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A greve se
enfraqueceu, mas foi diretamente pela política de desmobilização da gestão do
DCE! É possível reverter isso! Podemos discutir que pautas é possível
hierarquizar hoje nas negociações diante dessa situação, mas em nenhuma
hipótese devemos assinar um acordo que aceita e legitima as punições! Isso sim
abre o caminho para a repressão, despreparando o movimento!
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São trinta e cinco
dias de nossa greve por democracia na universidade. Passamos por momentos
decisivos da luta que tinham o potencial de transformá-la em um combate nacional
em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Nós, da Juventude
às Ruas, desde o começo colocamos essa perspectiva, pois havia a
possibilidade de que nossa luta despertasse o espírito de junho a partir de uma
demanda sentida por toda a população. Mas as direções do movimento estudantil,
PSOL (Juntos e Primavera) e PSTU, provaram não estar à altura de junho. À
frente das principais mobilizações da educação com as quais poderíamos ter nos
unificado (PSOL no DCE da Unicamp e PSTU e PSOL à frente do sindicato dos
professores do Rio), essas direções traíram as mobilizações e revelaram sua
lógica corporativista, que procura garantir “vitórias” em cada local e frear a
unidade das lutas.
Isso se mostrou
quando defenderam o fim da ocupação da reitoria da Unicamp, abafando um
movimento ofensivo que havia feito a reitoria recuar, e tinha toda a disposição
de se unificar com a USP, com institutos como o de Economia já tendo aprovado a
pauta de Estatuinte. O recuo na Unicamp mudou a correlação de forças e a
reitoria partiu para a ofensiva, com o vice-reitor declarando que "a PM
não estava descartada no campus" e a Polícia Civil convocando estudantes
para depor e abrindo inquéritos. No Rio, foi ainda mais vergonhoso: em uma
categoria que após 15 anos sem greves saiu numa luta que por 77 dias enfrentou
dura repressão do governo e sua polícia e com atos de rua com mais de 50 mil
pessoas, o PSOL e PSTU lideraram a categoria para uma saída da greve sem
nenhuma conquista e com punições aos grevistas.
Na USP, enquanto nós
lutávamos pela unificação, a atual gestão do DCE colocou como centro da
mobilização a demanda de “Negocia Rodas”, já evidenciando a estratégia que hoje
colocam abertamente: conseguir algo que pudessem chamar de “vitória” para poder
sair o quanto antes da greve e ter sua verdadeira “vitória” nas urnas das
eleições. Seus movimentos políticos mostraram esta estratégia: na Educação
Física, por exemplo, se abstiveram na votação de fim da greve, se
adaptando ao corporativismo do curso, e depois apontaram este curso, o de
R.I. e o campus de São Carlos como “exemplos”, pois haviam conquistado algumas
reivindicações específicas e saído da greve. Nossa luta era para romper com o
corporativismo do ME, e por isso propusemos a quebra dos muros da São Remo, a
unificação com movimentos sociais, a unidade na luta contra a repressão aos
lutadores e contra a violência policial nas periferias. Enquanto isso, a gestão
do DCE soltava um texto na Folha de São Paulo dizendo que nossa greve era
apenas por mudanças na estrutura de poder, internas à USP, sem dialogar com as
demandas da população que financia a universidade.
As distintas
estratégias se expressam na assembleia de hoje: a gestão do DCE foi desmobilizando
em cada curso, enfraquecendo a greve, e lutou para que se indicasse o fim da greve
com a assinatura de um acordo com a reitoria que coloca explicitamente que
haverá punições; que joga os estudantes contra os funcionários ao não
colocar a cargo dos trabalhadores decidirem o número exato de contratações que
devem ser feitas, para que possam diminuir sua carga de trabalho no
bandejão (e não seja da mesma forma que em 2007); que propõe um congresso
farsesco para mudanças na estrutura do estatuto, que por fim estará subordinado
ao CO; que não pauta a questão das cotas raciais na USP; e que, exceto a
garantia concreta das punições, são apenas palavras ao vento. E está claro
que a reitoria não respeita este acordo, pois ontem mesmo o mudou em diversos
pontos! Nós, por outro lado, sabemos que a desmobilização do DCE ainda pode ser
revertida! Por isto, lutamos pela manutenção da greve, para que nenhum
estudante seja punido, para que avancemos em nossas pautas com a radicalização
dos métodos e a radicalização política que pode voltar a trazer os cursos para
a greve, seguindo o exemplo da ECA, Geografia, Filosofia e o período
noturno da Letras, que rechaçaram o acordo e indicaram a manutenção da greve.
Para isso,propomos a imediata transformação dos blocos K e L em moradia
estudantil com plena autonomia da gestão dos estudantes, sem interferência da
SAS; a quebra do muro da São Remo em um ato que questione a quem está aberta a
USP e a ocupação do novo prédio da reitoria.
Estamos convencidos
de que esse é o único caminho para levar nossa mobilização adiante e combater o
engodo da gestão do
DCE, de suas falsas “vitórias” e de sua proposta de assinar embaixo uma série
de promessas da Reitoria que são anteriores à greve e aceitar a concretude
de punições aos estudantes e à nossa entidade - o DCE. A decisão judicial de
conceder a reintegração de posse logo após o indicativo do Comando de Greve de
recuar (já tarde da noite) mostra que nosso retrocesso é o avanço da reitoria,
e por isso o argumento que PSTU vem colocando sobre a correlação de forças é
uma falácia, pois o que mais fortalecerá a reitoria neste momento é bater em
retirada. É necessário se
ligar à juventude de fora da universidade e à reivindicação de Junho pela
educação, fortalecer a greve nos cursos, radicalizar nossas ações,
fazer do comando de greve a expressão da mobilização de cada curso para
que ele represente majoritariamente as posições dos estudantes em luta e não da
direção da gestão do DCE, e seguir em nossa luta! É possível vencer!
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