quarta-feira, 11 de março de 2015

Quarto de despejo: um relato atual.



O grupo de estudos Cultura e Marxismo realizou no dia 24/02 uma atividade de calourada sobre literatura e sociedade tendo como viés a questão da mulher. Foi usado o livro Quarto de Despejo, da autora Carolina Maria de Jesus. Usamos alguns dos dias do diário de Carolina para apresentar o livro aos estudantes e problematizar as questões políticas que ele abarca.

A primeira problemática a ser debatida se deve ao fato de ser um livro de extrema importância por denunciar as contradições da sociedade da época como também por expor aspectos fundamentais da cultura e organização social brasileira que vêm sendo reproduzidas até os dias de hoje e não estar presente na academia. Como é selecionado o cânone que lemos na universidade e porque foram questões abordadas.

É evidente o caráter de classe ali exposto.  A autora relata seu cotidiano como moradora negra da favela do Canindé e dá início a um debate de qualidade sobre aspectos cruciais da vida em comunidade. O fato de ser mulher, mãe de dois filhos – sendo eles de gêneros diferentes – abriu a oportunidade de pensarmos a vida de uma catadora de lixo na sociedade capitalista e como a marginalização, já tão naturalizada, tem consequências materiais e subjetivas. Seus relatos denunciam as opressões, como o racismo, apontando seus desdobramentos e consequências desde a escravidão.

Foi possível discutir a sociedade de classes, a questão negra, o patriarcado e o machismo escancarado em algumas relações marcadas pela violência doméstica. Traçar paralelos entre o passado e o presente do Brasil dado a infeliz continuidade desta realidade que assola a população. Concluímos não só as questões políticas e sociais passíveis de análise pela incrível obra de Carolina Maria de Jesus como a necessidade de intervir para modificar e erradicar questões como a fome, tão tratadas na obra, comuns a milhares de famílias como a da autora. 


Nossa proposta com o grupo de estudos é discutir a sociedade em que vivemos e o que faz com que alguns dos aspectos mais delicados e fundamentais para sua constituição sejam negligenciados nas recorrentes discussões teóricas em sala de aula e quais suas consequências na formação política dos alunos. Chamamos, portanto, todos e todas para as discussões semanais. Política pode e deve ser feita dentro e fora da sala de aula. 

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