quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Na Filosofia-UFMG os estudantes votaram pela continuidade de uma entidade militante

Francisco L. - Coordenador do CAFCA

A Chapa Outros Junhos Virão (independentes + Pão e Rosas + Juventude às Ruas) venceu as eleições do CAFCA e será no próximo ano a gestão do Centro Acadêmico de Filosofia da UFMG. O resultado (63 votos na chapa x 4 brancos) mostra o que a burocracia estudantil petista, que hoje paralisa a maior parte dos C.A.s, D.A.s e o D.C.E., quer esconder: os estudantes apoiaram a gestão do último ano e disseram "Queremos entidades militantes e democráticas!". Nas eleições do último ano havíamos derrotado, com a Chapa Jornadas de Junho, a chapa opositora (PT e independentes), que abandonou o espaço que lhe cabia na gestão proporcional e democrática que implementamos. O abandono deste espaço por parte da chapa governista desmoralizou essa corrente frente aos estudantes, e neste ano não formaram uma chapa.
Se fortaleceu um projeto de Movimento Estudantil independente dos governos e da reitoria, que junto aos trabalhadores e à juventude de fora da universidade pública procura questionar o caráter de classe desta instituição que serve aos empresários, contra o projeto de educação de Dilma e do PT, lutando pelo fim do vestibular, pelo fim da terceirização (e a efetivação de todos trabalhadores terceirizados), pela derrubada da atual estrutura de poder e para colocar a universidade e seu conhecimento a serviço dos trabalhadores e do povo explorado e oprimido. Ao contrário do que dizem as correntes de esquerda como PSOL e PSTU, que se adaptam ao regime universitário e à despolitização construída pela burocracia estudantil governista, no último ano mostramos como é possível construir esta ferramenta (uma entidade militante), como os estudantes entendem estas ideias e as tomam pra si. Ao longo do ano fomos certamente a entidade estudantil mais ativa da UFMG (desde um pequeno CA), organizando blocos dos estudantes do curso para ir às manifestações contra o aumento das passagens (onde levantamos a necessidade da estatização do sistema de transportes sob controle dos trabalhadores e usuários), questionando a utilização do campus público para a Copa do Mundo da FIFA e a presença da PM (com uma paralisação e aula pública na rua, com a presença de mais de 150 estudantes), prestando solidariedade às greves de BH e do país (por meio de um comitê de solidariedade aos trabalhadores votado em assembleia estudantil do curso) e organizando diversas atividades contra as opressões, pelo direito ao aborto, contra a homofobia e contra o racismo.

Na próxima gestão levaremos à frente uma campanha pela abertura de todas informações sobre matrícula e currículo para nos apoiarmos nisto e exigirmos democracia (cada cabeça um voto, estudantes, funcionários e professores) nas decisões sobre o curso, uma demanda que sabemos que a burocracia do departamento não concederá com facilidade e exigirá dos estudantes mobilização e combate a ela. Também buscaremos fazer com que as secretarias se tornem referências militantes (como foi a Secretaria de Mulheres e LGBT na gestão passada), gerando ativismo de base em torno a cada uma delas. Na nossa campanha mostramos como o questionamento de cada problema que vivem os estudantes na sala de aula, seja por más condições na infraestrutura, pelo produtivismo do curso ou a pela falta de assistência estudantil que reproduz e se aproveita das opressões da sociedade (como a falta de assistência aos estudantes negros ou a falta de creches para as mães) se liga ao projeto que implementa a burocracia universitária privilegiada, que “tapa os poros” da universidade e a coloca a serviço dos empresários e dos governos. Organizar os estudantes desde a base para questionar profundamente o caráter destas universidades que têm regimentos herdeiros da ditadura, é o caminho para colocar o movimento estudantil como ator nacional que possa se ligar aos trabalhadores e ao povo oprimido, para revolucionar a universidade e lutar pelas demandas de toda população, que emergiram em junho de 2013 e nas grandes greves deste ano, e que Dilma, aliada à direita e a diversos setores reacionários, já garantiu desde a campanha – e agora mostra nas ações – que não concederá.

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