quinta-feira, 22 de março de 2012

NOTA DA JUVENTUDE ÀS RUAS - Sobre a posição da ANEL nas eleições para o DCE-Livre da USP


Ocorrerão entre os dias 27 e 29 de março as eleições para o DCE-Livre Alexandre Vanucchi Leme, da USP. As eleições ocorrem em meio a um processo de mobilização aberto em 27 de outubro do ano passado, com a primeira de duas ocupações, e que teve seu auge com uma grande greve, contra a PM na universidade, processos a estudantes e trabalhadores, a 'eliminação' política de oito estudantes, a prisão política de mais de 80 estudantes nas desocupações da reitoria e da 'moradia retomada', contra o reitor Rodas e por uma estatuinte livre e soberana. Esse processo continua aberto hoje, quando está colocada a tarefa de não somente retomar, mas aprofundar muito a mobilização e a greve do ano passado, para derrotar Rodas e sua política de repressão apoiada na estrutura de poder herdada da ditadura. Por isso, essas eleições ganham grande importância, como oportunidade para uma grande campanha militante contra a reitoria e para fortalecer a mobilização.

Nesse marco, não é a tôa, e sim em decorrência do processo concreto de luta, que a ANEL está dividida em duas chapas. Nós, da Juventude Às Ruas, que construímos o bloco ANEL Às Ruas, nos orgulhamos de, no dia 27 de Outubro, ter estado na linha de frente de um enfrentamento contra a polícia, junto a centenas de estudantes, e desde esse dia atuado para impulsionar a luta, defendendo as duas ocupações e a deflagração da greve, a constituição do Comando de Greve por delegados eleitos nos cursos, que representou um avanço histórico; defendendo uma estratégia de massificação do movimento, de aliança com os trabalhadores, o povo pobre - como os moradores da São Remo, atacados por Rodas - e os professores que apoiam o movimento e também estão sendo atacados; defendendo um programa para que o conflito avançasse para o questionamento do próprio caráter da universidade, ligada aos interesses dos grandes monopólios privados, não da juventude que está fora dela e dos trabalhadores, expresso pelo vestibular, pela falta de permanência estudantil, pela precarização do ensino e do trabalho, pelo controle das empresas sobre a pesquisa, pela estrutura de poder autoritária. Essa é a luta e o programa defendidos pela chapa "27 de Outubro - Unidade na luta contra a PM e os processos", que compomos juntos a outros setores de estudantes independentes e organizados que estiveram, também, na linha de frente desa luta.
Já a ala majoritária da direção nacional da ANEL, que nesse processo foi contra ambas as ocupações e a deflagração da greve, e interviu defendendo um programa por mais segurança e guarda na universidade, se adaptando ao discurso da segurança, ironicamente compõe a chapa "Não Vou me Adaptar". Tambem fazem parte dessa chapa os setores da Oposição de Esquerda da UNE que estavam na gestão do DCE no ano passado, e ficaram conhecidos naquele dia 27 de Outubro pelo "cordão humano" que fizeram para impedir que centenas de estudantes avançassem sobre a polícia, e por, posteriormente, terem sido amplamente citados pela grande imprensa quando declararam em nota oficial que a ocupação era um movimento "minoritário" e "antidemocrático", reproduzindo o discurso da direita, dividindo o movimento, e colaborando para a preparação política, na opinião pública, da ação militar que fez 73 presos políticos.

Frente a isso, tomamos conhecimento de pedido à ANEL, por parte de executivos da ala majoritária, de apoio à chapa "Não vou me adaptar", e de ofício à Conlutas solicitando apoio à "chapa da ANEL"! Seus argumentos centrais são que trata-se de uma chapa que "privilegia a unidade", que em seu programa "defende a universidade pública", e que seria "a favorita para vencer a direita" nas eleições, organizada pelo PP e PSDB na chapa "Reação". Nos parece absurdo que queiram que nossa entidade nacional apoie uma das chapas sem que ela tenha nenhum espaço para debater as diferenças entre ambas; tratam como se houvesse uma única "chapa da ANEL", ou seja, como se nós, que construímos a ANEL como ala minoritária, não fizéssemos parte da entidade. É uma concepção aparatística, em que a política da entidade está desvinculada do debate. Além disso, reivindicam "privilegiar a unidade"; mas com quem? Não com aqueles que, na luta, estiveram em unidade contra a reitoria e a repressão; não com aqueles que, em seu programa, levam adiante as bandeiras da luta e também da ANEL, e constróem essa ferramenta de reorganização do movimento estudantil nacional; e sim, como já se torna um hábito, com a esquerda da UNE, que esteve, como demonstramos, contra os estudantes radicalizados em momentos decisivos. Por fim, argumentam, com centralidade, que trata-se da chapa "favorita para vencer a direita" nas eleições; adotam, assim, o discurso do voto útil. Farão o mesmo em outubro, nas eleições municipais?! É um argumento absurdo: a direita só pode ser derrotada pelo fortalecimento da mobilização; a direita só pode ser derrotada por um programa para o movimento estudantil que aponte para a transformação radical da universidade, em aliança com os trabalhadores; o combate contra a direita não é decidido pelo resultado das urnas, mas pelas posições defendidas, nas eleições e na luta!

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