terça-feira, 22 de maio de 2012

Nota da Juventude às Ruas - sobre os últimos processos de luta na FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ.

Reivindicamos o espirito da juventude que hoje se levanta em varias partes do mundo, expressando sua indignação e sua repulsa a esse modelo capitalista de sociedade, o qual não nos satisfaz. Porém para vencer, a juventude hoje precisa ir por mais, ir para além, é necessário ter um programa que dê uma alternativa real de superação ao capitalismo, que questione os problemas sociais até o final “tomando as coisas pela raiz”, ligando-se aos trabalhadores através de uma estratégia revolucionária.
Na terça-feira um grupo minoritário que não representa os estudantes da FAFIL e muito menos da FSA de conjunto quebrou o muro erguido na frente do D.A pela reitoria (decidiram tudo sozinhos e queriam que o restante do movimento se unisse a eles na hora da ação), essa decisão foi tomada sem passar por nenhuma instancia de BASE do movimento estudantil. Nós da juventude AS RUAS sempre nos colocamos totalmente a favor da derrubada do muro e da retomada do espaço do D.A pelos estudantes, mais não a partir da ação de um grupo de “iluminados” que fazem isso sem ganhar o respaldo da base estudantil, e sim através da vontade, iniciativa e organização do próprio conjunto dos estudantes. Nesse sentido a tarefa mais correta, honesta e revolucionaria dos ativistas do movimento estudantil da FSA é conscientizar e organizar os estudantes da FAFIL para que nós junto com eles - e logicamente respaldados por eles – retomemos nosso espaço que foi roubado pela reitoria. Por fora disso qualquer ação não conseguirá retomar de fato nosso espaço e só ajudará a reitoria a destruir mais rápido o ativismo estudantil na FSA e implantar com bem mais tranquilidade seu projeto espúrio de universidade.
Para disputar a influencia entre os estudantes, por um lado com o “senso comum”, e por outro com a reitoria, tem que ter coragem porque é uma tarefa muito difícil, porém é extremamente necessária e apaixonante do ponto de vista revolucionário, pena que alguns tenham desistido dessa tarefa, dizem que “não da certo”, “que já tentaram de tudo para trazer os estudantes para a luta, mas eles não querem” etc... Com isso partiram para ações vanguardistas dizendo que elas trariam os estudantes para a luta, quando na verdade é elementar a constatação de que se a coisa não vem das bases, se a coisa não é construída nas bases, é impossível derrotar o status-quo.
Dois militantes da LER-QI e da juventude AS RUAS possuem três suspensões que foram aplicadas pela reitoria nos últimos dois anos, duas delas por participação nas lutas pela redução das mensalidades e uma delas por participação naquela reunião que fizemos depois da retirada das coisas do D.A (clara perseguição, já que vários estudantes também estavam lá e não receberam nenhuma punição), além disso, a reitoria possui um dossiê sobre outro de nossos militantes com o intuito de prejudica-lo o máximo possível, inclusive a partir de medidas judiciais.
Estamos impulsionando as reuniões do movimento estudantil desde antes do inicio das aulas para nos articularmos e conseguirmos de fato retomar nosso espaço que foi roubado pela reitoria. O ativismo do M.E da FSA precisa se convencer de uma vez por todas da necessidade de ganhar influencia entre a comunidade acadêmica, principalmente entre os estudantes, disputar a hegemonia da universidade com a reitoria, e encarar isso como militância de fato, para que ai sim ações radicalizadas sejam efetivas e ajudem o movimento a avançar, sendo legitimadas pelos estudantes, além de estarem preenchidas de conteúdo politico que questione as bases da estrutura de poder da FSA e consequentemente da universidade brasileira de conjunto.
Os últimos materiais que publicamos enquanto juventude AS RUAS discutem com duas das principais tendências do atuam no movimento estudantil da FSA juntamente conosco, o debate de ideias é essencial, a pluralidade e democracia fazem parte da melhor das tradições do movimento estudantil, nunca iremos nos adaptar a qualquer tipo de “vanguardismo autoritário” que tenta reprimir ideias opostas se atualizando de calunias, quem ler os nossos materiais - que já são públicos e que queremos divulgar ainda mais - verá que não existe nenhum tipo de “caguetagem” como afirmam os mais degenerados, entramos em polemica com as posições desse setor (os que tocaram a ação na terça-feira) e se elas se mantiverem continuaremos a entrar, na verdade o que queriam era fazer sua ação leviana sem receberem criticas. Não é a toa que a discussão é de baixíssimo nível, nenhum questionamento mais profundo a nossas ideias foi feito. Ainda temos que levar em consideração que varias dessas pessoas que estão nos caluniando chamaram voto e apoiaram a reitoria Cacalano nas ultimas eleições para reitor e apoiaram também a ultima gestão do D.A que se “desmanchou no ar” e abandonou os estudantes diante os ataques da reitoria.
Aqueles que não respeitam e caluniam posições divergentes, atitude essa que em um primeiro momento pode “ajudar” a consolidar suas posições, no final das contas só corroboram com a reitoria no seu plano de desarticulação do movimento estudantil da FSA e na implantação do projeto privado e elitista de universidade que Cacalano, Edna Mara, Flavio Morgado, Mirian Lernic e CIA têm para a FSA.
Por um lado, um enraizado sentimento anti-partidário – que combate mais os partidos proletários de esquerda do que a burguesia e seus agentes – e por outro, o oportunismo adaptado que se alça nesse sentimento de forma acrítica com o intuito de se localizar no M.E da FSA, são elementos determinantes que marcam as concepções mais atrasadas desse grupo heterogêneo que se formou para a “derrubada do muro em si”. Sabemos que sentimentos sinceros de indignação existem em pessoas que participaram dessa ação, porém foram canalizados por uma pseudo-estrategia oportunista que não levará o movimento a vitória.
Marx, apesar da admiração que mantinha pelo espirito revolucionário de Auguste Blanqui, fazia criticas severas a concepção de Blanqui que via com demasiada importância a conspiração e atuação dos revolucionários em si mesmos, por fora da luta de classes e consequentemente por fora da atuação da classe trabalhadora, essa concepção de Blanqui levou ele e seus discípulos a diversos desvios que tornaram essa “corrente teórica e militante” incapaz de contribuir para a emancipação da classe trabalhadora e por conseguinte da humanidade.
Para Lenin “os blanquistas acreditam que a humanidade se libertaria da escravatura assalariada não por meio da luta de classe do proletariado, mas graças à conspiração de uma pequena minoria de intelectuais”.
A concepção marxiana é ligada a noção elementar, precisa e verdadeira de que: “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. É evidente a repulsa que Marx tinha em relação a qualquer tipo de vanguardismo, através do mínimo conhecimento biográfico e de sua obra é fácil constatar isso.
O blanquismo influenciou o movimento Narodnik (terroristas agraristas russos que são expressão dos primordios do movimento socialista na Russia) que defendia a “ação direta” e a “propaganda pelo ato”, o terrorismo. Moniz Bandeira em seu livro “Lenin Vida e Obra” coloca que os Narodniks em varias decadas conseguiram matar três membros do governo czarista russo, e morreram aproximandamente 20 vezes mais Narodniks, e o regime czarista continuava firme e forte.
Guardando as devidas diferenças existentes entre o movimento operario e o movimento estudantil (o primeiro é homogenio do ponto de vista de classe e o segundo é heterogenio, a FSA tem uma composição proletária bem maior que a da maioria das universidades onde existe M.E, sendo assim nossa responsabilidade de respaldo das bases só aumenta), é obvio que ações isoladas (sem base real de apoio entre os principais “sujeitos sociais” envolvidos) são incapazes de oferecer um real risco a ordem estabelecida (no nosso caso a reitoria).
Temos que ganhar o apoio dos estudantes, politizar a discussão ligando a retomada politica e fisica do D.A, a denuncia do autoritarismo da reitoria Cacalano e de seu projeto de universidade privado e elitista (ligando com a discussão geral da arcaica universidade brasileira), nos apoiando em instancias democraticas deliberativas de base que respaldem as ações do movimento e nos forneçam forçar reais para derrubarmos a reitoria e seu projeto de universidade, para colocarmos um projeto alternativo: por uma universidade publica, gratuita e de qualidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Que coloque abaixo a atual estrutura de poder universitária colocando em seu lugar uma universidade gerida por professores, funcionários e estudantes.

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