quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Seminário da Teoria da Revolução Permanente – Neste fim de semana na UNESP-Marília!



Durante os dois primeiros meses de 1917, a Rússia ainda era uma monarquia Romanov. Oito meses depois, os bolcheviques se apoderaram do leme. Eles eram pouco conhecidos de todos quando o ano começou e seus líderes ainda estavam sob a acusação de traição ao Estado quando chegaram ao poder. Não encontraremos nenhuma outra virada tão brusca na história – especialmente se lembrarmos que ela envolve uma nação de 150 milhões de pessoas. Está claro que os eventos de 1917, sob qualquer ângulo, merecem estudo


(Trotsky – Prefácio a História da Revolução Russa)


  
Resgatar a história das revoluções é necessário. Nesses momentos tão decisivos da luta de classes, onde se coloca em jogo toda a organização da sociedade por um período indefinido de tempo, os agrupamentos políticos - como representantes das classes sociais em luta – tem que mostrar seus objetivos e seus projetos, e com a ponta da baioneta, seus adversários. Nesses momentos, também, as classes dominantes “se vestem de vermelho” tentando fazer transparecer os seus objetivos como idênticos aos dos trabalhadores e do conjunto dos oprimidos.   

No decorrer destes processos, porém, como já assinalava Marx - nas suas análises das Revoluções de 1848 - o conteúdo da política dos grupos dominantes, se mostra muito aquém das fraseologias, reprimindo e sufocando qualquer tentativa independente dos trabalhadores, para que estes pudessem ao fim, concentrarem todo poder político em suas mãos para acabar com a propriedade privada, o Estado e a sociedade de classes. Estes momentos nos mostram os limites de todas as influências das frações ligadas à classe dominante no movimento operário, e nos arma a combatê-los nas suas diversas formas de ressurgimento e manutenção.  

É partindo desta reflexão que realizaremos em Marília o Seminário da Teoria da Revolução Permanente que tem como objetivo discutir o seu processo de construção, desde sua primeira formulação no ínterim da Revolução de 1905, sua confirmação na Revolução de 1917 e sua posterior generalização para os países coloniais e semi-coloniais na década de 1930, em meio a luta contra a burocratização do Estado operário dentro do partido bolchevique e da III internacional.  

É de se notar que, a discussão sobre a Teoria da Revolução Permanente, tenta apreender, a partir das revoluções do século XX, a dinâmica que existe nesses processos e que são exteriores as vontades dos sujeitos em luta. Buscar leis objetivas nos processos revolucionários pode arrepiar a cabeça do intelectual da pós-modernidade. O mesmo que dizia que as revoluções e até mesmo a história acabaram e até pouco tempo atrás buscava ar de serenidade para afirmar que os trabalhadores deixaram de existir.   

Muito longe de uma discussão que não respeita as particularidades históricas, sabemos que as polêmicas, discussões e resoluções que a classe operária encontrou na sua luta contra a opressão do capital, não podem se perder na história e que, portanto, o resgate dos processos e de sua dinâmica não pode estar desligado do esclarecimento estratégico dos processos atuais e sua conseqüente realização em prática política.  

Mas não pretendemos nos alongar aqui na polêmica com os representantes da modernidade líquida. O ano de 2011 já colocou por terra as mirabolantes teorizações construídas nas últimas décadas. Egito, Tunísia, Europa. Primavera Árabe, Indignados, Occupy Wall Street.. Estes novos processos, em poucos meses, golpearam de morte a perspectiva de fim da história, invalidando rios de tinta e saliva dos legitimadores da ordem capitalista.
De outro lado, uma lição já pode e deve ser tirada desses primeiros momentos de rebelião: não é suficiente a combatividade e abnegação dos trabalhadores e da juventude em luta, mas é condição vital pra vitória uma estratégia e um programa correto. Só os trabalhadores em aliança com os setores oprimidos da população podem dar uma saída concreta de superação das mazelas do capitalismo e de sua crise. Para isso é necessário ter clareza, apoiado nas experiências históricas, da necessidade de se construir uma direção revolucionária em nível nacional e internacional. Resgatar o legado teórico de Trotsky se torna ainda mais necessário neste momento. Seu pensamento foi alvo das maiores perseguições e falsificações da história. O stalinismo, cumprindo o papel servil da classe dominante, se encarregou de tentar apagar a história da luta da classe trabalhadora e do conjunto dos explorados, sujando a bandeira do marxismo, da Revolução de Outubro e do partido de Lênin. 

Convidamos todas/os a participarem deste seminário, onde discutiremos o pensamento revolucionário de Trotsky, aprofundando os grandes debates estratégicos que se tornarão cada vez mais vivos e necessários para os grandes desafios que se aproximam!
Neste Sábado (10/12) e Domingo (11/12) às 10h na FFC!

LER- QI - MARÍLIA

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