quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sobre o episódio entre um casal homossexual e o proprietário do Bar Fish



por Adriana Spinelli, Juventude às Ruas - Franca

Muito se falou sobre o episódio entre o casal homossexual e o proprietário do Bar Fish que ocorreu há pouco tempo em Franca. Entre o que foi falado houve, pelo menos, duas versões diferentes. A primeira versão dizia que o casal de rapazes se beijou no Bar e que em seguida foi abordado pelo proprietário que, de maneira grosseira, mandou que os dois se retirassem, isso aos gritos, expondo o casal a constrangimento - essa versão geralmente surgia acompanhada da defesa do casal, julgando homofóbica a atitude do dono do bar. Na segunda que, na maioria das vezes, era precedida de um alerta de que é preciso conhecer o que de fato aconteceu, porque houve, na verdade, mentiras e exageros por parte tanto dos garotos que sofreram o constrangimento quanto de quem levou a história pra frente, o casal estava se agarrando de maneira vulgar no bar, constrangendo os outros clientes, quando o dono do bar se aproximou educadamente para pedir que parassem, ao que eles responderam aos gritos e de maneira agressiva.

Pois bem, é preciso partir do que se tem de fato 1) o casal de garotos estava no bar, 2) o casal se beijou e 3) o proprietário do bar se aproximou para pedir que parassem, isso é consenso nas duas versões. A segunda versão frisa a forma como o dono do bar abordou os dois: educadamente. A ressalva educadamente procura formar a idéia de que é perfeitamente compreensível a atitude do dono do bar frente à postura dos garotos (não seria aceitável se ele fosse mal educado), porque os garotos estavam se agarrando de maneira vulgar. Ora, nada mais natural do que o dono de um bar impedir aquela situação constrangedora, “mesmo se fosse um casal heterossexual não poderiam se agarrar daquela forma em público”, defendem uns, partindo do mesmo princípio. Além disso, alguns clientes se mostraram incomodados com o fato nada normal de um casal gay se beijando em público, também nesse caso, nada mais compreensível do que o dono do bar tomar a atitude de impedir que aquilo continuasse, uma vez que os interesses de seus clientes são seus interesses, nada mais compreensível do que proteger seu negócio, natural.
Natural?

O que deve ser compreendido nessa situação, na verdade, é que o problema não reside nas diferenças entre as duas versões, o problema reside no que elas têm em comum. Nas duas o dono do bar se desloca até os dois garotos e os impede de uma forma ou de outra de continuarem a se beijar no local.
É preciso entender o significado dessa ação. O proprietário se desloca até o casal para pedir/ sugerir/mandar/ implorar/suplicar/exigir/impor que eles parem de se beijar, nesse contexto sua ação assume a qualidade de reprodução ideológica e é aí que reside o problema! É possível, portanto, discutir essa situação partindo dos fatos puros, sem os questionados saltos de qualidade (se ele gritou ou não).

 A violação da heteronormatividade como base do ato vulgar

O segundo elemento conflitante se encontra não na análise factual, mas na análise do discurso, no ponto em que se problematiza a questão da forma como se comportavam os garotos, com atitudes vulgares. Há uma reprodução ideológica, tanto no sentido de opressão a um casal homossexual, mas que também não se perderia caso fosse um casal heterossexual se beijando de maneira vulgar, há uma reprodução ideológica, portanto, de caráter mais profundo: a forma como se encara a sexualidade na sociedade.

Mas há ainda um problema grave nessa análise. A primeira coisa é que nunca ou raramente se ouve falar que um casal heterossexual foi expulso ou impedido de se beijar num local privado por estar se comportando de maneira vulgar, quase todas as vezes, no entanto, em que se ouve falar de um casal homossexual que entrou em conflito em algum lugar por estar se beijando, na maioria esmagadora das vezes em que se presencia uma discussão acerca de fatos como o do jovem casal, toca-se nesse ponto da vulgaridade. Em suma, aceita-se o agente da discriminação (na maioria das vezes o proprietário do local) com a justificativa de que o casal homossexual estaria em declarados atos libidinosos em público e ainda mais, na tentativa de concluir o raciocínio de maneira qualitativa e democrática, os propaladores desse discurso acrescentam que vulgaridade não se aceita de ninguém, NEM MESMO de casais heterossexuais. Estranho isso, estranho em primeiro lugar porque, como já foi dito, quase nunca se ouve falar que um casal heterossexual foi impedido de continuar se beijando porque "passava dos limites", em segundo lugar porque quase sempre é o que acontece no caso dos homossexuais, em terceiro, na articulação desses dois elementos: uma reprodução ideológica chave se aloja nesse discurso, e a compreensão disso é essencial para que se encare de maneira sincera o problema do preconceito – a idéia de que a homossexualidade é coisa de pessoas indecentes, vulgares, safadas ou qualquer adjetivo afim. O que é essencial, é entender porque esse dito "passar dos limites" é visto com tanta repulsa, não quando parte dos casais heterossexuais, com quem  isso não acontece nunca ou raramente.

Não é preciso dizer que esse discurso é perigoso, mas também não é difícil entender porque ele sempre brota nas situações de homofobia. Homossexuais praticam sexo, ou lidam com sua sexualidade de maneira idêntica aos heterossexuais, exploram as zonas erógenas de seus corpos da maneira que melhor lhes aprouver. A boca é uma zona erógena e é uma das únicas que, através do beijo,  podem ser exploradas em público, no entanto, somente por um casal heterossexual – dificilmente qualquer casal hetero ou homossexual se lançaria à aventura de expor em público mais do que o beijo, este é um código social (não que isto seja positivo) - faz parte das práticas cotidianas de um casal heterossexual, porém, explorar uma das únicas zonas erógenas permitidas em publico: a boca, e somente através do beijo, bem como andar de mãos dadas, abraçar-se, encostar um corpo no outro. A "safadeza gay" consiste, na verdade, em violar apenas um dos códigos sociais, a heteronormatividade. Somente isso explica o tal raciocínio que opõe a vulgaridade do casal homoafetivo à educação do proprietário. A educação do proprietário é eleita em detrimento do comportamento vulgar do casal justamente porque não viola nenhum código social, pratica deliberadamente, na verdade, a defesa da propriedade privada. 
 
A defesa da propriedade privada justifica a homofobia ou a repressão sexual desde que as reproduza educadamente, não é de se espantar que essa mesma defesa da propriedade não permita que um casal homossexual se beije, nem mesmo educadamente. Ainda reprodutor dessa mesma ideologia é o adjetivo que se opõe à educação do dono do bar, a vulgaridade, com a ressalva de que vulgaridade não se aceita NEM MESMO de heterossexuais.
 
A repressão sexual na sociedade de classes está a serviço da manutenção da propriedade privada.

O componente conservador na moral burguesa pretende mesmo conservar a propriedade privada, na medida em que corrobora as regras que regulam as relações dentro da família, da sociedade e do Estado. A quebra desse formato, cuja base é ameaçada também por práticas sexuais entre indivíduos do mesmo sexo, significa a quebra da estrutura que garante o gozo ilimitado da vida material de alguns, acompanhada da privação do gozo da vida material da maioria, mas que precisa, para se manter de pé, da miséria sexual da sociedade como um todo.

Qual a racionalidade existente em sentir-se incomodado ao ver pessoas se beijando deliciosamente em qualquer lugar, a não ser por motivos que se vinculem à defesa da família que tem base moral religiosa e automaticamente da propriedade privada e, portanto, da burguesia e de seu representante, o Estado? São perfeitamente naturais as relações: beijos, abraço e sexo. Quem será que verdadeiramente sente-se ofendido ao esbarrar na rua com um casal se agarrando intensamente no muro, deixando escapar gemidos, e se beijando descontroladamente, ou aviltado ao ver um homem beijando carinhosamente uma mulher na boca, ou ao ver um casal de homens de mãos dadas passando pela rua no fim da tarde, ou um casal de mulheres abraçadinhas cochichando no ouvido, a não ser aqueles cuja estrutura de caráter esteja formada para reforçar a moral da família e de uma sociedade milenarmente patriarcal? Somente isso justifica o fato de alguém se incomodar com terceiros que objetivamente em nada impedirão o livre transcurso de suas vidas.

 É irracional, no entanto, que duas pessoas não possam se beijar onde quer que seja, praticando sexualidade e afeto, saudáveis, práticas das quais compartilha todo o resto da humanidade, ou sua imensa maioria. O que dá ao dono de um bar ou a qualquer pessoa o direito de se sentir incomodado com essa cena? “Não é natural que vocês dois, sendo homens, se beijem numa sociedade heteronormativa, isso incomoda!”.  O que dá a ele esse “direito” é a normatividade sexual da sociedade de classes, sem a qual a mesma não sobreviveria.

 A moral deles e a nossa. O incômodo deles e o nosso!

Pois bem, se for para tratar de regras e exceções o que é que do ponto de vista de quem não tem propriedades, está incorreto? Incomoda que numa sociedade onde a regra é a expropriação da maioria dos produtores um proprietário que é uma exceção e, portanto, um privilegiado, possa defender a sua propriedade privada!

Desse ponto de vista, é perfeitamente compreensível que um indivíduo desses, que não tem propriedade alguma, considere um absurdo presenciar o motorista de um carro importado, cujo nome da marca desconhece e tampouco consegue pronunciar, penetrando a garagem de uma mansão toda adornada de cerca elétrica e alarmes de segurança, quando esse mesmo motorista tem contratada uma empregada doméstica que sobrevive com um salário irrisório em que metade é gasto no pagamento do aluguel de sua casa para a qual ela segue ao final de todos os dias de trabalho duro, a fim de descansar seu corpo, num ônibus lotado, com vários estudantes e trabalhadores, nenhum deles tendo posse nem mesmo de seu assento no ônibus, que, repetindo, tem a liberdade para seguir lotado, com o preço da passagem pela hora da morte. Para essas pessoas que nada tem, nem negócio, nem carro, nem bar, nem propriedade alguma, em nada interfere a livre expressão afetiva ou sexual de um casal, o que interfere na vida dessas pessoas objetivamente é o acúmulo de capital, os monopólios, oligopólios, a concentração de renda e de terras, isso as impede do gozo livre e pleno de suas vidas, nada mais.

Esse raciocínio, desvinculado da ideologia da classe dominante faz parte da lógica da classe trabalhadora, mas é inconcebível na semântica burguesa cujo axioma da propriedade privada, não faz, todavia, nenhum sentido, a não ser como tal e para quem interessa.

Entende-se como natural a atitude de um proprietário de bar de defender sua propriedade privada. E não se entende como natural a livre expressão do afeto e da sexualidade. Porque os corpos de todas as pessoas, além da força de trabalho objetivamente no caso da classe trabalhadora, precisam estar a serviço de quem tem interesses a defender, mesmo ao custo da liberdade sexual dos jovens, principalmente das mulheres, mais ainda, dxs homossexuais, e de todas as pessoas. Nesse sentido se pode constranger a expressão do prazer seja ele qual for, sob o pretexto irracional da defesa da propriedade, aliada à moral burguesa, da qual só se beneficia quem tem um negócio que gera lucro, um bar, o dono de uma mansão com quatro carros na garagem, um padre ou um pastor de igreja.

A questão são os interesses de quem não tem propriedade a defender. Não tem interesses dentro da sociedade capitalista, não cobra dízimo de ninguém ou mais grave ainda, além de tudo isso não se encaixa nos padrões heteronormativos. Que interesse têm esses em podar a expressão de sua própria sexualidade, de seus próprios corpos, o seu prazer, a sua liberdade sendo que não participam dos lucros gerados por essa moral?  Essa ideologia protege os interesses de uma minoria! A sexualidade e sua livre expressão, no entanto, são fruto da própria condição de ser humano, dotado de corpo físico. Corpo esse que irracionalmente, ninguém impede que se esgote de tanto trabalhar, mas que não pode desfrutar de suas expressões de sexualidade, cujo prazer e a realização plena são essenciais para a saúde mental e física.

A repressão sexual como base da ideologia dominante e a serviço da manutenção do status quo

A repressão do sexo e da sexualidade ocupam lugar estratégico na ideologia dominante, está a serviço da classe dominante, está a serviço do capital. Garante a formatação da família, a opressão da mulher, o machismo e, nesse sentido, a manutenção desse estado de coisas. A irracionalidade consiste em que uma pequena parte da sociedade detém os meios de produção, e a maioria da população trabalha gerando mais valia para os proprietários, que tem a favor de si toda a sua ideologia, que justifica a opressão aos homossexuais desde que seja educadamente e que coloca como vergonhosa a expressão da sexualidade e do prazer. Estabelece locais e horários onde se possa transar, expressar afeto, carinhos e carícias. Mas não estabelece horário nem local para a livre expressão da ideologia dominante, que oprime, reprime, machuca e constrange.

Divide, categoriza e escraviza os corpos, estabelece papéis a serem cumpridos. Relega à mulher a posição de frágil, sentimental, comportada, recatada, submissa, subserviente, mãe e cristã em oposição ao homem, macho provedor, viril, praticante incondicional de sexo (desde que com mulheres), separa os heterossexuais - cuja expressão livre do amor jamais será contestada - dos homossexuais, cuja presença sempre incomoda, não por ser diferente, mas por contestar a lógica reprodutiva burguesa, cristã e familiar, um dos pilares da propriedade privada. Divide quais expressões sexuais podem ocorrer em publico, abafa a sexualidade e o prazer, estabelece hora, local e regras pra tudo, exceto para a defesa a qualquer preço da sagrada propriedade privada.

A sociedade capitalista precisa apontar as diferenças como nocivas justamente no ponto em que elas são inócuas, na sexualidade, para assim limpar a cara das diferenças econômicas que, essas sim, provocam sofrimento, são mortais, vulgares e indecentes. Assegura-se que o capital sobreviva e se reproduza sobre corpos e mentes doentes, justamente porque doentes são fracos. A doença consiste em assumir papéis artificiais para sustentar uma pretensa imagem sem a qual, na sociedade burguesa, acredita-se que não se pode viver.

É necessário uma juventude subversiva, questionadora e transformadora. É necessária a construção de uma juventude revolucionária!

Até quando, é a pergunta, a juventude assimilará a condição clandestina de se relacionar entre pessoas, em dupla, do mesmo sexo, e somente escondidos, no escuro, nos porões da sociedade burguesa, enjaulados como bichos perigosos a serem domesticados, reprimidos como se fossem ilegais? Algum ser humano é ilegal? Aceita-se a condição de repressão dos corpos para garantir os direitos de quem? Do dono de um bar? Dos proprietários? Para os jovens estudantes e trabalhadores a lógica burguesa é vazia de sentido, não se justifica.

Estaria esse proprietário interessado em defender os direitos de alguém que não tem posses também? Não há reciprocidade. Ao que parece a maioria de nós continua defendendo os interesses da propriedade privada mesmo não tendo nenhum direito sobre ela. A lógica dos proprietários, no entanto, segue um caminho inverso, querem nos tirar o direito de decidir sobre a única coisa que temos: nossos corpos! Não, nós da juventude às ruas não compreendemos, não consideramos natural e repudiamos a atitude tomada pelo dono do bar, não porque ele foi grosseiro e mal educado, mas mesmo pela sua maneira delicada e educada de maltratar.

Entendemos e reivindicamos, nesse sentido, a atitude de todos os que conscientemente se posicionem e denunciem publicamente situações como essa. Atitude que reflete uma condição objetiva atual de toda a juventude no mundo inteiro.  Uma juventude cansada do moralismo doentio da burguesia, que não está mais disposta a abaixar a cabeça pra preconceito. Juventude não domesticada. Que não abaixa a cabeça pra homofobia! Disposta a tomar pela força os fuzis morais apontadas contra a nossa liberdade! Juventude que investiga as causas e os interesses nefastos da manutenção dessa moral absurda sob a qual padecem nossos corpos e nossas mentes!

ABAIXO A MORAL BURGUESA!
ABAIXO A HOMOFOBIA! ABAIXO O PRECONCEITO!
ABAIXO A PROPRIEDADE PRIVADA!
VIVA A SEXUALIDADE PLENA! VIVA O LIVRE PRAZER!
VIVA A LIBERDADE DOS CORPOS E DAS MENTES!
VIVA A LIBERDADE DE TODOS OS SERES HUMANOS!
 
                        POR UMA JUVENTUDE COMBATIVA, CLASSISTA E REVOLUCIONÁRIA!
                                                                   POR UMA JUVENTUDE ÀS RUAS! 

4 comentários:

Sou um dos "heterossexuais" que já "sofreram" essa "discriminação"... Nós estávamos exagerando mesmo, e aceitamos a "repressão". A diferença é que para os homossexuais, tudo no mundo acontece por que eles são homossexuais, não por conta de outras partes de sua personalidade.

Primeiro, o argumento que você utiliza pra normalizar a situação, afirmando que é heterossexual e sofreu a mesma repressão e que os homossexuais se vitimizam nessa e em todas as outras situações de opressão que sofrem, é um argumento REACIONÁRIO, que culpa o oprimido ignorando o opressor, reproduzindo perfeitamente a lógica de opressão da moral burguesa cristã que estamos contestando. Segundo, o próprio texto afirma "Há uma reprodução ideológica, tanto no sentido de opressão a um casal homossexual, MAS QUE TAMBÉM NÃO SE PERDERIA CASO FOSSE UM CASAL HETEROSSEXUAL SE BEIJANDO DE MANEIRA VULGAR, há uma reprodução ideológica, portanto, de caráter mais profundo: A FORMA COMO SE ENCARA SEXUALIDADE NA SOCIEDADE". Ou seja, o próprio texto parte de afirmar que o a questão da opressão a um casal, seja ele homo ou hetero, por estar demonstrando afeto em público, é uma questão de reprodução da moral burguesa cristã que serve como uma das bases do capitalismo, que poda a população do livre exercício da sua sexualidade e da gerencia dos seus corpos à serviço de "regras de comportamentos" que servem unicamente àqueles que tem posses e interesses na manutenção da propriedade privada e da sociedade de classes, como explicado claramente no texto. A castração moral da sexualidade no capitalismo atinge à todxs, independente se gays ou heterossexuais. Além de bases econômicas e políticas, o capitalismo se estrutura em bases ideológicas para que possa avançar na construção de uma sociedade opressora e voltada aos interesses de uma minoria que explora em detrimento de uma maioria que é explorado. Essa moral que nós joga guela abaixo o casamento, a monogamia, os bons custumes, que coloca a mulher na posição de inferior ao homem, lhe exige recato e descrição, nos tira o poder sobre algo que é naturalmente nosso, que é o corpo, impondo regras de como "usa-lo", tudo isso pra servir à reprodução da família burguesa cristã, defensora da propriedade privada, moral e bons costumes, que mantém o capitalismo em pé e o reproduz nas suas misérias diariamente. A opressão aos gays no sistema capitalista vem à serviço de tudo isso, dessa manutenção ideológica, que leva a manutenção do sistema de conjunto. Dizer que os gays se "Vitimizam" num sistema que os coloca à margem da sociedade, que não dá aos seres humanos direito de expressar sua sexualidade, que nada interfere na dinamica de vida de absolutamente ninguém, livremente, um sistema que mata gays por espancamento nas ruas, é no mínimo irracional que se afirme que há uma vitimização dos homossexuais por eles mesmos. Eles não precisam e não devem se vitimizar, já são oprimidos, devem arrancar pela força, com a moral de stonewall, o direito de exercer livremente, em público ou privado, sua sexualidade sem serem coagidos e constrangidos!

Puta que pariu! Fizeram uma lavagem cerebral monstruosa nessa Julia. O mais engraçado é que seu comentário enorme não refuta NADA. Só fica vomitando clichês esquerdistas de" mimimi, opressão capitalista, mimimi, seu reac ionário."

Esse povo nunca leu uma linha das obras sobre a ideologia hipócrita que defendem. Apenas repetem palavrinhas que ouviram de seus professores. Nem sei porque estou metendo a real aqui. Se ama tanto a esquerda, vai ler o SCUM da Valerie Solanas, a feminista mais amada e seguida, mesmo que muitas vezes em segredo.

Camarada, não entendi qual a sua posição no fim das contas. O texto deixa claro a opressão que está colocado a juventude, uma repressão a sua sexualidade. É claro, que atinge de forma diferentes os homos dos heteros, mas atinge todos de conjunto. Assim como atinge mais a mulher do que os homens, em geral. Não acredito que precisemos rebaixar a discussão a "clichês de esquerda", não vejo assim pelo menos. Defendo a posição da camarada Julia, e acredito que suas posições são baseadas em estudos, pesquisas e teoricos.

Não tem acordo? Discutamos, Terramel. Mas de nada vale pra nós dois rebaixarmos a discussão a cliches e tirações. Se você se deu o trabalho de ler o post e comentar, acredito que essa discussão te interessa e precisamos então avançar!

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