quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MORADIA ESTUDANTIL DA UNESP FRANCA - MOÇÃO DE REPÚDIO A SINDICÂNCIA.

A Moradia Estudantil da Unesp de Franca em assembleia extraordinária realizada no dia 26 de novembro de 2012 delibera sua posição de repúdio ao processo de sindicância aberto aos trinta e um estudantes da presente universidade. 

Aos 28 de Agosto de 2012 ocorreu a implosão do “evento do Príncipe”, sendo ele Dom Bertrand. O palestrante, Dom Bertrand, membro simbólico da família real brasileira e José Carlos Sepúlveda, coordenador da primeira marcha da Tradição, Família e Propriedade, esta que culminou na Ditadura Militar Brasileira de 1964, foram convidados pelo grupo CIVI( Curso De Iniciação a Vida Intelectual) a exporem a “importância da monarquia no Brasil”. Os palestrantes concebem a reforma agrária e os movimentos sociais como retrógrados ao sucesso do Brasil, sendo que expõem um discurso que vão contra a dignidade humana, pois os dois palestrantes reproduzem e reafirmam o preconceito e ódio para os homossexuais, negros, indígenas, comunidades quilombolas, mulheres, e crianças (ao afirmar nesse último caso em especifico a necessidade da violência como forma de educar). Eles estão vinculados a União Democrática Ruralista (UDR), uma associação de fazendeiros e ativistas fomentadores de milícias responsáveis pelo assassinato de trabalhadores rurais e militantes da luta pela reforma agrária. 

Entendemos a universidade pública como um espaço de debate e pluralidade de ideias, porém quando se apresentam discursos odiosos e extremados que ferem os direitos humanos, nos vemos no direito de nos manifestar contra. Diante disso questionamos a sindicância, além da mesma ter um caráter duvidoso. Em uma manifestação sem liderança, com participação de cerca de 200 pessoas, tendo apenas 31 sindicadas. Sendo que alguns alunos sindicados nem se quer participaram do ato protesto.
Parece-nos que essa sindicância possui um caráter seletivo, onde alunos muito específicos são indiciados, enquanto que tantos outros que lá estavam não foram sequer lembrados. Esse ato se apresenta como um ato repressor e punitivo. Repressor no sentido de que não tolerará atitudes que contrariem as ideias e vontades da direção. Punitivo no sentido de “ensinamento”, de que não devemos fazer mais nada contrário a direção, porque esse será a atitude a se esperar. Em uma universidade onde a liberdade estudantil e a integridade humana não são respeitadas deve-se no mínimo desconsiderar a palavra universidade e sim pensar em uma prisão, onde apenas obedecemos às ordens independentemente de como elas nos afetam.

Entendemos que se deve ter responsabilidade ao trazer um palestrante. Não devemos nos restringir ao tema abordado, mas ficarmos atentos também ao seu passado e tudo que este já realizara fora da universidade ou local de palestra. Assim cobramos o grupo idealizador do evento mais responsabilidade. 
Ao lado dos movimentos sociais, da justiça social, da igualdade e buscando sempre pela democracia, nos posicionamos veementemente contra a abertura de sindicância. 

"Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem". (Rosa Luxemburgo)
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