece em todo o planeta: uma grande vala onde se jogavam os "lixos" daquela época desde lixo urbano a escravos mortos por doença, por não agüentar a viajem nos navios negreiros ou mesmo por não servir para venda.
Nosso passeio/debate teve fim nos jardins suspensos do Valongo, jardim lindo que também esconde a história, pois nesse jardim belíssimo é onde ficavam os armazéns de engorda. Neles os africanos trazidos de toda parte eram mantidos depois das extenuantes viagens nos navios negreiros, muitos chegavam fracos, magros e os armazéns de engorda eram onde os traficantes os alimentavam assim como animais para que ganhassem corpo para serem vendidos.
Achamos extremamente necessário resgatar a história dos negros que é um pilar estrutural de como se conformou esse país, pois essa elite brasileira que nasceu espremida pela elite colonial e revoltas negras carrega consigo o racismo como marca até hoje, e resgatar essa história para nós é parte fundamental para vingar nossos mortos e reconstruir nossa história, pois os monumentos da cidade escondem a nossa resistência e luta para que não aprendamos com o passado e façamos de cada barricada destruída, de cada revolta da vacina, da chibata, presente nos dias de hoje para trazer abaixo não só esta elite herdeira da escravidão, do latifúndio, de suas instituições nascidas e perpetuadas para caçar negros e trabalhadores como a polícia, mas também para superar o racismo.

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