
A mudança na LDB a
partir das leis federais 10.639/03 e 11.645/08 prevê a obrigatoriedade do
ensino de História e Cultura Africana e indígena nas escolas e para isso prevê
também que nas faculdades é preciso um ajuste nos currículos para formarem
professores que possam implementar essa lei nas escolas, assim como
especialização para os professores que já estão nas redes.
Depois da pressão de
estudantes da Faculdade de Educação, em maio de 2013 uma resolução da Comissão
de Graduação (CG) previu tal cumprimento para o primeiro semestre de 2014 como
optativa, o que já mostra como os professores responsáveis pela graduação no
centro de formação de todos os professores da USP encaram a questão negra
dentro do processo de formação de professores. Mas os estudantes no final do
ano se depararam com a o fato de tal disciplina não constar nem como optativa
na grade horária do primeiro semestre de 2014.
Na faculdade mais “democrática”
da USP, percebemos o quanto escolher nossos diretores e reitores se torna
insuficiente, se a comunidade FEUSP pode escolher a professora Lisete como
diretora de sua unidade, os alunos e trabalhadores continuam tendo uma ínfima
participação nos colegiados, como é o caso da comissão de graduação. Quando é
preciso discutir como proporcionar aos futuros professores matérias que
discutam sobre a cultura e a história dos negros, a burocracia acadêmica usa de
seu peso nos colegiados para se impor.
Uma mudança como
essa na grade curricular do curso de pedagogia da USP não é qualquer coisa,
pois abre precedente para que possamos disputar os currículos de outros cursos
de nossa universidade, exigindo que todos os discutam sobre a história, arte,
literatura, cultura corporal, música e todo o conhecimento do povo negro, assim
como em outras universidades do Brasil. Por isso deve ser uma luta de todos e
não pode se dar apenar por pressão na burocracia acadêmica por RDs ou abaixo
assinados. Reivindicamos esse ato e queremos construir mais mobilizações como
essas para que possamos arrancar com nossas forças as mudanças que queremos na
educação.
Entretanto, para
impor conquistas reais é preciso lutar contra essa estrutura de poder que
perpetua o racismo na universidade, por isso levantamos o governo tripartite
com maioria estudantil, onde os três setores da universidade possam gerí-la de
acordo com o seu peso real. Que possamos reorganizar nossos currículos de
acordo com as demandas sociais, dos trabalhadores e do povo negro e não do
mercado de trabalho, pois a universidade deve estar a serviço de quem a
financia e mais dela precisa, os trabalhadores.
Neste ato,
trazemos também a memória dos jovens negros que, estando fora da universidade,
sofreram brutalidades por parte da polícia militar, da justiça burguesa e do
trabalho precário e que hoje seguem suas vidas aprisionados pela única
instituição brasileira que prioriza a entrada de negros: o sistema carcerário.
Por isso, estamos aqui também em protesto ao espetáculo racista ocorrido no
Shopping Vitória e exigimos a punição de todos os policiais e civis que
praticaram ou incitaram violência racista.
* PELA IMEDIATA
IMPLEMENTAÇÃO DE DISCIPLINAS SOBRE A CULTURA, HISTÓRIA E REALIDADE DOS NEGROS
NO BRASIL EM CARÁTER OBRIGATÓRIO!
* COTAS
PROPORCIONAIS JÁ! PELO FIM DO VESTIBULAR!
* POR UMA CASA DE
CULTURA NEGRA NA USP!
* PELA NÃO
DERRUBADA DO NÚCLEO DE CONSCIÊNCIA NEGRA!
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