quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Contra a entrega da luta pela atual gestão do DCE! Aceitando punições abre o verdadeiro caminho da repressão! Fortalecer e radicalizar a greve!


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A greve se enfraqueceu, mas foi diretamente pela política de desmobilização da gestão do DCE! É possível reverter isso! Podemos discutir que pautas é possível hierarquizar hoje nas negociações diante dessa situação, mas em nenhuma hipótese devemos assinar um acordo que aceita e legitima as punições! Isso sim abre o caminho para a repressão, despreparando o movimento!
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São trinta e cinco dias de nossa greve por democracia na universidade. Passamos por momentos decisivos da luta que tinham o potencial de transformá-la em um combate nacional em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos. Nós, da Juventude às Ruas, desde o começo colocamos essa perspectiva, pois havia a possibilidade de que nossa luta despertasse o espírito de junho a partir de uma demanda sentida por toda a população. Mas as direções do movimento estudantil, PSOL (Juntos e Primavera) e PSTU, provaram não estar à altura de junho. À frente das principais mobilizações da educação com as quais poderíamos ter nos unificado (PSOL no DCE da Unicamp e PSTU e PSOL à frente do sindicato dos professores do Rio), essas direções traíram as mobilizações e revelaram sua lógica corporativista, que procura garantir “vitórias” em cada local e frear a unidade das lutas.
Isso se mostrou quando defenderam o fim da ocupação da reitoria da Unicamp, abafando um movimento ofensivo que havia feito a reitoria recuar, e tinha toda a disposição de se unificar com a USP, com institutos como o de Economia já tendo aprovado a pauta de Estatuinte. O recuo na Unicamp mudou a correlação de forças e a reitoria partiu para a ofensiva, com o vice-reitor declarando que "a PM não estava descartada no campus" e a Polícia Civil convocando estudantes para depor e abrindo inquéritos. No Rio, foi ainda mais vergonhoso: em uma categoria que após 15 anos sem greves saiu numa luta que por 77 dias enfrentou dura repressão do governo e sua polícia e com atos de rua com mais de 50 mil pessoas, o PSOL e PSTU lideraram a categoria para uma saída da greve sem nenhuma conquista e com punições aos grevistas.
Na USP, enquanto nós lutávamos pela unificação, a atual gestão do DCE colocou como centro da mobilização a demanda de “Negocia Rodas”, já evidenciando a estratégia que hoje colocam abertamente: conseguir algo que pudessem chamar de “vitória” para poder sair o quanto antes da greve e ter sua verdadeira “vitória” nas urnas das eleições. Seus movimentos políticos mostraram esta estratégia: na Educação Física, por exemplo, se abstiveram na votação de fim da greve, se adaptando ao corporativismo do curso, e depois apontaram este curso, o de R.I. e o campus de São Carlos como “exemplos”, pois haviam conquistado algumas reivindicações específicas e saído da greve. Nossa luta era para romper com o corporativismo do ME, e por isso propusemos a quebra dos muros da São Remo, a unificação com movimentos sociais, a unidade na luta contra a repressão aos lutadores e contra a violência policial nas periferias. Enquanto isso, a gestão do DCE soltava um texto na Folha de São Paulo dizendo que nossa greve era apenas por mudanças na estrutura de poder, internas à USP, sem dialogar com as demandas da população que financia a universidade.
As distintas estratégias se expressam na assembleia de hoje: a gestão do DCE foi desmobilizando em cada curso, enfraquecendo a greve, e lutou para que se indicasse o fim da greve com a assinatura de um acordo com a reitoria que coloca explicitamente que haverá punições; que joga os estudantes contra os funcionários ao não colocar a cargo dos trabalhadores decidirem o número exato de contratações que devem ser feitas, para que possam diminuir sua carga de trabalho no bandejão (e não seja da mesma forma que em 2007); que propõe um congresso farsesco para mudanças na estrutura do estatuto, que por fim estará subordinado ao CO; que não pauta a questão das cotas raciais na USP; e que, exceto a garantia concreta das punições, são apenas palavras ao vento. E está claro que a reitoria não respeita este acordo, pois ontem mesmo o mudou em diversos pontos! Nós, por outro lado, sabemos que a desmobilização do DCE ainda pode ser revertida! Por isto, lutamos pela manutenção da greve, para que nenhum estudante seja punido, para que avancemos em nossas pautas com a radicalização dos métodos e a radicalização política que pode voltar a trazer os cursos para a greve, seguindo o exemplo da ECA, Geografia, Filosofia e o período noturno da Letras, que rechaçaram o acordo e indicaram a manutenção da greve. Para isso,propomos a imediata transformação dos blocos K e L em moradia estudantil com plena autonomia da gestão dos estudantes, sem interferência da SAS; a quebra do muro da São Remo em um ato que questione a quem está aberta a USP e a ocupação do novo prédio da reitoria.
Estamos convencidos de que esse é o único caminho para levar nossa mobilização adiante e combater o engodo da gestão do DCE, de suas falsas “vitórias” e de sua proposta de assinar embaixo uma série de promessas da Reitoria que são anteriores à greve e aceitar a concretude de punições aos estudantes e à nossa entidade - o DCE. A decisão judicial de conceder a reintegração de posse logo após o indicativo do Comando de Greve de recuar (já tarde da noite) mostra que nosso retrocesso é o avanço da reitoria, e por isso o argumento que PSTU vem colocando sobre a correlação de forças é uma falácia, pois o que mais fortalecerá a reitoria neste momento é bater em retirada. É necessário se ligar à juventude de fora da universidade e à reivindicação de Junho pela educação, fortalecer a greve nos cursos, radicalizar nossas ações,  fazer do comando de greve a expressão da mobilização de cada curso para que ele represente majoritariamente as posições dos estudantes em luta e não da direção da gestão do DCE, e seguir em nossa luta! É possível vencer!

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