segunda-feira, 22 de julho de 2013

Em Belo Horizonte, os estudantes panfletam em fábrica!

Por Juventude às Ruas - BH

Hoje (22/07) a Juventude às Ruas, junto a estudantes independentes da UFMG, panfletamos na Manesmann, grande siderúrgica de Contagem (cidade da região de Belo Horizonte), e de muita tradição de luta nas décadas de 70 e 80. Fomos muito bem recebidos pelos trabalhadores, entre operários efetivos e terceirizados, que se interessavam quando dizíamos que éramos estudantes e se tratava das manifestações de junho. Em meio às conversas, vimos que as maiores denúncias e reclamações dos operários eram relacionadas ao sindicato – não apenas dessa fábrica, mas também de outros locais de trabalho que já passaram – que, segundo eles, é um “sindicato da empresa”.

No mês de junho, a juventude brasileira protagonizou a maior mobilização dos últimos 20 anos, saindo às ruas reivindicando questões elementares, como transporte, saúde e educação, e contra a FIFA e a Copa do Mundo a ser sediada no Brasil. Todas essas questões sintetizam a intensa indignação da população com a precarização das condições de vida da juventude, dos trabalhadores e do povo pobre! Nada disso passou sem repressão, deixando mortos, feridos e presos. Em Belo Horizonte, a repressão chegou a vir de dentro da UFMG, que alojou a Força Nacional de Segurança, mostrando que, ao invés de se colocar ao serviço e aberta aos trabalhadores, a Universidade se colocou a serviço da repressão dos governos Dilma (PT) e Anastasia (PSDB), e a serviço da FIFA.

Fomos aos trabalhadores levar essa discussão, colocando que para avançarmos nessa luta é necessário que nós, estudantes, nos aliemos a eles, nos colocando ao seu lado e lutando por suas demandas. Sabemos que a aliança operário-estudantil é estratégica e necessária, pois se as mobilizações de junho já arrancaram conquistas, nos somando aos trabalhadores, com eles tomando a frente das lutas, se organizando desde seus locais de trabalho, questionando essa precarização e suas condições de trabalho, independentes dos governos, do patrão e da burocracia sindical, poderemos muito mais, e poderemos colocar que xeque vários pilares desse sistema!

Avante juventude e trabalhadores! Pela aliança operário-estudantil! Pela organização desde os locais de trabalho e estudo, independente dos governos, burocracias sindical e estudantil, patrões e reitorias!







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Abaixo, o panfleto escrito e panfletado pela Juventude às Ruas-BH junto à estudantes independentes da UFMG:

Trabalhadores, estudantes, jovens e todo o povo explorado: nossa luta é uma só!

            Nós, estudantes da UFMG, da agrupação de estudantes Juventude às Ruas e independentes, participamos das manifestações de junho buscando nos unir aos trabalhadores, à juventude e a todo o povo que estava nas ruas lutando por seus direitos. Desde a UFMG nos colocamos contra o projeto de educação que fecha as portas das universidades públicas à maioria da população (que não pode entrar aqui devido ao filtro de classe do vestibular, que os exclui), mas abre para a Polícia Militar, o Exército e a Força de Segurança Nacional para que reprimam a população, como aconteceu na manifestação do dia 22/06. Isso mostra à serviço de quem está essa universidade elitista, que apesar de sustentada com os impostos de todos e o trabalho de muitos, serve ao lucro de uma minoria de empresários. Quem garante essa universidade tal como está é o governo Dilma (PT) e um setor de professores burocratas que servem aos empresários e aos governos dos partidos burgueses que governam o país.

Por isso lutamos pelo fim da estrutura de poder da universidade e pelo fim do vestibular! Universidade à serviço da classe trabalhadora! Que todos tenham direito de estudar! Pela estatização das universidades privadas: a juventude trabalhadora não pode se endividar por algo que é seu direito!

Pelos direitos da juventude, dos trabalhadores e do povo, fomos às ruas!

            As manifestações que estouraram em junho tiveram início pela questão do transporte, mas avançaram, devido a uma insatisfação geral, para questionar o que há de mais elementar na vida da população, como a falta de educação, saúde e moradia de qualidade e para todos, além de questionar o destino do dinheiro público, que constrói grandes estádios e obras voltadas para a copa do mundo, mas não garante obras públicas de caráter urgente e direitos democráticos da população. Esses direitos democráticos não foram e nem podem ser garantidos pelos governos PT (Dilma/Lula) e PSDB (Anastasia/Aécio), que governam à serviço da burguesia, se aliando a empresários, latifundiários e setores reacionários como Sarney e Feliciano (que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e segue atacando as mulheres, homossexuais e negros; garantindo que projetos como a “Cura Gay” e o “Estatuto do Nascituro” ganhem força e sejam aprovados). Foi no governo Lula/Dilma também que mais se criaram postos de trabalho precários (90% de todos os postos de trabalhados gerados em 10 anos), como vemos com o avanço da terceirização, que é a expressão brutal da precarização do trabalho e da vida, retirando direitos trabalhistas, diminuindo o nível geral dos salários (pois cria todo um setor da classe trabalhadora que cumpre as mesmas funções por menos salário e menos direitos, e isso aumenta a competitividade entre empresas, levando outras a pagarem menos ao quadro efetivo o contratarem menos efetivos), e afetando majoritariamente os setores historicamente mais explorados devido a opressão que sofrem, como os negros, as mulheres e os homossexuais.

A terceirização humilha, escraviza e divide! Pelo fim da terceirização dentro e fora da universidade! Incorporação imediata ao quadro de efetivos de todos os terceirizados!

Nas ruas, a resposta dos governos foi a brutal repressão!

            Esses mesmos governos que governam para uma minoria de empresários colocaram seu aparato repressivo, a Polícia Militar, o Exército e a Força Nacional de Segurança Pública para reprimir aqueles que decidiram sair às ruas para questionar a precarização da própria vida. A repressão às manifestações teve como resultado centenas de presos e feridos, além da morte dos jovens trabalhadores Douglas Henrique, de 21 anos, e Luiz Felipe Aniceto de Almeida, de 22 anos, que caíram do viaduto José Alencar enquanto fugiam das bombas da repressão. Esse aparato repressivo que tentou calar a revolta nas ruas é o mesmo que cotidianamente reprime e assassina jovens e trabalhadores, na maioria negros, nas favelas e periferias, e também reprime greves nas obras do PAC, em Jirau, Belo Monte,  promove massacres entre os índios Terena do MS, os Guarani-Kaiowá, e na aldeia Maracanã no RJ, entre os trabalhadores sem terra, no Haiti, entre tantos outros. É por tudo isso que no dia 16/7 construímos e participamos do ato de mudança do nome do Viaduto José Alencar para Viaduto Douglas Henrique e Luiz Felipe, em homenagem aos jovens mortos e contra a repressão!

Abaixo a violência policial! Abaixo a repressão! Liberdade a todos os presos políticos das recentes manifestações! Fim dos inquéritos policiais contra os manifestantes! Fora PM das universidades, favelas, morros e periferias!

Qual saída à juventude, aos trabalhadores, ao povo?

            Não podemos esperar mais. As jornadas de junho mostraram que a única saída à juventude e aos trabalhadores na luta por seus direitos e contra a precarização da vida, é a aliança entre trabalhadores, estudantes e todo o povo, contra os empresários e os capitalistas que os exploram e oprimem, e contra os governos que estão à serviço desses capitalistas. Para isso, devemos nos organizar de maneira independente, desde nossos locais de estudo e trabalho para lutarmos juntos pelos nossos direitos.

Pelo passe livre para estudantes, desempregados e aposentados! Pelo fim da cobrança do vale-transporte ao trabalhador! Chega de subsídios aos empresários da máfia dos transportes! Reestatização dos serviços de saúde, educação e transporte, e para garantir sua qualidade, impostos progressivos sobre as grandes fortunas dos empresários e dos altos funcionários do poder público!




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