terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Conteúdo de panfleto distribuído pela Juventude Às Ruas nos dias de matrícula dos ingressantes na USP da FFLCH e da FE


Lutar não é crime! 

Por todo o mundo levanta-se a juventude, sensível aos horrores de ditaduras, monarquias obsoletas, governos corruptos, falsas democracias, que atendem aos interesses dos grandes capitalistas e nada reservam a nossa geração. No Brasil ainda prima certa passividade, mas sabemos que não passará ileso ao furacão da crise, iniciada há 5 anos, sem saída aos grandes capitalistas. Trabalhadores e juventude já são obrigados a se colocar contra os ataques do governo e dos patrões, lutando pela garantia de seus direitos e para que não lhes sejam tomados aqueles que conquistaram com muita luta. Assim, a repressão e a criminalização dos movimentos sociais tornam-se necessárias à manutenção da ordem vigente, impedindo o acirramento dos novos processos abertos na dinâmica da luta de classes.
A denúncia do Ministério Público de SP contra os 72 estudantes e trabalhadores que ocuparam o prédio da reitoria em 2011 (durante mobilização contra a presença da PM no campus, prevista por acordo entre a polícia mais assassina do mundo e a reitoria da USP) é o golpe mais duro da mesma mão que há pouco puniu com suspensões de 5 a 15 dias, em base ao Regimento Disciplinar de 1972, de plena ditadura militar, aos que se opuseram radicalmente a um projeto de universidade: racista, elitista, privatista, onde se impõe a força do aparelho repressor do Estado para garantir as amarras do capital privado sobre o conhecimento ali produzido. As denúncias por desacato à ordem judicial, pichação, depredação do patrimônio público e formação de quadrilha (!), que somam pena de até 8 anos de prisão, é o maior ataque ao Movimento Estudantil desde os anos de chumbo. Eliane Passarelli, em acordo com Rodas e Alckmin, lança este junto aos demais golpes da reitoria e do governo do Estado ao movimento, como o do início de 2012, aos oito estudantes eliminados, ou a demissão de Claudionor Brandão, diretor sindical do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), em 2008. Têm por objetivo amedrontar e impedir de ir à luta o conjunto dos estudantes e funcionários.
Foi-nos colocado um imperativo à luta. Some-se à Juventude às Ruas! pela revogação imediata de todas as suspensões e punições contra esses estudantes e trabalhadores! Pela reintegração de Brandão e dos 8 estudantes eliminados! Pela retirada da denúncia do MP e arquivamento de todos os processos contra lutadores! Não devemos aceitar a repressão que busca coibir a organização e manifestação política! Basta de política "do medo" e repressão, herdeiras da ditadura!



Universidade para quem?

Uma nova etapa se inicia para aqueles que acabaram de entrar na USP e muitas são as expectativas para este ano. Mas a USP vista por quem está de fora dela não é a mesma para quem convive diariamente com suas contradições, algumas já explicitadas no dia da matrícula.
Depois do vestibular, os trotes realizados contra os alunos que nela ingressam (chamados “bixos” não à toa, mas porque deveriam ser adestrados por seus veteranos!) historicamente reproduzem práticas machistas, homofóbicas, racistas e preconceituosas, colocando muitos em situação constrangedora, numa suposta comemoração que passa por fora de pensar aqueles milhares que não ingressaram na universidade ou o porquê disso. É necessário que nos coloquemos desde o início contra a opressão! Aos que passam a estudar na USP, que se diz de “excelência”, ainda é presente resquícios do trauma do vestibular, realidade em apenas 3 países da América Latina, filtro social que seleciona aqueles mais “aptos”, dentro da lógica de uma universidade elitista e racista: alunos brancos, em sua maioria egressos de escolas particulares ou cursinhos privados. Assim, dentre os quase 160 mil inscritos na FUVEST, apenas pouco mais de 10 mil, míseros 6%, acabam entrando na USP, e deles apenas pouco mais de 20% são originários de escolas públicas.
Para conservar tal situação, reitoria e governo mantêm mecanismos que barrem uma transformação radical da universidade: sua estrutura de poder totalmente antidemocrática, na qual o reitor, João Grandino Rodas, reina juntamente com os membros do CO (Conselho Universitário), com a força do aparato da PM, pautados no regimento de 1972, etc.
Nós, da Juventude ás Ruas!, lutamos por uma universidade verdadeiramente pública, gratuita e de qualidade para todos. Queremos ir além da miséria do possível, seguindo os exemplos da juventude egípcia, espanhola, chilena, somando-nos à juventude sem medo! Lutamos pelo fim do filtro social do vestibular; pela dissolução do reitorado e do CO – agentes da repressão aos que lutam contra o projeto colocado para a universidade e sua subordinação aos interesses do capital privado – por um governo das três categorias, estudantes, funcionários e professores, decidindo os rumos da universidade de excelência que constroem cotidianamente.

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