quinta-feira, 10 de abril de 2014

Uma USP do avesso é uma USP sem “voto útil”

Por Pardal, estudante da USP e militante da Juventude às Ruas.


Reitor Zago fala na mesa da calourada do DCE
São mais de 500 membros na chapa que diz querer “virar a USP do avesso”. O que nenhum destes membros diz é que os grupos políticos que compõem sua chapa, PSOL e PSTU, estão há quase dez anos  no DCE – com exceção de 2007 – e nada mudou!

Agora, passam nas salas dizendo aos estudantes que, se não votarem neles, “a direita vai ganhar”. Têm a esperança, com este discurso do medo que evita discutir o programa de qualquer uma das outras seis chapas de esquerda, de conseguir enganar os calouros e os que estão no segundo ano; porque qualquer outro estudante da USP que tenha participado de uma eleição de DCE já conhece a farsa de seu “terrorismo do voto útil”. Em 2012, quando disseram que “a direita pode ganhar!!!” esta direita sequer ficou em segundo lugar nas eleições. Por outro lado, quando propomos uma gestão proporcional, eles são contra. Uma gestão proporcional acabaria com seu discurso do voto útil e com seu monopólio sobre uma entidade que deveria ser dos estudantes, e não uma corrente de transmissão das políticas de uma chapa que hegemoniza a gestão. O que eles não querem é que o DCE deixe de ser exclusivamente “seu”, um aparato com o qual podem fazer a política que bem entendam, pelas costas dos estudantes inclusive, já que se recusam a convocar assembleias e quando as convocam frequentemente boicotam suas deliberações.

Dizem querer mudar a USP do avesso, mas quando os estudantes se levantaram aos milhares no ano passado, exigindo democracia na USP e votando em assembleia pela dissolução do Conselho Universitário, o DCE continuou apenas querendo votar pra reitor. Quando mais de 700 estudantes rechaçaram em assembleia a sua proposta de acordo de fim de greve que concordava com a punição dos estudantes, eles simplesmente boicotaram a continuidade da greve com todas as suas forças. Comemoravam como exemplo os cursos que saíram da greve com a conquista de pequenas demandas parciais, que logo no dia seguinte foram retiradas pela reitoria.

Eles querem virar a USP do avesso, dizem, mas em meio às eleições, quando os trabalhadores terceirizados foram protestar em frente à reitoria para receber seu salários atrasados, eles continuaram rotineiramente em frente às urnas, com seus panfletos, sem mencionar aos estudantes a existência de uma greve de trabalhadores precarizados que sequer recebem seu salário de menos de 800 reais.

Como virar a USP do avesso sem questionar sua estrutura de poder? Como virar a USP do avesso sem questionar o trabalho semiescravo que persiste cotidianamente nela? Como virar a USP do avesso sem questionar o seu acesso, quando o vestibular continua mantendo de fora toda a juventude trabalhadora e negra que sustenta esta universidade? Como virar a USP do avesso mantendo a mesma prática política rotineira e adaptada que vêm mantendo há pelo menos dez anos?


Chamamos todos os estudantes a não caírem no engodo do “voto útil”. A eleição para DCE é um momento de expressar um posicionamento político diante da situação desta universidade e seu papel social. É hora de dizer, como dissemos em junho, como disseram os garis, que não vamos mais manter nossas cabeças baixas aceitando mais do mesmo. Precisamos de um DCE novo, que tenha efetivamente vontade de transformar radicalmente a universidade aliando-se aos trabalhadores!

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