“We are the Stonewall Girls. “Nós somos as meninas de Stonewall.
We wear our hair in
curls Nós usamos nosso cabelo em cachos.
We wear no
underwear Nós não usamos nenhuma roupa íntima
We show our pubic
hair Nós mostramos nosso pelos pubianos
We wear our
dungarees
Nós usamos nossos macacões
Above our nelly
knees!” Acima dos nossos joelhos nus!”
Esse foi o
grito que ecoou quando drag queens, transgêneros, lésbicas e gays se levantaram
contra a polícia, que xs agredia diariamente; contra o limite, a repressão a
opressão de gênero, contra a sociedade patriarcal e heteronormativa, na revolta
de Stonewall, em 1979.
A festa do
babado? Uma forma de resistência, de uma luta pela libertação, uma noite na
qual as sexualidades e os gêneros dançam, cantam, se beijam. Mas o que
vivenciamos foi o ataque de grupos homofóbicos organizados, um ataque ao setor
LGTTBI e ao movimento estudantil, que culminou no fim da festa e várias pessoas
agredidas física e moralmente. A presença de grupos como esse não é por acaso
em um sistema no qual Feliciano, declaradamente racista, machista e homofóbico,
assume a Secretaria de Direitos Humanos e Minorias, onde Dilma na presidência
usa a legalização do aborto como moeda de troca e condena a morte milhares de
mulheres, onde na Grécia o Aurora Dourada, partido neo-nazista e terceira força
política, direcionado aos homossexuais se pronuncia “depois dos imigrantes,
vocês são os próximos”, onde na França 800 mil pessoas vão as ruas contra o
casamento igualitário, onde a vida das mulheres e dos LGTTBI é precarizada pela
terceirização do trabalho e onde a polícia, braço armado do estado burguês,
assassina a população negra e as travestis.
A ação
destes grupos homofóbicos, cada ato de violência aos indivíduos que estavam
naquela festa, é mais do que uma violência individual, é um ataque a todas as
lésbicas, gays, transexuais e travestis, é um ataque a todo jovem que quer
expressar sua sexualidade livremente. Mais que isso, é um ataque a todo o
movimento LGTTBI de conjunto e seus distintos grupos políticos, e assim, um
ataque também ao movimento estudantil, em particular do IFCH.
Não podemos
permitir que nenhum jovem seja agredido por querer expressar sua sexualidade
livremente. Só podemos barrar esses ataques a partir de nossa auto-organização.
Não podemos confiar na REItoria, já que ela se cala frente ao acontecido, e
torce para que fiquemos acuados e não realizemos mais festas dentro do campus,
uma vez que essas vão contra o projeto de universidade elitista, racista,
machista e homofóbica defendida por eles. A mesma reitoria que se cala
frente aos casos de machismo e a violência homofóbica, mantém e colabora com
isso na medida em que fomenta a terceirização, que é uma forma de trabalho
majoritariamente feminino que superexplora e violenta; na medida em que permite
que setores como o “Pró –Vida” façam uma campanha reacionária chamando de
assassinas e nazistas todas aquelas que lutam pela liberdade sexual das
mulheres, pela legalização do aborto e contra a morte de milhares por ano por
fazê-lo clandestinamente. Reitoria que se cala frente à opressão é a mesma que
esta punindo estudantes por se manifestarem contra ela. E que terá um de seus
quatro agentes-candidatos eleitos este mês para continuar o trabalho sujo do
governo e da patronal homofóbica dentro da Unicamp.
Essas
festas são o único momento no qual a universidade se abre, se abre para os 96%
da juventude que está fora dela, cujo direito a uma educação pública e de
qualidade é retirada pelo filtro social que é o vestibular, oferecendo
minimamente cultura, arte e lazer em um espaço público. Uma vez que os governos
tem uma política consciente de acabar com os espaços de socialização da
juventude para que esta fique restrita ao trabalho, sem desenvolver suas
capacidades culturais.
Nesse
sentido, total confiança nas nossas próprias forças, o movimento estudantil
independente precisa se organizar para lutar contra a opressão com uma política
de abrir a universidade para a população, pelo fim do vestibular, que nos
unindo com os jovens e trabalhadores que estão de fora, para impedirmos mais
agressões, impedirmos que esses grupos homofóbicos tenham a liberdade de acabar
com as festas, de proliferar a poeira de sua ideologia machista e homofóbica.
Sem nenhum ceticismo nas nossas próprias forças auto-organizadas. É necessário
levantarmos esse debate de maneira ofensiva nos espaços do movimento estudantil
para que mais estudantes se somem as nossas vozes criando assim uma politização
que contribua para não permitirmos qualquer manifestação opressiva.
Nós
estávamos na festa e fizemos parte de um grupo tirado para a autodefesa, mas é
preciso que muito mais pessoas se incluam, que as organizações de esquerda se
prontifiquem para impedir esses agressores, chamamos a todos nessa luta. Com a
autodefesa, não haverá nenhum agredido mais! Retomemos o exemplo
de Stonewall, se levantando contra a violência com a moral do oprimido
subverto que nunca mais vai aceitar que alguém o cale, o agrida e o oprima!
1 comentários:
O levante de Stonewall foi em 1969 e não 1979, como traz o texto.
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