quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Nota de apoio do DCE-Livre da USP aos estudantes processados da UNESP Franca

 Nós, do DCE-Livre da USP, declaramos nosso apoio aos estudantes processados da Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Franca, em mais um caso de perseguição por parte da direção universitária ao livre debate de ideias e ao exercício da política no interior da universidade. Hoje, 4 de dezembro de 2012, ocorre um ato estadual na UNESP Franca, contra as sindicâncias que podem levar à expulsão dos estudantes.

 Assim como na USP, em que quase uma centena de estudantes são processados com base em um Regime Disciplinar escrito em 1972, durante o auge da ditadura militar, os estudantes da UNESP também estão sendo julgados por terem desrespeitado a “moral e os bons costumes” e por se manifestarem de forma “político-partidária na universidade”, conforme estabelecido em dispositivos jurídicos autoritários que ainda subsistem no Estatuto da UNESP. São 31 estudantes que podem ser expulsos da universidade por terem participado de uma manifestação de mais de 200 contra a presença do “príncipe” Dom Bertrand de Orleáns e Bragança, trazido à universidade para um debate que contava também com a presença do jornalista Luís Carlos Sepúlveda (membro do grupo Tradição Família e Propriedade – TFP) e que foi organizado pelo diretor da faculdade. Devemos nos questionar por que o “príncipe”, um membro da União Democrática Ruralista e notório crítico da reforma agrária e defensor da monarquia no Brasil, foi convidado para palestrar em uma universidade pública: a falta de democracia nas instituições de ensino superior, ao impedir que estudantes, professores, funcionários e o conjunto da sociedade pautem as prioridades da academia quanto aos debates necessários sobre os rumos do nosso país, ao mesmo tempo privilegia um determinado ponto de vista, o da direção da faculdade, sobre qual deve ser o papel das universidades no Brasil.

 A perseguição política aos estudantes só visa reafirmar a universidade enquanto uma instituição antidemocrática, cuja função social é determinada de acordo com os interesses dos dirigentes universitários e do governo estadual, negando a participação daqueles que a vivenciam cotidianamente ou da população que financia suas atividades. Nos colocamos contra a criminalização do movimento estudantil e de todos os movimentos sociais, exigindo a retirada imediata de todos os processos aos estudantes!

 DCE-Livre da USP – Alexandre Vannucchi Leme
Gestão “Não vou me adaptar!”

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