por Denis Kawano
Na última
quinta-feira, dia 26, como parte das atividades do Dia Nacional de Luta pela
Educação, cerca de 200 estudantes da USP realizaram ato em frente ao Bandejão
Central exigindo mais recursos para a permanência estudantil, a reabertura
imediata de um dos restaurantes universitários (que foi fechado no início do
ano, o que tem provocado filas ainda maiores), e reabertura das vagas cortadas
nas creches. O protesto denunciou o desmonte da universidade que vem sendo
realizado pelo reitor Marco Antônio Zago e pelo diretor da SAS
(Superintendência de Assistência Social), Waldyr Jorge, que chegam ao absurdo
de fechar leitos e ambulatórios de especialidades no Hospital
Universitário.
O Plano de Incentivo
à Demissão Voluntária (PIDV), implementado pela reitoria no início deste ano,
diminuiu o número de trabalhadores em todas as unidades da USP,sendo que alguns
dos lugares mais afetados foram os bandejões. Antes do PIDV, os funcionários
dos restaurantes já estavam sobrecarregados, tendo que realizar tarefas muito
além do que é humanamente possível (cerca de 70% dos trabalhadores possuem
algum tipo de lesão por esforço repetitivo). Agora, com menos efetivo, o
trabalho nos restaurantes foi ainda mais precarizado, e a pressão e assédio das
chefias só aumentam.
Diante desse quadro
de dificuldades para os trabalhadores, o ato dos estudantes adentrou o bandejão
e se solidarizou com essa luta. Por meio de jograis, dialogamos com os que
estavam ali almoçando, lembrando os cortes na educação realizados pelo governo
federal e a situação da USP. Sob gritos de "Trabalhador, pode lutar! O
estudante tá aqui pra te apoiar!", um grande exemplo de união foi
dado: diversos estudantes ocuparam as bancadas, a cozinha, as pias, e passaram
a realizar as tarefas dos trabalhadores! Estudantes serviram uns aos outros,
lavaram as bandejas e os talheres, retiraram o lixo, limparam as mesas. O olhar
de surpresa dos outros estudantes ao verem seus colegas servindo a comida, por
vezes se transformou em ajuda concreta; muitos que não estavam no início do ato
procuravam uma vassoura, um pano ou outra forma para colaborar. Os
trabalhadores assistiam e orientavam o que devíamos fazer, enquanto as
nutricionistas e outras chefias acompanhavam atônitas que os estudantes
apoiavam quem elas cotidianamente assediam. A alegria de realizar essa
demonstração de apoio aos funcionários contrastava com a triste constatação de
como a situação é insalubre, de como a precarização da universidade afeta
física e emocionalmente os que para ela entregam seu suor.
Os trabalhadores
aplaudiram e se emocionaram com a iniciativa. Um exemplo de solidariedade
diante dos ataques da reitoria, indicando que somente uma aliança entre
estudantes e trabalhadores poderá construir uma mobilização forte, que arranque
a contratação de mais funcionários, a reabertura do bandejão da prefeitura do
campus, a reabertura de vagas nas creches e de leitos no Hospital
Universitário. A ação do movimento estudantil escancarou a gritante falta de
funcionários e deu um recado para a burocracia da universidade: trabalhadores e
estudantes estão unidos contra a precarização!