quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

NOTA DE REPÚDIO DO MOVIMENTO PARATODOS ÀS SINDICÂNCIAS ABERTAS NA UNESP FRANCA

Quando os reitores e governantes brasileiros reiteram suas falas para legitimar ofensivas aos estudantes organizados sempre lembram que nós alunos precisamos de uma “aula de democracia”. 

Dizem isso por vários motivos e para causar outras várias consequências:
1. Querem estabelecer aqui uma relação professoral, não só dentro da sala de aula mas também na perspectiva da mobilização social. As direções querem ensinar para os estudantes como se mobiliza e como se age (ou não se age) no movimento social estabelecendo um patamar de distanciamento. 

2. Querem deslegitimar a auto-organização dos estudantes mostrando-os incapazes e sobretudo imaturos não só para gerir suas graduações mas para gerir seus ímpetos de mudança social.

3. Querem deixar claro qual perfil de discente a Universidade (retrógrada) brasileira tem predileção: o aluno baseado em metas de super produção acadêmica, alheias a qualquer fim social do conhecimento e interface com os movimentos populares.

4. Querem apagar a história do movimento estudantil ao deixar claro que os alunos não são só incapazes para serem sujeitos do seu futuro, mas também, “indignos” de seu passado de mobilização justa. 

5. Querem por fim, governar sozinhos. Isto é, alijar os estudantes dos processos de decisão internos da Universidade e consolidar o modelo uníssono de governança do ensino superior: o modelo em que a Direção manda, o Estudante obedece. O modelo da heterogestão baseada em estatutos arcaicos e ultrapassados, muitas vezes criados em governos de exceção.

Diante disso, a Direção da UNESP FRANCA foi modelo de retrocesso e arbitrariedade por parte das coordenadorias do ensino superior brasileiro ao abrir SINDICÂNCIA contra trinta e um (31) alunos da FCHS no caso envolvendo a vinda de “Dom” Bertrand para a Universidade no segundo semestre. 

Os alunos podem e devem balizar quais são os nomes cabíveis dentro do espaço universitário baseado não em posturas ideológicas, mas na função social da universidade de dar respaldo à democracia e aos direitos fundamentais. Por conta disso, é sim INADMISSÍVEL a presença de qualquer palestrante que possua discurso de ódio, como é o caso do “príncipe”.

Daí temos um mote de atuação que pode ou não ter sido acertado e correto, este mote no entanto deve ser avaliado pelos próprios estudantes e pelo movimento estudantil tendo em vista que não houve qualquer violação de patrimônio da Universidade nem de nenhum indivíduo. 

Não cabe à direção postura paternal e autoritária de dar “puxão de orelha” abrindo sindicância pois:
1. Quem deve avaliar se houve erros no processo é próprio movimento estudantil.

2. A direção não tem qualquer segurança para distinguir quem participou ou não da implosão do evento.

3. A direção é a ÚNICA RESPONSÁVEL pelo “constrangimento” ao autorizar a vinda de uma pessoa tão contrastante com o espaço universitário.

4. Depois de avaliada a implosão do evento, é o movimento estudantil quem deve decidir os movimentos seguintes.

5. Não é função da Direção jogar os estudantes uns contra os outros desmobilizando o processo de organização dos discentes.

6. A Direção não deve realizar seu projeto social de Universidade através da reiteração de estatutos e regulamentos arcaicos e autoritários baseados em uma situação de perene vigilância e guerra interna.

Portanto, dessa vez, por irônico que seja, não foi o movimento estudantil quem rompeu com a direção mas a direção quem rompeu com a autonomia e organização dos estudantes, desafiando nossa capacidade de articulação e crítica. 

Por tais motivos, o MOVIMENTO PARATODOS refuta e repudia as sindicâncias abertas e presta solidariedade aos estudantes sindicados se somando às suas lutas honrosas e históricas.

Vitor Quarenta – Coordenador Estadual do Movimento ParaTodos (http://www.facebook.com/PARATODOSBRASIL?fref=ts)

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