terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Construir uma juventude que esteja à altura dos desafios da luta de classes!


2011 foi o ano em que ficou evidente para todxs que o motor da históriahavia de fato crescido a marcha. Já em 2008, as correlações históricas voltarama fazer parte do cotidiano das pessoas, xs analistas diziam que a crise que seestourava com a quebra do Lehman Brothers só era comparada com o crack da Bolsade NY de 1929, e hoje vemos seu caráter estrutural, com o epicentro na Europa,se demonstrando nas tentativas em vão de contenção dos governos e nos ataquesàs condições de vida da classe trabalhadora, como nos anos 30. No final do anopassado, Eric Hobsbawn, importante historiador do séc. XX, comparou osprocessos revolucionários do Oriente Médio e Norte da África com a “Primaverados Povos” de 1848 da Europa – analogia que já se mostrava presente desde queesses processos foram batizados de “Primavera Árabe”.

            Cada vez mais a crisemundial vai dando mostras para a juventude de que esse sistema baseado naexploração e opressão de milhões de jovens em todo o mundo não consegue nosgarantir a menor perspectiva de futuro; o mito lulista-dilmista do “Brasil-potência”com uma melhora gradual nas condições de vida da população já mostram os diascontados. E, quanto mais se encerra a contagem, mais as contradiçõesestruturais, no âmbito econômico e das questões democráticas, da formaçãoatrasada do capitalismo brasileiro vão se pondo a mostra.

            Ao mesmo tempo o levanteda juventude grega, espanhola, italiana e norte-americana, só pra citar algunsexemplos, contra os planos de austeridades (políticas públicas para garantir,mesmo com a crise, os lucros dos banqueiros e empresários por meio do aumentode impostos, aumento do tempo para se aposentar, arrocho salarial, desemprego ecortes de gastos sociais), a luta dos estudantes chilenos pela educação públicae gratuita para todos e a “Primavera Árabe” anunciam mobilizações de massa quenossa geração nunca tinha visto e preenchem nossos corações e mentes com aidéia de Revolução (sendo o Egito o processo mais concreto), colocando um pontofinal na tese burguesa do “fim da história e da classe operária”, fazendomuitos professores, doutores se remoerem ao ver a história transformando suas‘inabaláveis’ teorias em velharias do passado!

            É diante desse cenárioque nos propusemos ao desafio de construir no Brasil uma juventuderevolucionária que partilhe da concepção de que os estudantes cumprem um papeldeterminante na luta de classes quando se ligam a setores amplos da juventude,especialmente dos trabalhadores. Somos jovens que aplicam a análise social e ametodologia marxista na compreensão e ação frente aos fenômenos sociais e que,desde as escolas e universidades queremos estabelecer pólos de produção doconhecimento a serviço da luta dos trabalhadores, nos enfrentando quandonecessário com a ideologia reacionária por parte de professores que só queremensinar a reprodução da ideologia burguesa de exploração e miséria. Somos parteativa nas greves e manifestações e linha de frente nos combates, conscientes deque nossos anseios, sonhos, desejos e reivindicações são muito mais fortes sesomados com os da classe operária.
          
 Foi em vista dessas tarefas queprojetamos há um ano essa juventude que seja capaz de transformar cada lutasocial em uma batalha contra o capitalismo e sua perpetuação. Somos parte dessajuventude que se espalha no Estado de São Paulo, e vem participando ativamenteda luta na USP contra a presença da polícia militar, no Rio de Janeiro e emMinas Gerais, onde fomos linha de frente com os professores, ecetistas ebancários nas duras greves desse ano, mantendo relação com juventudesorganizadas na Argentina e no Chile (desde onde, Bárbara Britto, da ACR –Agrupação Combativa e Revolucionária – veio participar de nossa plenária paracontar a experiência do processo chileno e da participação da juventude noChile), e queremos aqui em Franca construir uma forte juventude que tenha essecaráter, cumpra esse papel apaixonante de fazer a diferença na luta de classese que se prepare para as novas crises, guerras e revoluções que o movimento dasrodas da história volta a fazer surgir no curto horizonte!

          Chamamos a todxs aconhecer e construir a juventude às ruas: juventudeasruas.blogspot.com e leiana íntegra o nosso manifesto!
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O Pinheirinho é do povo!

No último dia 22 de Janeiro, a ocupação de Pinheirinho de São José dosCampos, onde moram mais de 6000 trabalhadores e trabalhadoras desde 2004, foibrutalmente invadida e reprimida por 1800 policiais militares, bombeiros, daTropa de Choque e da Rota para realizar a reintegração de posse da região. Todaa repressão a esses moradores está a serviço de defender os interesses daespeculação imobiliária e do “senhor” Naji Nahas, um especulador da bolsa devalores, condenado em 1989 a 24 anos de prisão por corrupção e lavagem dedinheiro. São responsáveis por esta brutalidade e por suas consequências ogovernador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin e o Prefeito de São José dosCampos Eduardo Cury, ambos do PSDB, assim como o Tribunal de Justiça de SãoPaulo, que legitimou a operação. Eles estão a serviço da burguesia, dos ricos,dos donos de empresas e especuladores e demonstram nesta ação, onde se armou umcenário de guerra, que estão dispostos a matar os moradores, homens, mulheres,crianças, para seguir com sua política à serviço da classe dominante.

Há 8 anos a área do Pinheirinho é habitada e construída por seus moradores.São trabalhadores, jovens, estudantes, crianças, desempregados, aposentados quesão vítimas da especulação imobiliária, vítimas dos governos municipal eestadual, vítimas da polícia, vítimas do salário mínimo de miséria, dosempregos precários, da pobreza. Isso tudo tem nome, e se chama capitalismo.

O governo federal do PT, e seus aliados, também não ficam para trás quandoo assunto é repressão aos pobres e trabalhadores para garantir os lucros dasgrandes empresas construtoras. Vemos isso nas ações levadas a cabo pelo governode Eduardo Paes (PMDB) na reintegração de inúmeras ocupações de moradias nocentro do Rio de Janeiro. É também parte dessa política as Unidades de PolíciaPacificadora (UPP’s) de Sérgio Cabral (PMDB) e do governo federal (PT) que,pela via de inúmeros abusos policiais, pela invasão de casas e violência contraos moradores, garantiram a presença ostensiva da polícia militar nos morros efavelas em favor dos interesses das grandes empreiteiras das obras do PAC, dasOlimpíadas e da Copa do Mundo.

Nesse sentido, defendemos a punição aos responsáveis pelo massacre ao povodo Pinheirinho e a desapropriação imediata do terreno, sem nenhuma indenizaçãoa este especulador e sua corja, e que se organize um plano de Obras Públicasque garanta emprego e moradia e seja organizado pelas entidades e organizaçõesdos trabalhadores e moradores!

Assim como a resistência e ousadia dos trabalhadores garantiu os 8 anos deexistência do Pinheirinho, a resistência e continuidade da Luta por moradia evida deve ser tarefa das mãos destes lutadores. É necessário que a juventudecoloque todas as suas forças em apoio e solidariedade ativa nesta luta, somandoforças em defesa da ocupação do Pinheirinho, pelo direito à moradia  e pelo direito de lutar. Em Franca, nós, dajuventude às ruas, junto de estudantes e de jovens trabalhadores francanos,apoiamos ativamente o povo trabalhador do pinheirinho, inclusive realizando umimportante ato no centro da cidade contra a repressão à ocupação.

*Punição aos responsáveis pela repressão!
* Desapropriação sem indenização da área do pinheirinho!
* Por um plano de obras publicas e moradia digna para todos!

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Na cracolândia e na USP: aos indesejáveis um só método: O porrete!

Após todo processo de luta desencadeado na Universidade de São Paulodurante o fim do ano, cujo estopim foi a tentativa de prisão de 3 estudantes nodia 27 de outubro, seguida de diversos exemplos do papel repressivo da PM nocampus, como a invasão por 400 policiais que coroaram o projeto da reitoria deavançar na militarização da USP, a PM mostra, mais uma vez, aos que duvidaram,a que existe.

No dia 9 de janeiro, Nicolas, jovem negro, estudante de Ciências danatureza da USP foi agredido aos tapas e ameaçado com uma pistola por um destessupostos “policiais preparados” para lidar com um ambiente “comunitário”.

Toda a ação foi filmada e, como era de se esperar, tanto a reação dopolicial - que aos berros dizia que era “Polícia” e não tinha feito nada deerrado nem temia a corregedoria - quanto a posterior abordagem da mídia, emcaracterizar Nicolas como um “suposto” estudante, já eram esperados por aquelesque se enfrentaram com exemplos, truculência e repressão deste tipo por mais de3 meses.

A agressão a Nicolas seguiu um procedimento da PM, que não é exceção nasdivisões de elite dos 400 que invadiram a USP ou dos 100 que entraram naCracolândia, nem nos tão “preparados policiais comunitários”.

A Polícia é uma instituição reacionária, autoritária e violenta, filhadireta da Ditadura Militar. Nas estrelas presentes em seu brasão de armas demais de 181 anos, comemoram a repressão a Canudos - levante Popular organizadoem contraposição à ordem vigente -, às greves operárias de 1917 e comemoram atémesmo o Golpe militar de 1964!

Isto porque seu caráter, a despeito do que dizem os defensores destainstituição essencial para a manutenção da democracia dos ricos, é o caráter deum organismo a serviço de uma classe: a dos patrões. Isso implica que seu principalobjetivo é garantir os interesses e lucros das empresas, a higienização contraos pobres e a efetivação da privatização das universidades.

Não é preciso procurar demais. Basta observar o papel que cumprem nasperiferias de todas as cidades, nos morros cariocas, nos conflitos no campo,nas greves de trabalhadores em que dissolvem piquetes - o que já ocorreu naUSP, durante a greve dos operários Jirau, com professores, etc-, e, nãosurpreendentemente, nas Universidades e Cracolândias por todo o país.

A Reitoria da USP, com seus quadros e monumentos em homenagem à ditaduramilitar visa impor um choque de ordem aos “elementos indesejáveis” na USP, talcomo o Governo do estado impõe sua ordem aos “indesejáveis” da Cracolândia!Demissões, agressões, ameaças com armas de fogo, PM's atacando piquetes degreve de trabalhadores, amordaçando estudantes, etc, são imagens quecaracterizam a USP no último período, sendo os últimos meses exemplos cabaisdisto.

Já está mais do que claro que a presença policial no campus da USP etambém, paulatinamente nos câmpus da UNESP, tem um sentido político erepressivo. É uma encomenda especial do Governo do estado, aplicada pelocarrasco Reitor Rodas, para calar os setores que questionam um projeto deUniversidade racista, elitista - que exclui a maioria da população com seuvestibular, em especial os negros da periferia -, e voltado aos interesses dasgrandes empresas.

Historicamente, um setor de resistência tem se organizado e combatido esteprojeto, no sentido de buscar abrir o debate acerca de que Universidadeprecisamos e a serviço de quem. São calados às balas, bombas e prisões, talcomo os capatazes escravagistas tratavam suas propriedades fugitivas.

Paralelamente a isto, Alckmin e o oficialato da PM prepararam um plano dehigienização social maquiado como “revitalização” da região conhecida comoCracolândia, cujos objetivos obscuros podem muito bem estar a serviço de uma“limpeza social” pré-olímpiadas às custas da opressão e repressão de todos osmoradores da região, vítimas desta miséria de vida que nos impõe o capitalismo.

É necessário avançar na luta por uma Estatuinte que varra das UniversidadesEstaduais Paulistas estes dejetos ditatoriais, debata e decida sobre osobjetivos, problemas e diretrizes da USP, UNESP e Unicamp e que precisa estar aserviço dos trabalhadores: a maioria da população.

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Uma juventude em defesa da Liberdade Sexual

e peladerrocada da moral podre imposta pelo 


capitalismo!

Além das bases econômicas e políticas, é indispensável para o capitalismoque ele tenha bases ideológicas sólidas, para que a sociedade impregne-se ereproduza os preconceitos e a moral cristã conservadora, utilizados parasustentar a exploração e opressão à classe trabalhadora e aos setoresoprimidos. "A ideologia dominante de uma época, é a ideologia da classedominante". O padrão burguês de família-branca heterossexual e religiosa –dá ao capitalismo toda a base moral e ideológica para manter-se edesenvolver-se.

Segundo Reich – importante psicanalista do séc. XX –, a instituiçãofamiliar é um laboratório de oprimidos. A família atua no papel de reguladorada sexualidade, reprodutora do conservadorismo e vigilante da moral. Secompararmos com os jovens da década de 60 – que pregaram a liberação sexual, ouso de anticoncepcionais para as relações sexuais serem prazerosas e nãosomente com fins de reprodução – a juventude em que vivemos dissemina valoresmuito mais atrasados, como a fidelidade monogâmica e a instituição docasamento, que é a primeira instância de reprodução ideológica dos valores, damoral e da tradição dominante e opressora. O desenvolvimento do sistemacapitalista está diretamente ligado com a reprodução dos valores da burguesia eda igreja. Segundo o IBGE cresce o número de casamentos e de casais que sedivorciam e voltam a se casar em seguida. Isso demostra o quanto a conservaçãoda sociedade está ligada com o avanço dos valores do casamento, da família e dapropriedade privada.

Nessa lógica, e dentro de um contexto nacional mais reacionário, vimos oveto do Kit anti-homofobia pelo governo Dilma, do PT, que mesmo dentro dos seuslimites reformistas, daria aos jovens o direito de refletir sobre o exercíciolivre da sua sexualidade e possibilitaria o desenvolvimento de uma educaçãosexual laica.

Nesse sentido, os homossexuais sofrem para assumir sua sexualidade: dentrode suas casas onde o paternalismo familiar oprime o gay por não seguir a lógicamoralista cristã e heteronormativa e levar adiante a tradição familiar; na rua,os ataques homofóbicos são constantes: dados do Grupo-Gay da Bahia mostram queé cometido um crime de ódio anti-homossexual a cada três dias; ao mesmo tempo,deputados como Jair Bolsonaro e a bancada evangélica expressam seu ódio eincitam a violência contra os homossexuais em programas da mídia burguesa quereproduzem o preconceito, e muitos outros exemplos. Tal ambiente possibilita avazão cada vez maior para manifestações de grupos fascistas e nazistas, que sóna Av. Paulista em São Paulo, são responsáveis por uma série de assassinatos eagressões que passam impunes pelo Estado.

Essa opressão tem consequências tanto objetivas quanto subjetivas, nosentido de que impede o desenvolvimento do gay como sujeito dentro de uma sociedadeque não o tolera. A segmentação de setores por parte da ideologia burguesacumpre um papel central e valioso para os capitalistas: ao transmitir para aclasse trabalhadora o lixo ideológico burguês de enxergar o negro, o gay, onordestino e o, em geral, "diferente", como algo repulsivo e queprecisa ser separado, facilita a divisão das fileiras da classe trabalhadora,facilitando o seu ataque pelos chacais insaciáveis do moralismo e do lucro. Damesma forma, cumpre um papel de retirar da consciência dos trabalhadores etrabalhadoras homossexuais, negros, travestis, a confiança em suas própriasforças, não enquanto indivíduos, mas enquanto classe. Retira-lhes o que é maisfundamental: Se enxergarem enquanto sujeitos da transformação social, ao invésde objetos da exploração, domesticando-os e dividindo as fileiras da classe.

A juventude deve se ligar à classe trabalhadora e ofensivamente se levantarcontra todas as formas de opressões a mulher, a população negra e a comunidadeLGBT, aos setores mais oprimidos e explorados. Deve se lançar na missão datransformação ideológica da sociedade, e tomar como tarefa a luta pelo fim daditadura da moral cristã burguesa, transcender as barreiras ideológicasdominantes, indo às ruas para arrancar com as próprias mãos o fim da exploraçãoe opressão em prol dos lucros da elite dominante.

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