Por Angelo H.
A greve dos
trabalhadores do transporte público em Campinas parou 517 ônibus (o que
representa mais da metade da frota da cidade) e também paralisou 85 linhas da
EMTU, que faz o transporte na região metropolitano. A empresa e o governo
tentam cortar os direitos do convênio médico, dizendo que a culpa "é dos
que quiseram que abaixasse 30 centavos da tarifa", querendo
jogar os trabalhadores contra a juventude e as manifestações de rua. Os motoristas
e os cobradores disseram BASTA, paralisando a cidade por dois dias, passando por
cima da burocracia sindical governista que tentou barrar a mobilização logo
após o primeiro dia de paralização. Diferente do que normalmente ocorre
quando há greve no setor de transporte e os ônibus não saem da garagem, desta
vez foi diferente: centenas de ônibus paralisaram uma das principais avenidas
de Campinas, fazendo piquete com os veículos, mostrando a força
de luta desses trabalhadores seguindo a revolta e radicalização das jornadas de
junho.
Em junho um dos gritos que se escutavam nas ruas era “O
motorista o cobrador me diz ai se seu salário aumentou”. Em Campinas, mesmo
com a redução fruto das mobilizações, ainda tem uma das passagens mais
caras do Brasil, valor que não se reflete nos holerites dos trabalhadores
que recebem salários de fome, enfrentam condições de trabalho degradantes e
insalubres, precariedade dos veículos e superlotação, condições essas
evidenciadas no acidente com vários feridos e um morto no dia 23 de julho[1].
O
transporte “público” nas mãos dos empresários é a busca pelo lucro desenfreado,
lucro esse que não se reverte na melhoria do transporte, não se reverte em
melhores condições de trabalhos. Na fala de um motorista essa questão fica
clara: "vocês não dizem que querem transporte de qualidade e mais barato?
A gente também quer, que qualidade pode ter se a gente não tem nem saúde pra
trabalhar?
No mês de Junho a juventude se levantou para lutar, e a
demandas desatadora das mobilizações foi justamente a luta pelo transporte. A
alta tarifa, a péssima qualidade e a precarização do trabalho são partes do
mesmo problema, para modificá-la e garantir transporte público de qualidade
para todos, onde o passe-livre para estudantes, desempregados e aposentados seja
um direito, é fundamental a estatização dos transportes, única medida possível
de arrancarmos das mãos dos empresários um direito que é de toda população.
Enquanto a burguesia responde com repressão nossas mobilizações, como foi a
reintegração ilegal e violenta da Câmara dos Vereadores que prendeu 138 jovens,
a união entre a juventude, trabalhadores do transporte e usuários deixará
governos e empresários em pânico. É necessário que confluamos nossas lutas,
para que a própria juventude comece a identificar a classe operária como um
aliado estratégico para sua luta!
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