sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Na UFRJ, é preciso avançar para ter um movimento estudantil democrático, combativo e pela base

Encerraram na última quinta-feira (06) as eleições para o Diretório Central dos Estudantes – Mario Prata da UFRJ, entidade máxima de uma das maiores universidades do país, em um universo de mais de 40 mil estudantes.

Ganhou a chapa da esquerda “Quero me livrar desta Situação Precária”, composta por Nós Não Vamos Pagar Nada (RUA-PSOL e independentes), Correnteza (PCR) e UJC (PCB),que eram parte da última gestão, somados ao Coletivo Marxista e Não Vou me Adaptar (PSTU e independentes), com mais de 1000[1] integrantes, saiu com um saldo de 74% dos votos válidos (7612 votos), barrando a chapa branca da UNE (Kizomba e UJS).

A chapa da esquerda  focou sua campanha na assistência estudantil e permanência. O apelo, e por isso, a alta votação se deve à realidade da universidade hoje. Sem vagas para o Alojamento, que por sua vez está caindo aos pedaços, sem a possibilidade de se alimentar em restaurantes universitários e com o transporte caro, faz com que estudar, mesmo em uma universidade pública, continue sendo um privilégio para poucos, aumentando as evasões.

Um estudante de baixa renda ou filho de um trabalhador, como é a maioria da população, depois de passar pelo ENEM e SISU tem que passar por outro teste, manter-se dentro da universidade por conta própria, sem contar com apoio da instituição.

Governo perde novamente

A Chapa 1, uma correia de transmissão da política educacional do governo Dilma, cumpriu seu papel empurrando goela abaixo a versão fantasiosa da política educacional do governo PT como a “grande democratização do ensino superior”. De fato, aumentou parcialmente o acesso ao ensino superior público, mas o que a chapa do governo não diz é que esta política está subordinada à condição seguir defendendo os interesses capitalistas.

Aumentaram as privatizações dentro das universidades, abrindo espaço para as fundações e investindo em cursos pagos, destinando quantias milionárias aos grandes monopólios da educação como Kroton-Anhaguera. Ao centrar todos os seus esforços para esconder estes fatos, os governistas estão em oposição à realidade de milhões de jovens, filhos de trabalhadores, de baixa renda, negros, que ainda não tem acesso à educação pública, ou que tem que pagar por este direito, ou que, quando conseguem ter acesso, não tem condições materiais para se manter dentro da universidade.

A caricatura desta mesma política se repete ao defenderem os royalties do pré-sal para a educação, omitindo para os estudantes que estes royalties vêm de uma das maiores privatizações da nossa história recente, com o PT batendo o recorde dos tucanos em número de áreas que foram leiloadas, inclusive a maior de todas, o campo de Libra. Ainda assim, conseguiram se aproveitar do desgaste do DCE, arrancando alguns votos contra uma gestão que dura 7 anos, terminando com 26% dos votos e reavendo uma das quatro cadeiras que haviam perdido no conselho universitário em 2013. Pesa nesta conta o fato de que a maioria dos votantes não viveu a experiência de ter um DCE funcionando como pau mandado do Governo Federal e da Reitoria, como é a UNE hoje.

Nem nas jornadas de junho este DCE saiu do imobilismo, construir um movimento pelas reivindicações dos estudantes!

Em uma das cidades mais caras do país, a parte da burocracia universitária responsável, entre outras coisas, pelas bolsas de acesso e permanência (que sempre atrasam, às vezes meses), aconselha em nota oficial para os que fizeram ENEM, que se, caso dependessem da assistência, deveriam tentar outras universidades, para conseguir manter os estudos.

Em 7 anos de gestão, ou durante a efervescência de junho, as correntes que compõe esta chapa não usaram a entidade para impulsionar assembléias nos cursos, se abstendo do combate contra o imobilismo do Movimento Estudantil. Este imobilismo continuou durante as greves que atravessaram o primeiro semestre em nossa cidade, e mesmo na defesa de interesses estritamente estudantis como as bolsas e alojamentos. Para nada disto vimos o DCE se movimentar e buscar organizar assembleias, movimento estudantil.Defendemos que, para barrar os ataques, como enfrentam os estudantes do Alojamento, não basta que se mobilize uma somatória dos CAs para pressionar alguma reunião de conselho universitário. As entidades devem servir de ferramenta para organizar a luta, através de assembléias nos cursos, espaços de deliberação mais amplos, necessários para forjar uma nova tradição de movimento, democrático, e pela base, que busque a massificação de suas demandas.
Para sermos consequente em barrar os ataques, os estudantes que votaram e militaram pela Chapa 2, os coletivos e os 1000 integrantes que compuseram a chapa, devem se colocar o desafio de forjar um movimento estudantil que cerre fileiras, ombro a ombro com os trabalhadores dentro e fora da universidade, como nós da Juventude às Ruas fizemos fomos parte de uma pequena fração do movimento estudantil junto aos trabalhadores na greve vitoriosa da USP. Este pequeno exemplo ilustra o que o movimento estudantil, sob outra concepção pode fazer.

Por isso defendemos que os CAs e o DCE, junto ao lado dos 1000[1] integrantes da chapa 2 devem ter a ambição de ampliar o movimento estudantil e organizar a luta a partir de assembléias nos cursos, aonde a base seja sujeito ativo na tomada de decisões e nas ações que decididas democraticamente nestes espaços. Para que o programa de assistência e a permanência seja aplicado integralmente, e não à conta-gotas e à depender da boa vontade da burocracia universitária. Força para isto existe. Agora resta saber se esta vitória contra o governismo será um passo adiante para colocar um novo movimento estudantil em ação ou será a continuidade de mais um ano destes 7 anos de uma gestão apática. O primeiro e elementar passo é a realização de assembleia e reuniões por unidade!




0 comentários:

Postar um comentário