domingo, 13 de maio de 2012

Estudantes de Rio Claro contra a repressão aos lutadores e perseguidos políticos!


Geraldo Alckmin visitou nesta terça a região de Rio Claro, visando participar de compromissos para firmar mais sua base aliada, participando da transferência, do estado para a Universidade, da área onde a Unesp foi construída em Rio Claro, inaugurando estação de tratamento de esgoto em Santa Gertrudes e uma nova sede da delegacia da Polícia Civil em Itirapina. Além disso, em Rio Claro, destacou a instalação de uma Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo) e o investimento de 4 milhões na cidade. No momento, uma comissão técnica, formada por burocratas do governo, da prefeitura local e da academia, está avaliando quais cursos técnicos serão implementados. Ressaltando que uma de suas maiores prioridades é a Educação, do ensino básico à qualificação profissional, Alckmin não se arriscou explicar a situação de precarização das escolas públicas e da Unesp, com falta de moradia estudantil, de políticas de permanência e a precarização do trabalho com as terceirizações.

O movimento estudantil da Unesp, entendendo os verdadeiros propósitos da visita do governador e tudo o que ele e o resto da corja tucana fizeram e fazem aos lutadores e à população pobre e negra, o recebeu aos gritos de “assassino” e “somos todos Pinheirinho!”, denunciando a truculenta ação das suas tropas armadas naquela ocupação, em São José do Campos, assim como na reintegração de posse da reitoria da USP, ano passado, e todo o projeto de militarização das universidades, das favelas e periferias, além da precarização do trabalho e ensino em todas as escolas e universidades. Logo depois, o Reitor Durigan recebeu o movimento estudantil e foi questionado em relação aos casos de sindicância contra estudantes, que existem em vários campi da Unesp, em relação à Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), que precariza ainda mais a educação que é oferecida sobretudo aos filhos da classe operária. Foi questionado também sobre a terceirização, que avança na Unesp e é um ataque à vida dos trabalhadores (sendo que o campus de Rio Claro já teve uma série de greves de terceirizadas por não pagamento de salários e direitos básicos), e permanência estudantil, pois a bolsa de auxílio sócio-econômica possui o valor irrisório de R$ 310,00. Foi questionado ainda sobre o caso absurdo do curso de Engenharia Ambiental que existe há 10 anos e não possui departamento e demais questões de infraestrutura básica. Obviamente, Durigan não pode responder nossos questionamentos, fazendo mais um discurso contraditório, de quem concorda com as demandas do movimento estudantil nas palavras, mas na prática pune os que se colocam contra o projeto que a reitoria tenta implementar, como são os casos de sindicância nos campi de Presidente Prudente, Botucatu, Marília e Franca. 

O exemplo que mais reflete os propósitos do governo com seu projeto para as universidades e toda a repressão para implementá-lo pode ser visto na USP,  onde atua o reitor Rodas, especialmente indicado para reitor pelo ex-governador Serra, por sustentar um currículo pela experiência em gerenciamento e fusão empresarial no estado, além de ser o responsável pela absolvição do Estado no caso dos assassinatos de Zuzu Angel e de Edson Luís pela ditadura. Em quesito de repressão aos lutadores, Rodas já provou suas habilidades enquanto reitor da USP, tanto quando se utilizou da morte de um estudante da FEA em um assalto para providenciar a militarização do campus, quanto agora, ao incluir entre o quadro administrativo da USP três coronéis da PM. Rodas ataca diretamente o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), perseguindo e demitindo seus diretores, justamente por esse sindicato se levantar, junto aos estudantes, contra o projeto de desmonte da universidade pública, que ele defende. Os métodos radicalizados do Sintusp e dos estudantes da USP, com greves, ocupações e piquetes, tem sido peça chave na luta das estaduais paulistas contra o CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas), agora presidido pelo próprio Rodas. Foi para cumprir esse papel nefasto, de barrar definitivamente a resistência naquela universidade através da sua militarização que Serra indicou Rodas para esse cargo. Essa é a política que Alckmin espera que ele continue.

 Esse quadro de militarização faz parte e é necessário para a implementação do projeto que pretende efetivar nas universidades, de precarizar o ensino e o trabalho e direcionar a produção cada vez mais a serviço das grandes elites da burguesia, excluindo a população negra e pobre. Outro exemplo é a indicação, pelo governador Geraldo Alckmin do ex-reitor da Unesp, Herman Jacobus, para o cargo de Secretário da Educação de São Paulo, o que mostra como este cumpriu bem seu trabalho e seguiu a risca a cartilha da privatização e precarização na Unesp.

Esse projeto não se restringe às universidades. Na cracolândia fez a política de ‘limpeza social’, reprimindo e varrendo das ruas a população miserável. No Pinheirinho, que está longe de ser um fato isolado, milhares de famílias ficaram à mercê da miséria quando, violentamente, foram arrancadas de suas casas pela polícia do Estado. Este ataque foi coordenado a partir da prefeitura de São José dos Campos (PSDB), contando com o empenho direto da justiça estadual, do governo do estado e da PM. Da mesma forma, o governo federal não fica atrás no mérito de reprimir a população pobre e negra, instalando bases militares no Haiti com discurso de missão de paz, que visa na realidade reprimir a população haitiana para que os monopólios da construção civil avancem na reconstrução do país após o terremoto visando apenas lucros, e não a vida daquela população. Essa ocupação no Haiti também tinha o propósito de treinar o exército brasileiro para que pudessem, da melhor forma, fazer seu trabalho de matar e estuprar nas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) no Rio, Estado que sediará a Copa e Olimpíadas e que portanto necessita de uma ‘limpeza social’ mais profunda. Assim, o lulismo oferece à burguesia uma via negociada para o aprofundamento do mesmo projeto que o governo do PSDB. 

Nessa conjuntura, nós, da Juventude Às Ruas, também presente na Unesp e nessa manifestação, tornamos vivo o debate sobre repressão estrutural do Brasil. Exigimos a retirada de todos os processos, o fim das perseguições, a reincorporação imediata de Claudionor Brandão (dirigente do Sintusp), demitido por defender as terceirizadas, e dos estudantes expulsos, a anistia dos presos políticos e o fim das ameaças e perseguições aos lutadores. Denunciamos a prefeitura local e o governo do Estado que colocaram a polícia para investigar os estudantes que estavam na manifestação para ameaçá-los de punição, na tentativa de proibir que nos expressemos nas ruas e nas universidades contra o projeto de universidade e toda a repressão que fazem uso para implementá-lo. E é com esse espírito que vamos ao CEEUF (Conselho de Entidades Estudantis da Unesp e da Fatec), levantando uma forte campanha contra a repressão aos estudantes,  trabalhadores e ao povo pobre, entendendo que esse é o caminho para a conquista de demandas maiores, como o fim do vestibular e uma educação de qualidade, gratuita e para todos! 

Fim dos processos contra trabalhadores e estudantes! Pela readmissão do Brandão!
Pela imediata anulação dos processos contra os 73 presos políticos de Rodas!
Pela reincorporação dos seis estudantes expulsos da USP!
Nenhuma repressão aos estudantes da Unesp que não calaram-se diante das atrocidades do governo!

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