quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Fortalecer e massificar a greve nos cursos e o comando de greve! Radicalizar nossas ações para barrar as punições e avançar nas pautas!


Ontem os estudantes da USP, reunidos em assembleia geral, deram um recado contundente à reitoria da USP: não aceitaremos a punição de nenhum estudante mobilizado, nem engoliremos a seco as suas falsas promessas para acabar com nossa mobilização. Por 747 contra 562 votos, recusamos o acordo da reitoria, que prevê “procedimentos administrativos para apurar responsabilidades sobre prejuízos ao patrimônio público”, ou seja, punições aos estudantes. Esta era a única certeza do acordo, pois para além disso são apenas promessas vagas (muitas das quais já haviam sido feitas e não cumpridas pela reitoria diversas vezes, como aponta o próprio documento), e a comissão de negociação já estava fazendo mudanças após propor o termo aos estudantes, como a retirada da palavra “Estatuinte“.

Depois de rechaçar o acordo, centenas de estudantes foram à ocupação da reitoria para fazer frente à ameaça concreta de reintegração de posse, cuja permissão para ser realizada já foi concedida por uma reacionária decisão da justiça. Com nossa mobilização e a vigília, impedimos a reintegração de posse, o que torna ainda mais claro o que já dizíamos: neste momento a greve continua sendo o melhor instrumento para arrancar nossas pautas, dentre elas a não punição dos estudantes em luta! Este é o caminho a seguir! Só assim podemos derrotar a intransigência da reitoria e a sua tentativa de reprimir o movimento!
Os estudantes tiveram consciência disto e por isto não cederam ao terrorismo do DCE (dirigido por PSOL e PSTU), que combinava seu discurso para enterrar a greve com ameaças os estudantes sobre a decisão judicial da reintegração e comemorar as supostas “onze vitórias” de seu acordo com a reitoria, além de mentir descaradamente até mesmo na imprensa, ao dizer que: “Houve o reconhecimento do caráter político do movimento e ninguém será punido.” Absurdo! Por acaso a demissão de Brandão, a expulsão de oito moradores do CRUSP, os processos aos 72 presos de 2011 e todas as centenas de processos existentes hoje assumem seu caráter político? Não! Todos alegam se tratar de “crimes comuns”, tais como “depredação” para implementar a perseguição política!
O DCE afirma querer criar uma “cultura de vitórias” no movimento, mas na prática defende assinar embaixo de um acordo que garante punições! Que vitória pode existir com estudantes sendo punidos? Ironicamente, a gestão do DCE colocou mais esforços para desmobilizar os cursos nesta semana votando indicativos de fim da greve e para trazer centenas para votar o fim da greve do que fez em todo o restante da greve para construí-la. Mas apesar do DCE a greve continuou e os estudantes não assinaram sua própria punição. Contudo, a presença do DCE – que é a entidade de todos os estudantes – é fundamental neste momento na luta e exigimos que sua diretoria se centralize pelas decisões de nossas assembleias, colocando toda sua militância e seus recursos a serviço de construir nossa greve.

Como seguir a defesa de nossas pautas

A assembleia de ontem apontou o caminho, e agora temos que segui-lo: aprofundar a mobilização em cada curso, fortalecer nosso comando de greve como organismo ligado às bases, radicalizar nossos métodos para conseguir arrancar da reitoria questões fundamentais.

É verdade que a greve se enfraqueceu, mas isso não é por falta de disposição de luta, como diz DCE, culpando os estudantes pela sua política, e sim porque defenderam abertamente a desmobilização. Por isso é possível reverter essa situação mudando essa política. É preciso combinar um plano pra isso, com uma discussão sobre nossas prioridades na atual situação. A primeira delas deve ser a garantia de nenhuma punição, pois aceitar esse acordo é legitimar a repressão, despreparando qualquer resposta. Além disso, é possível garantir imediatamente a entrega dos blocos K e L já sob gestão estudantil. E também impor as pautas dos cursos, como a contratação de professores de acordo com a necessidade definida pelos estudantes. E devemos seguir a luta pelo conjunto dos eixos – entre os quais destacamos a luta contra a repressão na universidade, pelo fim dos processos, reintegração dos estudantes expulsos e de Brandão, não à demolição do Sintusp e Calc, e uma Estatuinte Livre e Soberana, não subordinada ao CO, e não à farsa proposta pela reitoria que não mudará nada – para trazer de volta à greve os cursos que saíram. A única maneira de garantir isto é pela via da mobilização independente, a reitoria não pode nos garantir isto e o que “quase” nos concedeu era uma estatuinte feita pelo próprio C.O.! Somente os estudantes, ligados aos professores e funcionários, podem colocar abaixo este regime autoritário e colocar de pé um governo tripartite composto pelos três setores com maioria estudantil, onde possamos determinar os currículos e os rumos da universidade. Ainda que esta greve não tenha correlação de forças para impor esta demanda, é fundamental seguir levantando esta bandeira e nos preparar para os próximos combates!

Ao mesmo tempo, é preciso nos ligarmos à juventude pobre e negra que está fora da USP, sendo massacrada pela polícia. Por isso seguimos propondo um ato, junto à Associação de Moradores da São Remo, que derrube o muro que nos separa, “Democratização da USP: entra São Remo!”. Contra a violência policial nas periferias, em solidariedade a Douglas Rodrigues e todos os mortos, pela punição dos responsáveis! Por cotas raciais proporcionais já, e pelo fim do vestibular e estatização do ensino privado! Por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre!

Seguimos em luta! É possível vencer! Não cederemos à intransigência da reitoria e à repressão! Não recuaremos diante da demagogia da gestão do DCE! Cada estudante que votou contra o acordo tem que lutar pela massificação da greve para impormos um novo acordo à reitoria!

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