quinta-feira, 10 de abril de 2014

Compor e ouvir com os políticos da ditadura e a burocracia sindical

Por Pardal, estudante da USP e militante da Juventude às Ruas


Levante Popular da Juventude, que encabeça a "Compor e Ouvir", recebe prêmio de direitos humanos da Dilma

“Compor e ouvir”: que nome mais belo e democrático! Quem o ouve e vê seus discursos por um “novo movimento estudantil”, um movimento democrático e plural que seja de todos os estudantes, mal pode imaginar que eles são o que há de mais velho, burocrático e afastado dos estudantes nessas eleições. São os que estão do lado da direção da UNE e do governo federal, dizendo que os que estão nas ruas lutando contra a copa e protestando contra seus gastos absurdos, suas remoções, sua repressão, as mortes dos operários nos estádios, estão “fazendo o jogo da direita”.
                Os grupos políticos que estão na Compor e Ouvir são aqueles que ouvem a voz do Palácio do Planalto e compões suas campanhas sujas no meio do movimento estudantil: em defesa dos mensaleiros; em defesa dos programa do governo que privatizam e precarizam a educação, como o PROUNI e o REUNI; são os que estão do lado do governo que manda tropas para o Haiti e massacram seu povo; o governo que reprime as greves das universidades federais e do funcionalismo público; o governo que assassina os povos indígenas e mantém a bancada ruralista como base aliada. O governo que está com os burocratas sindicais que tentam abafar as greves dos garis e de todas as categorias, enquanto coloca a Força Nacional de Segurança para reprimir nos canteiros das obras do PAC, em Belo Monte, em Jirau...
                Eles fazem escrachos e defendem uma comissão da verdade na USP. Mas dizem que é progressista o governo que está no poder junto com os Sarney, os Collor, os Calheiros e todo o entulho da ditadura militar. O governo que foi responsável por tirar a “justiça” que acompanhava o nome da comissão da verdade, defendendo que não se puna os responsáveis por reprimir, matar e torturar durante os anos de chumbo da ditadura.

                Para democratizar a universidade e por um novo movimento estudantil, precisamos ouvir a voz dos trabalhadores e compor a luta dos que estão do lado de fora da universidade, com aqueles que estão cansados da velha política do “toma lá dá cá” dos petistas, peessedebistas e peemedebistas. A Marilena Chauí que os apoia é a mesma que há poucos meses deu uma palestra para policiais, dizendo que os black blocs eram “fascistas”, e preparando a enxurrada de lixo ideológico que o governo despejou junto com a mídia para tentar criminalizar os movimentos sociais. Não nos serve um movimento estudantil assim; mudar a universidade precisa ser com algo que seja novo para além do discurso.

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